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Contos do Loop da Amazon – Dicas de Streaming

Em 12 de Jun de 2020 3 minutos de leitura
Contos do Loop da Amazon Wall

Contos do Loop da Amazon (Tales from the Loop, 2020) é uma série de ficção científica baseada em um livro. Parece comum dizer isso, mas a grande questão aqui é que o livro de Simon Stålenhag é um livro de pinturas.

Artista plástico, Stålenhag estabeleceu em sua obra uma série de imagens provocativas e perturbadoras de uma realidade muito parecida com a nossa, mas onde a tecnologia avançou de uma forma talvez mais acelerada e no sentido das inteligências artificias.

A série se inspira nessas telas e também em outros seriados que estão em alta nos últimos tempos como a série alemã de viagem no tempo Dark (2017-2020), com uma pitada de Doctor Who (2005-atual), Black Mirror (2011-atual) atualmente pertencente à concorrente Netflix e sua original Stranger Things (2016-atual).

No entanto, a narrativa de Contos do Loop da Amazon, embora mantenha um pouco a estrutura episódica de Black Mirror e brinque com viagem no tempo da mesma maneira soturna que Dark e tenha um clima que lembre os episódios mais pungentes de Doctor Who e a estética retrô de Stranger Things, tem ainda algo mais que a deixa diferente de tudo isso.

Não estou dizendo necessariamente que isso faz de Contos do Loop da Amazon algo melhor que as outras séries citadas… mas a deixa diferente. E é importante saber disso antes de começar a ver essa série, pra não se decepcionar com ela.

Embora o poster, trailer e até o letreiro de título de Contos do Loop da Amazon passem a ideia de um Black Mirror, o espectador que ficar esperando o “grande soco no estômago” vai provavelmente se decepcionar e achar a maioria dos episódios até aqui meio “água com açúcar”… mas existe um motivo e vamos explicar a seguir!

 

O verdadeiro elemento de Contos do Loop da Amazon

 

Com figuras conhecidas do público como Jonathan Pryce (Dois Papas, Game of Thrones) e Rebecca Hall (a Maya Hansen de Homem de Ferro 3), e nomes nos bastidores como Matt Reeves, Mark Romanek (ambos produtores da série) e Jodie Foster (que dirige o final de temporada), o Amazon Studios certamente não investiu pouco nesta série.

E nada mais seguro do que tentar pisar o caminho de grandes sucessos do streaming, certo?

Na verdade, não. A grande força de Contos do Loop da Amazon está no oposto do que trouxe o sucesso das outras séries citadas: na contemplação e reflexão muito mais que na ação, no mistério em si e na “explosão de cabeças” ou “queixos caídos”.

Foi quando percebi isso que a série passou a realmente me agradar. Nesse momento me veio à recordação Sonhos (Yume, 1990) de Akira Kurosawa e tudo, inclusive a fantástica obra original de Simon Stålenhag, fez muito mais sentido.

 

Uma das obras de Simon Stålenhag no livro de artes plásticas Tales from the Loop

A série apresenta em cada episódio uma história praticamente fechada em si, focada em um personagem. Ao longo da temporada, vamos conhecendo todos os personagens da cidadezinha de Mercer, Ohio nos Estados Unidos e a conexão que existe entre eles e o Loop.

O Loop é uma instalação localizada nos subterrâneos de Mercer – uma espécie de Área 51 – onde nada é exatamente revelado e tudo é possível.

Logo no primeiro episódio já percebemos que estamos vendo uma versão alternativa de nossa realidade, com a presença de robôs e artefatos que produzem efeitos desconhecidos o tempo todo.

Mas, novamente, pra quem espera gadgets e bugigangas e feitos heróicos – que estão lá em certa medida – cuidado pra não criar muita expectativa! A reflexão psicológica é muito mais importante – assim como no clássico de Kurosawa – do que a ficção científica em si mesma.

O primeiro episódio é um dos melhores exemplos: uma garotinha chamada Loretta, cuja mãe é cientista do Loop, volta para casa e percebe que a mãe – e sua casa – não estão mais lá, resultado de uma experiência que deu errado.

No entanto, ao tocar uma pedra no local onde ficava a casa, a garotinha é jogada para seu futuro, interagindo com diversas pessoas que virão a ser sua família até conseguir voltar para o presente.

O episódio todo transcorre de maneira óbvia para quem está acostumado com a temática de viagem no tempo. Porém, é na metáfora da morte da mãe que está a verdadeira força do episódio.

Loretta, adulta, é quem confirma para a criança que sua mãe não vai voltar. Como quem diz, sem rodeios e sem amenizar nada – afinal, trata-se dela mesma – que aos 7 anos de idade a garota está orfã e que vai aprender a lidar com a dor, mas nunca com a saudade.

Os demais episódios desta primeira temporada, exploram, cada um a seu modo, temas similares como a fugacidade dos bons momentos, a irreversibilidade do tempo e a importância que damos a tudo o que não está mais lá.

E é essa a grande força da série. Uma reflexão profunda e às vezes bastante dolorida acerca da efemeridade da vida humana. Uma metáfora rebuscada e elegante para nos fazer pensar em como a vida passa num piscar de olhos.

Contos do Loop está na Amazon Prime Video!

Trailer:


Créditos:
Texto e Edição: Alexandre Baptista

Imagens: Reprodução

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