Ultimato do Bacon

A Gangue da Margem Esquerda de Jason – O Ultimato

Em 30 de Nov de 2022 3 minutos de leitura
A Gangue da Margem Esquerda de Jason - O Ultimato (2)

Conheça a história de quatro quadrinistas que assaltaram uma sala de apostas de boxe na Paris de 1920 em: A Gangue da Margem Esquerda de Jason

Antes de Woody Allen com o filme Meia-Noite em Paris (2011), o quadrinista norueguês Jason já havia feito uma bela homenagem a vanguardista Paris da década de 1920. Mais precisamente em 2005, quando lançou seu oitavo quadrinho, A Gangue da Margem Esquerda, pela editora Bedetheque, na França – e em 2006 pela Fantagraphics, em inglês –.

No Brasil, a editora Mino publicou a obra em 2020, com 48 páginas coloridas. Nela, temos os seres antropomórficos que Jason sempre usa em suas HQs e a já conhecida arte de traços econômicos, sem detalhes. As cores, porém, caem para o sépia, dando atmosfera de época.

Apesar de animalescos, os protagonistas são inspirados em personagens reais, escritores e romancistas da famosa “Geração Perdida”. Se o contexto e os nomes são verídicos, porém, a história é uma ficção policial da cabeça do autor. E as obras literárias dão lugar aos quadrinhos. Guerra e Paz (1867), Crime e Castigo (1866) e O Grande Gatsby (1925), por exemplo, nessa realidade são obras de arte sequencial.

A Gangue da Margem Esquerda de Jason - O Ultimato (1)

Na HQ, quatro quadrinistas têm a ideia de realizar um assalta à mão armada

Qual a trama de A Gangue da Margem Esquerda de jason

Ernest Hemingway, Scott Fitzgerald, Ezra Pound e James Joyce são quatro quadrinistas que imigraram de seus países para viver a efervescência cultural de Paris de 1920. Os três primeiros norte-americanos e o último irlandês. Apesar de levarem uma desejável vida boêmia e estarem no hors-concours do meio artístico, estão constantemente reclamando das dificuldades financeiras e da carreira.

Logo de início, os protagonistas vão se encontrando na rua e tentando organizar um drink em endereços como Closerie des Lilas, Dingo Bar e a tradicional livraria Shakespeare and Company – pontos de encontros reais dessa turma na cidade –. Ernest não pode, pois foi convidado para jantar na casa de Gertrude Stein, localidade tradicional dos popstars literários, ou melhor, quadrinísticos. Nas primeiras páginas da HQ, ficamos mais que ambientados.

Em seguida, acompanhamos o dia a dia dos personagens. As conversas, os bares e as pranchetas. A esposa de Scott, Zelda Sayre, não está satisfeita com o casamento. Não se adaptou a Paris e acaba se relacionando com um amante francês, Edouard.

Em uma conversa de bar entre os quatro amigos, após um insight, Ernest tem a ideia de roubar a tesouraria de uma luta de boxe e resolver os problemas financeiros do grupo. Todos topam! É quando vemos a criatividade e loucura de Jason começar de verdade, inspiradas pelo filme O Grande Golpe (1956), de Stanley Kubrick.

A sequência de acontecimentos do assalto é apresentada a partir da visão de cada personagem. Primeiro, acompanhamos Ernest. Enquanto James distrai os guardas pela rua, o trio invade a tesouraria com máscaras e armas. Mas Scott mata os contadores e foge com o dinheiro. Todo o quebra-cabeça só será resolvido após o ponto de vista de cada envolvido ser concluído: James, Scott, Edouard, Zelda, Ezra e Hadley.

A Gangue da Margem Esquerda de Jason - O Ultimato (2)

O roubo não sai como planejado, e os mistérios são descobertos pelo leitor em partes

Vale a pena ler?

É como se existisse um mundo inteiro de Jason, com seres antropomórficos, ligne claire (linha clara) e grid de oito quadros, facilmente reconhecível. Porém, diferente de autores que seguem apenas uma temática de roteiro, esse universo do norueguês permite incontáveis variações e caminhos. Drama, sci-fi, policial…

Jason sempre retrata muito bem questões do cotidiano, como as conversas de bar e de casa. A primeira metade deste quadrinho é especialmente dedicada a isso. É o momento em que ele trabalha o contexto cultural do período de forma humana, gerando aproximação com os personagens.

Ver Hemingway na sala da casa de Gertrude e acompanhar ela dando um esporro nele por não usar lápis azul e orientando-o a abolir os recordatórios narrativos é surreal, cômico e divertido. Sim, as duas lendas literárias estão falando de quadrinhos!

As pequenas viradas a cada recontagem da história pelos olhos de cada protagonista é outro ponto ótimo, que demandou cálculo e criatividade do autor. Funciona incrivelmente bem. E para quem conhece as referências da vida real, a conclusão da HQ é cheia de pontos de reflexão.

A Gangue da Margem Esquerda é um quadrinho curto, de leitura rápida, texto fluido, mas ao mesmo tempo complexo em sua construção e detalhista com lugares e personagens da “Geração Perdida”. Merecidamente, recebeu o Prêmio Eisner de “Melhor Título Estrangeiro” no ano de 2007. Vale a leitura.

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Avaliação: Excelente!

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A Gangue da Margem Esquerda de Jason - O Ultimato (1)


Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse 
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