Conheça o sci-fi que coloca cães e gatos em batalhas estelares em: Corso de Danilo Beyruth
As HQs brasileiras de ficção científica tiveram ótimos acréscimos em 2022. Duas se destacam: Beliscão, de Camilo Solano, e Corso, de Danilo Beyruth. Este, lançado pela Comix Zone em capa dura, com 232 páginas, P&B.
Beyruth tem ganhado reconhecimento entre os fãs de quadrinhos desde os anos 2010, com obras como Bando de Dois (2010), Samurai Shirô (2018), Love Kills (2019), São Jorge Integral (2023), além das novelas gráficas do Astronauta para a série Graphic MSP e dos desenhos para o título The Unbelievable Gwenpool (2016), da Marvel. Os temas variam, mas podemos dizer que a especialidade do autor é ação e aventura.
Qual a trama de Corso de Danilo Beyruth
O início já movimentado traz o personagem título, Corso, caindo com sua nave em um planeta totalmente desconhecido. As lembranças do que causou o acidente não são totalmente nítidas, a não ser a de que ele havia encontrado um cruzador da Monarquia dos Gatos durante a patrulha.
O objetivo inicial de Corso era contatar a base, fazer um pedido de resgate e avisar a República dos Cães sobre a inesperada nave felina. Porém, na medida em que o protagonista percebe que não há comunicação com nenhum satélite próximo, a história passa a ter como base a exploração do planeta e a busca por sobrevivência.
A sobrevivência no planeta é a prioridade sem o contato com a base
Beiruth cria um universo intrigante. O primeiro extraterrestre a surgir é uma espécie de borboleta que movimenta o ar com eletricidade estática. Acaba se tornando uma mascote que acompanha o herói em sua jornada.
Toda a biosfera surge com igual criatividade do autor, onde Corso vai tendo que se virar para obter água, alimentos, passar por desertos, tempestades e uma floresta com animais violentos.
Na segunda parte do enredo, Corso descobre um nativo mascarado, Karin, ao enfrentar um “dragão-fornalha”. Descobrimos que ele estava na “caçada sagrada” que o permitiria retornar a tribo, em uma área distante, se voltasse com a língua do monstro.
O problema é que quem volta com a língua nas mãos é Corso, e Karin não pode retornar para casa. A líder do grupo, Tefnut, ordena que mantenham o piloto na vila até pensarem o que fazer com ele.
O grande desafio é que Corso não fala a língua dos nativos, que são vistos pelo herói como selvagens. Obviamente, os locais pensam o mesmo dele, ainda mais quando transparece sua personalidade belicosa e indisciplinada.
Corso descobre que a tribo, por baixo das máscaras, é de felinos – que ele associa à Monarquia dos Gatos –. Com isso, acompanharemos o difícil processo de adaptação, evolução e confiança – se é que acontecerá – de ambos os lados.
Um acontecimento mudará a história de Corso e dos nativos
Vale a pena ler?
De cara, se você curte aqueles quadrinhos populares de ação com personagens antropomórficos e divertidos como Tartarugas Ninja (1984) e Usagi Yojimbo (1987), pode ir tranquilo. No entanto, saímos das aventuras de ninjas e samurais e vamos ao espaço.
Há momentos da história em que ela também traz ótimos elementos de filmes como O Planeta dos Macacos (1968) e Guerra nas Estrelas (1977), exemplificados na exploração do planeta desconhecido e nas batalhas de naves.
O foco de Corso parece ser um quadrinho de ação e aventura para divertir o leitor. Mas, como é bem-vindo, há espaço para alguma reflexão, que pode passar pela diferença entre o herói e o vilão em uma guerra – ou a falta disso –, os problemas de não buscar entender o próximo, o quanto o diferente pode ser considerado “selvagem”, etc.
Não é uma obra que revoluciona o gênero, mas acerta no que se propõe a fazer. Apesar de relativamente longo, Corso não é cansativo, pela competência do autor em nos guiar na trama. Tem personagens carismáticos, um universo bem construído, a história bem encaixada e revelações interessantes.
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Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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