Ultimato do Bacon

What if…? 1ª Temporada – O Ultimato

Em 2 de Nov de 2021 4 minutos de leitura
What if...

Pondere a seguinte questão: o que aconteceria se a Marvel Studios resolvesse explorar novas realidades, brincar com histórias alternativas ao cânone estabelecido em filmes e séries do UCM e que fossem levemente diferentes do original? Quem sabe, um multiverso de histórias criadas a partir de situações modificadas pelo destino.

Uma ótima oportunidade para trabalhar infinitas possibilidades para os personagens e construir novos contextos. O Ultimato do Bacon assistiu a primeira temporada da produção que viaja pelas linhas temporais do multiverso Marvel e relata como foi a experiência.

Índice

What if…? O Começo nos Quadrinhos

“O que aconteceria se…?” (What if…?) é uma antologia de histórias em quadrinhos despretensiosas e desapegadas das amarras cronológicas, uma ideia que remonta à década de 1970/1980 e que trouxe muitas histórias divertidas. O anfitrião que acompanha o leitor nessas viagens narrativas é Uatu, o Vigia – um ser que vive além do espaço, tempo e realidades, observando os vários universos existentes sem interferir nas ações dos personagens.

Uatu, o Vigia em What If…? Ambiguidade na hora de decidir se ajuda ou não aqueles a quem observa

Essas empolgantes aventuras pegavam os personagens da Marvel e reimaginavam conceitos, tramas e cenários – histórias como “O que aconteceria se o martelo de Thor fosse encontrado por uma mulher?” ou ” O que aconteceria se o Capitão América fosse eleito presidente?” trabalhava com fantásticas e engenhosas ideias que tornavam a leitura extremamente divertida.

Vale lembrar que, em algum momento temporal dos quadrinhos, algumas dessas histórias se concretizaram como, por exemplo, Jane Foster que realmente tornou-se Thor no universo regular da Marvel Comics.

Nova Fase

Com o sucesso das séries Wandavision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki, a Marvel resolveu explorar e investir no conceito de multiverso nesta nova fase do seu universo cinematográfico.

A série animada brinca com novos conceitos (ok, não tão novos assim) a partir dos enredos originais dos filmes, reimaginando cenários, plots e status quo de vários personagens queridos, dentre eles Pantera Negra, Capitão América (zumbi!!!), Agente Carter e Dr. Estranho – por sinal, um dos personagens que recebe o melhor tratamento na animação.

What if...

Dr. Estranho se destaca num dos episódios de What If…? em que todo seu conhecimento e desempenho não são suficientes para salvar seu grande amor

Claro, a série animada não chega com o intuito de reinventar a roda ou mudar a estrutura narrativa já estabelecida. É aquele velho ditado, “em time que está ganhando, não se mexe”, com uma receita infalível que garante um produto comercialmente divertido e rentável sem mudar o cânone. Afinal, a Marvel não quer confundir e afastar o público que segue fielmente o UCM.

Era de Ultron (SPOILERS A SEGUIR! CASO NÃO QUEIRA SABER, PULE PARA O PRÓXIMO TÓPICO)

O que aconteceria se Ultron vencesse? Essa questão é sanada no início do penúltimo episódio, que apresenta os impactos da vitória da inteligência artificial sobre Uatu, o Vigia.

O robô sentiente consegue, enfim, realizar seu grande plano de dominação, isto se levar em consideração que tal fato não consolidou-se no distante filme de 2015 – agora, o vilão busca uma versão de mundo pós-apocalíptico distópico multiversal.

Ultron Infinito e seu empoderamento total ao reunir as Jóias do Infinito numa das várias realidades paralelas de What If…? Epifania e poder

Após vários episódios aleatórios, aparentemente desconexos, a série passa por uma reviravolta em seus dois últimos episódios com um tremendo plot twist de tirar o chapéu! Em What if…?, o Vigia quebra seu juramento de não interferência nas realidades e recruta vários heróis de mundos paralelos distintos para formar os Guardiões do Multiverso, uma equipe que deve encarar o desafio de vencer um Ultron empoderado e supremo com as Jóias do Infinito cravadas em sua armadura.

O vilão diz, em certo momento, “o Vigia não avisou vocês? Cada universo é diferente, cada um é apenas uma fração única e, assim, as Jóias do Infinito são únicas.” Ultron derrota uma versão do Thanos de uma realidade alternativa e toma para si a Jóias do Infinito, tornando-se o senhor supremo do tempo, espaço e realidades.

E após também vencer o Vigia, numa sequência formidável de lutas atravessando as realidades do multiverso e fragmentando seu frágil tecido no processo, o robozão tem um momento de epifania e acredita que a paz só poderá ser alcançada mediante a dominação de todas as realidades multiversais.

What if...

A derrota de Uatu, o Vigia pelas mãos de Ultron Infinito tem consequências desastrosas para todo tecido da realidade multiversal

Ultron, de fato, possui um papel importantíssimo em What If…?, sendo o grande nêmesis da história, que transforma meros episódios insossos e inconclusivos em algo maior, numa reviravolta digna de aplausos e que consegue conectar todos os demais episódios, dando um propósito mais relevante ao todo.

Sedimentação de Idéias

What If…? começa sem sentido e sem propósito, apenas uma diversão efêmera que surfa numa ideia oriunda dos quadrinhos, reimaginando realidades diferentes do habitual em seu universo cinematográfico e televisivo.

Analisando em retrospecto, desde o começo do assim chamado UCM em 2008 e o surgimento do primeiro filme do Homem-de-Ferro, a animação poderia ter se saído melhor ao desenvolver narrativas ousadas e romper paradigmas dos cenários infinitos.

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Tempo, espaço e realidades são os destaques de What If…?

Aplicando a velha fórmula repetida exaustivamente no cinema e televisão, com vários detalhes criados para impressionar os fãs – ação sem limites, porradaria e frases de efeito que viram memes na primeira oportunidade – a Marvel não chega nem perto de revolucionar o status quo do UCM.

Mas, com certeza, cria um ambiente didático de sedimentação para que o público possa  se familiarizar com o conceito de realidades paralelas e multiverso (tanto Homem-Aranha quanto Dr. Estranho, em seus respectivos filmes, irão se aprofundar mais nessa temática).

Originalmente, o conceito de “O que aconteceria se…” materializou as ideias mais malucas e divertidas dos quadrinhos Marvel sem se preocupar com amarras cronológicas e afins.

Porém, no audiovisual, a primeira temporada apenas redistribui papéis e dinâmicas de personagens no UCM – talvez, por receio de mudar o cânone estabelecido e confundir o público, a Marvel acaba desperdiçando uma enorme chance de fazer algo tão brilhante quanto os demais filmes de sua galeria de sucessos.

What if...

Personagens se destacam em What If…?

Por outro lado, talvez a produção não quisesse realmente chutar o balde e, simplesmente, pensou em sedimentar o conceito de multiverso na mente dos fãs de uma maneira mais palatável. Particularmente, ao invés de expandir o universo cinematográfico e televisivo com maestria, a série animada se perdeu em meio a episódios que ficam em aberto, inconclusivos ou personagens irritantes, como no caso do Thor baladeiro.

Não deixe de conferir nossa lista com as melhores HQs da Marvel clicando aqui

Avaliação: Regular!


Créditos:
Texto: André ‘Brasuka” Roberto – @Comunicafic
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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