Eu sempre fico com um pé atrás quando há um hype excessivo sobre alguma obra. Fui para essa minissérie com expectativas baixas e esperando ler algo bem medíocre. E talvez por isso eu tenha curtido!
Os Três Coringas: o comediante, o criminoso e o palhaço
Qual é a trama de Três Coringas
Batman, Batgirl e Capuz Vermelho investigam, separadamente, crimes cometidos pelo Coringa. Cada incidente corresponde a um crime executado pelo vilão no passado. Ao se reunirem, o trio de heróis se dá conta de que todos os crimes foram cometidos exatamente ao mesmo tempo. Então, surge a hipótese de que ou ele está usando de empregados, ou existe mais de um Coringa.
E, como diz no próprio título, existem três: o palhaço, o comediante e o criminoso. Cada um deles com suas próprias características e modos de agir.
Uma das coisas mais interessantes que você perceberá é como cada um desses Coringas contrapõem aos heróis. O palhaço é o retrato daquele Coringa clássico, que borrifa ácido de uma flor na lapela ou que coloca seu sorriso doentio em peixes. O comediante invoca aquela imagem do Joker sádico, que sente prazer ao ver o outro sofrendo. E o criminoso, ao que tudo indica, é o que dá as cartas e comanda a ação toda. Cada persona cutuca na ferida de um dos três heróis… seja a Batgirl, o Capuz Vermelho ou o próprio Batman.
Batman, ferido, “atropela” o túmulo de seus pais em Os Três Coringas
E esse lance de revisitar os traumas é o que mais me agradou na trama. Porque, ao fim de tudo, essa história passa a ser sobre superação. Barbara Gordon, Jason Todd e Bruce Wayne, durante anos de publicação, tiveram a vida destroçada pelo Coringa ou por Gotham City. Como obter êxito após tudo isso, sem deixar de lado a justiça e discutindo a hipocrisia, é o ponto alto dessa história.
Em momento algum ela reinventa a roda. Não há nada de muito surpreendente ou que não seja como uma reciclagem de outras histórias. A influência do clássico A Piada Mortal é gritante, seja na capa, na narrativa em 9 quadros e alguns outros elementos que foram repetidos aqui por Geoff Johns. Além das referências à história de A Piada Mortal, ele também se utiliza do que aconteceu em Morte em família, no qual Jason Todd é torturado e morto pelo Coringa.
A motivação do vilão é bem bacana, e brinca com a ideia de o personagem ir mudando de acordo com as gerações. A conclusão é bem satisfatória e com a cara do Coringa: insana, egoísta e até certo ponto, estranha.
O ponto baixo é o romance entre Jason e Barbara, que é bem mal desenvolvido, não acrescenta nada à trama e funciona mais como uma distração da história principal.
A arte de Jason Fabok é uma parada espetacular. O cara estava on fire! Os movimentos nas cenas de ação são fluidos e naturais, as expressões são altamente realistas e o nível de detalhe que ele coloca chega a ser absurdo. A colorização de Brad Anderson é tão excelente quanto e se encaixou como uma luva no traço dele!
O belíssimo traço de Jason Fabok em Os três Coringas
A meu ver, o sucesso de Três Coringas se deve à exploração dos traumas dos personagens: ser atormentado, aleijado e morto pelo Coringa.
Três Coringas saiu pela editora Panini em três encadernados fininhos, ao preço de 14,90. A capa tem laminação fosca com aplicação de verniz brilho no Coringa e na cartinha na contracapa. Lombada quadrada e miolo em papel couché fosco. Achei acertada a ideia de trazer nesse formato, ao invés de um encadernado capa dura a um preço bem mais elevado.
Avaliação: Bom!
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Créditos:
Texto: Kim Martins
Imagens: Reprodução
Edição: João Maia
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