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Daqui, não se chega lá de Jason – O Ultimato

Em 11 de Jan de 2023 3 minutos de leitura
Daqui, não se chega lá de Jason – O Ultimato (1)

Conheça Daqui, não se chega lá de Jason, quadrinista norueguês que com sua versão antropomórfica da vida vem conquistando leitores em todo o mundo

Jason já homenageou o mundo literário da Paris da década de 1920 e os filmes policiais em A Gangue da Margem Esquerda (2020), as histórias de viagem no tempo e da Segunda Guerra Mundial em Eu matei Adolf Hitler (2019), fez o drama sobre luto Ei, espera… (2021) e criou uma sequência de HQs mudas em Sshhhh! (2017).

Isso para falar apenas no que saiu no Brasil, sempre pela editora Mino. Cada uma delas com Ultimato publicado aqui no portal UB.

Em 2022, foi a vez da homenagem aos filmes e livros de terror clássicos, do tipo Frankenstein (1818) de Mary Shelley e O Médico e o Monstro (1886) de Robert Louis Stevenson. A versão do mundo antropomórfico do norueguês se chama Daqui, não se chega lá, possui três atos, 64 páginas, três cores – preto, branco e marrom –.

A obra foi publicada originalmente em 2004, em inglês pela Fantagraphics e francês pela Atrabile.

Daqui, não se chega lá de Jason – O Ultimato (3)

O surgimento do romance para o monstro e a noiva do monstro, pelas mãos do autor

Qual a trama de Daqui, não se chega lá

Os personagens não têm nome. Então, para facilitar, seguiremos as referências da própria editora na quarta capa. Temos um cientista, o monstro, e a noiva do monstro.

De início, vemos o assistente corcunda do cientista desenterrando um corpo de uma mulher no cemitério e arrumando as coisas no laboratório. Frascos com cérebros, máquinas malucas e uma cama dura com alças – daquelas para prender “frankensteins” –.

O monstro está solto pela cidade. Aprontando, vai preso, e o cientista precisa pagar a fiança. Pouco depois, o cadáver feminino desenterrado é entregue com vida ao monstro. De forma característica, Jason vai mostrando como surge o amor entre os dois.

O cientista, aparentemente invejando o monstro, cria outra fêmea, e as trocam para ficar com a primeira. O tomo termina com o assistente indo encontrar outro auxiliar de cientista maluco para tomar um café no bar. Até aqui, tudo em forma de HQ muda.

O enredo se dividirá em dois. De um lado, o trio amoroso “cientista, monstro e noiva do monstro” e todos os desdobramentos e confusões que acontecem, ainda no estilo HQ muda, mantendo apenas algumas onomatopeias.

De outro, o bate-papo dos dois assistentes velhos e amargurados falando da profissão, dos colegas, da aposentadoria e da vida. Tudo acontece à volta do bar com os dois, incluindo o tradicional grupo com tochas e forcados atrás do monstro.

Ambos seguem o programa e continuam fofocando. Em uma página, seis quadros da conversa, em outra, seis quadros de ação, encontros e desencontros. As duas tramas – do assistente e do trio amoroso – voltarão a se encontrar.

Daqui, não se chega lá de Jason – O Ultimato (2)

Jason traz o inusitado: dois assistentes de cientistas loucos reclamando da profissão e falando da vida

Vale a pena ler?

Daqui, não se chaga lá é de leitura rápida, com humor refinado, um pouco de sarcasmo, horror, drama e romance meio brega, ao estilo dos contos de terror que o autor homenageia, e todas as demais características dos quadrinhos do Jason.

Isso inclui os sujeitos antropomórficos, muitas emoções em personagens inexpressivos e cenas do cotidiano. Tantas coisas em poucas páginas, sem parecer que está faltando algo ou há excesso de informação.

É um quadrinho adulto, inclusive com cena de estupro – atenção para gatilhos! –. Como sempre, Jason permite ao leitor construir bastante. É legal perceber que a parte de mais ação e emoção é a muda. Faz sentido, pois é protagonizada com os monstros, com quem o cientista não tem nada a falar. Será?

As cores usadas caem muito bem para o enredo. Um P&B talvez daria uma característica sóbria que não contribuiria muito para o contexto e clima da HQ. Os preenchimentos de marrom de alguma forma aumentam o tom lúgubre e nos aproximam aos antigos filmes de horror. Por meio da fantasia, Jason expõe o sentimento de solidão e busca do amor, além de brincar com referências externas e internas de sua bibliografia.

Não está estre os melhores quadrinhos do norueguês, apesar de ser uma leitura leve e boa – o que soa paradoxal, mas não é –. Se você já gosta do trabalho de Jason, pode ir tranquilo. Senão, pode ser melhor começar a ler o autor por obras como Eu Matei Adolf Hitler.

*Dica aos marinheiros de primeira viagem: tantos animais antropomórficos podem ser confusos de distinguir. Vale a pena, principalmente quando não há diálogo, notar os detalhes de cada personagem. Às vezes, a única diferença entre um cachorro antropomórfico e outro é a cor do nariz.

Gostou do texto? Leia outros Ultimatos do David Horeglad (HQ Ano 1) para o UB!

EI, ESPERA… (2021) – O ULTIMATO

A GANGUE DA MARGEM ESQUERDA (2020) – O ULTIMATO

EU MATEI ADOLF HITLER (2019) – O ULTIMATO

Avaliação: Bom!

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Daqui, não se chega lá de Jason – O Ultimato (4)


Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse 
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