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Três Cristos (2017) – Dicas de Streaming

Em 15 de Jan de 2021 4 minutos de leitura
Três Cristos (2017)

Há ainda uma grande gama de informações sobre nossa mente que estão absolutamente ocultas. Informações que serviriam para ajudar a decifrar essa máquina chamada cérebro ou, simplesmente, de nada valeriam. O fato é que a mente humana é uma incógnita; essa afirmação se dá em função da grandiosidade do pensar e dos processos por trás disso. Acreditem, por mais avançada que seja a ciência, parece que sempre haverá algo a aprender sobre a mente e as reações que geram o pensamento, o comportamento e até a personalidade de uma pessoa.

Índice

Três Cristos (2017) – Dicas de Streaming

No longínquo ano de 1959, o psiquiatra doutor Alan Stone (baseado no médico Milton Rokeach e interpretado por Richard Gere) iniciou um inédito trabalho sobre pacientes do Hospital Estadual Ypsilanti, localizado em Michigan, cuja meta era entender e estudar os comportamentos e os fatos que levaram três homens a afirmar – de modo categórico – que eram o próprio Jesus Cristo. Sim, Stone estava diante de indivíduos que mantinham uma parcela mínima de suas personalidades originais, estas sobrepostas pela ideia – ou convicção, caso prefiram – de que eram o Messias.

Eram tempos árduos para os pacientes psiquiátricos. Medicações em pequena escala, tratamentos hoje classificados como bárbaros e um completo abando por parte de suas famílias. Vejam, nenhuma pessoa manterá a ínfima parcela de sanidade diante de um quadro tão sombrio e, para piorar, sujeito aos tratamentos radicais praticados à época, incluindo a terapia de choque.

Três Cristos (2017)

O psiquiatra observou que os conflitos entre os três homens que se achavam Cristo eram constantes. Seja por espaço, poder ou apenas por causa de egos inflados, o fato é que as brigas eram prejudiciais em seus tratamentos. Assim, motivado por buscar uma solução para os conflitos e também com o intuito de aproximá-los, Stone conseguiu a autorização para mantê-los juntos, porém isolados dos demais pacientes. Inicia-se, assim, uma experiência que durou de 1959 a 1961.

Creio que esqueci de citar, mas essa é uma história baseada em fatos reais, descritos no livro The Three Christs of Ypsilanti (1964), de autoria do doutor Milton Rokeach.

Três Cristos (2017)

Jesus

Apesar de haver três indivíduos com o mesmo delírio sobre ser o Messias, fica claro que há certas particularidades em cada um deles. Particularidades bem típicas dos humanos, diga-se de passagem.

Joseph é um dos Cristos. Interpretado por Peter Dinklage, ele é um amante da música, sensível em certos aspectos e um leitor inveterado. Clyde (Bradley Whitford) sofre com a presença de “cheiros” desconhecidos, é obcecado por banho, porém coopera com o tratamento. Por fim, Leon (Walton Goggins) surge inicialmente como o mais rebelde dos três, ríspido e aparentemente perigoso, isso sem falar de sua “cobiça” pela jovem e bonita auxiliar do Dr. Stone, a senhorita Becky (Charlotte Hope). São homens incomuns, absortos por uma ideia que guia os três: a de que são o Cristo.

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O longa foca no tratamento e evolução de cada uma das personagens. Não se trata de um filme cuja essência seja a psiquiatria, mas uma obra que levará o espectador a refletir sobre a fragilidade da saúde mental. Também será incitado a pensar sobre o passado de cada um dos Cristos e aquilo que os levou a esse estado. Em suma, a reflexão sobre o vasto (e por vezes frágil) universo que é a mente humana é algo presente do início ao fim da obra.

Sobre essa reflexão, confesso que pensei bastante sobre o quanto somos frágeis diante de uma doença que atinja o cérebro, seja ela de natureza física, psiquiátrica ou psicológica. Ver uma pessoa que era normal sumir e dar lugar a alguém que é absolutamente diferente daquilo que conhecíamos é, no mínimo, chocante. O exercício de se pôr no lugar do doente é tão difícil quanto o de assumir o papel de um familiar dele… ou o papel de ser o responsável por tratar desse indivíduo doente, tal como feito pela equipe do dr. Stone.

Pertinência

Três Cristos jamais aborda o tema da insanidade de forma leviana. Por ser baseado em um trabalho real, documentado, o roteiro conduz o espectador por uma jornada tensa, por vezes divertida, mas nunca tranquila. A loucura é um dos campos de estudos mais complexos da medicina. Estar ao lado de uma pessoa que não sabe quem é, passível de surtos psicóticos ou de ações involuntárias demanda – sem dúvida – uma dedicação ímpar por parte do profissional que se empenha no cuidado dessas mentes alquebradas.

O trabalho mostrado no filme é uma amostra da capacidade intelectual do homem, principalmente quando ele se decide por buscar uma solução. O doutor Stone e Becky são expostos não apenas à loucura de seus pacientes; são expostos também aos próprios traumas e “loucuras” pessoais. Há perdas e ganhos de ambas as partes.

Três Cristos (2017)

Sobre a pertinência desse trabalho incomum e maravilhoso, os estudos levaram a uma gradual mudança no uso de artifícios antes tidos como válidos pela psiquiatria. Os progressos dos pacientes nunca foram suficientes para liberá-los das duas prisões: a física (representada pelo Hospital) e a mental. Entretanto, eles evoluíram como pessoas.

Mas o sucesso – mesmo parcial – pode incomodar. E esse é um ponto forte na trama. Preparem-se para uma dose forte de drama, construída com maestria.

Atuações

O elenco inteiro se mostra dono de uma competência avassaladora. Destaque para as atuações de Richard Gere, Peter Dinklage, Charlotte Hope e Walton Goggins. É possível ver em suas personificações o esforço para dar verdade a cada segundo de atuação. Os momentos finais ganham em emoção com as interpretações deles, mas é fato que todos deram o máximo de si para entregar ao público uma obra única.

Fatos reais

Óbvio que já citei que esta é uma obra baseada em fatos reais. Ambientada em uma época complexa onde a medicina psiquiátrica ainda estava marchando rumo à evolução, Três Cristos tem incontáveis pontos que são memoráveis, entre eles a leve evolução dos pacientes e o esforço do dr. Rokeach. Ainda assim, deixo apenas uma citação do próprio doutor Milton Rokeach sobre tudo que representou essa empreitada em sua vida e na vida de seus pacientes…

“Embora eu tenha falhado em curar os Três Cristos de seus delírios divinos, eles me curaram dos meus.”

Três Cristos (2017).

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Três Cristos (2017)

Três Cristos (2017) – Trailer

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Créditos:
Texto: Franz Lima (Apogeu do Abismo)
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse

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