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Conheça Farenheit 451 em Quadrinhos

Em 16 de Abr de 2021 4 minutos de leitura
Conheça Farenheit 451 em Quadrinhos

Pode-se afirmar que a ficção científica contém boas fórmulas para abordar temas atuais como, por exemplo, relações de poder, controle das massas, cerceamento da liberdade e individualidade, mídia alienante com seus programas pouco ou nada relevantes para a construção social.

É o caso da distopia, gênero literário que carrega fortes críticas ao sistema político, sociocultural e midiático através de narrativas ficcionais especulativas que, por serem tão próximas da realidade, permitem ao leitor exercer sua capacidade de estruturar sua própria experiência de percepção do mundo.

Índice

Conheça Farenheit 451 em Quadrinhos

Farenheit 451 é um clássico da literatura que, escrito originalmente em 1953 por Ray Bradbury, apresentou tensões que seriam sentidas pela sociedade até os dias atuais, narrando a história ficcional de uma nação alienada e oprimida por um governo totalitário.

Na versão adaptada para quadrinhos, a junção de imagens e textos tornam a experiência de leitura mais marcante – com traços fortes e sombrios, a graphic novel apresenta uma sociedade monitorada pelo Estado que, via de regra, oprime o cidadão comum e tolhe seus direitos básicos num cenário opressor onde cultura e conhecimento são perniciosos e o livre pensar é um perigo para o regime totalitário em questão – portanto, manter a sociedade distraída, inerte e alienada é a ordem do dia.

Para Bradbury, “nenhum leitor de romances terá dificuldade em ver nesse quadro desolador um instantâneo de nossa realidade mais cotidiana”, uma população entorpecida por entretenimentos baratos e sem sentido que não contribuem para o desenvolvimento do ser humano.

Aos poucos, os indivíduos vão abandonando a cultura formal para se concentrarem em programações rasas e vazias de existência, produtos culturais controlados por um tipo de poder institucionalizado e totalizante que determina gostos e desejos através de objetos de consumo que agradam às massas.

Conheça Farenheit 451 em QuadrinhosAlienação: imagens televisivas são transmitidas diretamente nas paredes das residências, apresentando atrações vazias de sentido e, por vezes, violentas que entorpecem os sentidos dos telespectadores em Farenheit 451 

Metáforas Sociais de Farenheit 451

Em determinado momento, a HQ apresenta os chamados “homens-livros”, ex-professores que vagueiam pelas trilhas de trem e estradas desertas com seus livros de Filosofia, Sociologia e Antropologia guardados apenas em suas memórias, já que as edições físicas são proibidas e queimadas pelos agentes de censura personificados na figura icônica dos bombeiros que, ao invés de apagar incêndios, os provocam como forma de queimar livros e qualquer um que desafie o sistema.

Nos quadrinhos, o ensino ministrado nas universidades e escolas são colocados em xeque, a Educação se encontra em situação precária, insuficiente e a alienação impera através do consumo de drogas e demais objetos da comunicação de massa.

Conheça Farenheit 451 em QuadrinhosHomens-livros: ex-professores que fugiram do regime totalitário em Farenheit 451, agindo clandestinamente para promover um pouco de conhecimento àqueles que estão perdidos pelo caminho

Assim, é apresentado ao leitor um vislumbre de como seria um mundo onde o livre pensamento é desestimulado, livros históricos são vistos pelo regime como perigosos para a sociedade e levados à extinção, caçados a todo custo pelos bombeiros, até mesmo o passado é apagado por meio de estratégias autoritárias na tentativa de reconfigurar a História.

O protagonista da história em quadrinhos é Guy Montag, um agente do governo que promove a queima de livros – sua função no Estado, ironicamente, é queimar qualquer tipo de literatura impressa. Estes censores da cultura incineram os livros, que são caçados, apreendidos e destruídos, até mesmo indivíduos que discordam do regime são punidos pelas chamas e queimados juntos com suas bibliotecas.

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Conheça Farenheit 451 em Quadrinhos

Conheça Farenheit 451 em QuadrinhosSemelhanças entre a realidade e a ficção: A) Queima de livros promovida pelos nazistas em 10/05/1933, data do expurgo de obras consideradas anti-alemãs pela “decência, moralidade e família”. B) cena retirada de Farenheit 451, onde Guy Montag e sua equipe de bombeiros incineram livros e pessoas que são contra o regime totalitário

A Importância de Farenheit 451 para a sociedade

Ray Bradbury apropriava-se da ficção científica para tratar de temas sérios que pudessem inquietar a reflexão das pessoas, despertando-as da inércia e nesta versão em quadrinhos encontram-se ecos que remetem a fatos reais da sociedade. O imaginário presente em Farenheit 451 desperta nos indivíduos – ou como preferir, atores sociais – uma catarse, um estado de libertação da mente onde a cultura torna-se o ápice de uma transformação de pensamento.

O imaginário presente nas narrativas distópicas podem oferecer um grande leque de interpretações aos leitores, fazendo com que questionem se a atividade narrativa de uma obra de ficção, por estar tão ligada à vida cotidiana, permita ressignificar a própria realidade. Para Will Eisner, renomado quadrinista americano, “os quadrinhos procuraram tratar de assuntos que até então haviam sido considerados como território exclusivo da literatura, teatro ou cinema.

Autobiografias, protestos sociais, relacionamentos humanos e fatos históricos foram alguns dos temas que passaram a ser abraçados pelas histórias em quadrinhos.”

Com temas relevantes como injustiças sociais, política e manipulação da mídia, dentre outros, Farenheit 451 em quadrinhos desempenha um papel importante para a sociedade através de uma rica leitura formada por textos e imagens que garantem a apropriação das mensagens e promovem a construção e desenvolvimento do pensamento crítico.

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Créditos:
Texto: André ‘Brazuka” Roberto – @Comunicafic
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse

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