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Fantasma: Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQs

Em 15 de Jul de 2021 5 minutos de leitura
Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQs

Ele segue um juramento mais antigo do que o dos Lanternas Verdes. Usa um uniforme mais clássico do que o de qualquer outro super-herói. Conheça a primeira história do Fantasma: Os Piratas Singh.

“Juro que dedicarei toda minha vida à tarefa de destruir a pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça e meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão”, declama Sir Christopher Standish em 1525, o primeiro Fantasma.

Naquele ano, em uma nau que partiu do Rio Tâmisa aos mares não mapeados do Oriente, Standish viu seu pai ser assassinado por piratas chineses. Ele, o único sobrevivente, foi salvo por pigmeus Bandar e fez o juramento com as mãos na caveira do assassino.

A primeira tira do Fantasma saiu nos jornais norte-americanos em 17 de fevereiro de 1936. A história seguiu diariamente até 7 de novembro do mesmo ano, totalizando 288 tiras, com o título de Os Piratas Singh. O roteiro era de Lee Falk e arte de Ray Moore.

O maior mérito dos autores é que, já nessa história, praticamente todos os elementos que marcariam a mitologia do Fantasma até os dias atuais estavam presentes. Incluindo o grupo arqui-inimigo do herói – Singh –, a amada Diana Palmer, o eterno parceiro Guran e sua tribo de pigmeus, o lobo Capeto, o anel da marca da caveira e o juramento transgeracional.

Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQsFantasma conta a Diana a história do Juramento da Caveira

Índice

Qual é a trama de Os Piratas Singh

Os Piratas Singh começa de uma forma empolgante, com Diana Palmer dando um cruzado de direita no queixo de Mike em seu treinamento de boxe. Eles estão em um navio – o S.S. Trotter – chegando a Nova York.

Com o disfarce de agentes da imigração, Fats Horgan e um bando de criminosos armados dominam a embarcação, interessados em 135 quilos de âmbar-gris. Um produto raro e de alto valor, secretado por baleias e usado na produção de perfumes.

Em uma atuação individual espetacular – curiosamente aparecendo pela primeira vez apenas na quinta tira –, o Fantasma salva Diana, a carga, e some. É o suficiente para a jovem, encantada, buscar informações a respeito daquela figura. Logo descobre que os jornais e a polícia de Nova York sabem tanto quanto ela.

O príncipe Ahmed Singh, recém-chegado na cidade, demonstra especial interesse em Diana. Descobrimos que o ataque ao S.S. Trotter foi a seu comando e agora ele quer a única pessoa que conhece o local do cemitério de baleias, depósito de âmbar-gris.

A trama, cheia de idas e vindas, segue com diversos planos do príncipe Ahmed e os esforços do Fantasma para salvar Diana. A HQ também é marcada pelo início do romance entre o herói e a exploradora.

Do meio para o fim, partimos de Nova York para o Oceano Índico, em uma pegada que nos remete a uma mistura dos antigos filmes do 007 com os livros de Julio Verne.

Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQsPrimeiros quadros de “Os Piratas Singh”, com Diana acertando um cruzado de direita no treino de boxe

É no Mar de Java que se encontra um imenso complexo subaquático da Irmandade Singh, abaixo de um redemoinho por meio de onde só é possível atravessar em um submarino especial. Lá, somos apresentados ao maior líder dos piratas, Kabai Singh, tio de Ahmed, que organiza o sequestro de Diana.

Chegando ao fim da aventura, Lee Falk prepara o link para a segunda grande saga do Fantasma, Piratas do Céu (1936), que começaria a ser publicada dois dias depois.

Mudança de origem

Quando vamos do território de Nova York para os mares e selvas do Oceano Índico, no meio de Os Piratas Singh, é possível perceber uma mudança atmosférica e criativa do roteirista.

Nas primeiras tiras, conhecemos um personagem milionário e preguiçoso. É Jimmy Wells, apaixonado por Diana Palmer. Na cabeça de Lee Falk, conforme o próprio autor relata, esta seria a identidade secreta do Fantasma. De dia playboy e de noite vigilante mascarado. Lembra alguma coisa?

Mas no decorrer da história, inspirado por outro estilo de personagens que faziam sucesso nos quadrinhos da época – principalmente o Tarzan –, Falk transforma o Fantasma em uma lenda das selvas e cria toda a origem mito. É quando descobrimos que o enfrentamento dos Singh traspunha gerações.

Onde encontrar os Piratas Singh

Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQsAs três primeiras partes de Os Piratas Singh pela Ebal e, à direita, em edição única da L&PM

Após a publicação nos impressos diários, Os Piratas Singh foi publicado algumas vezes no Brasil por editoras diferentes. Entre 1979 e 1980, a editora Ebal publicou uma revista chamada “Álbum do Fantasma” em cinco edições. A primeira contém A infância do Fantasma (1944). Os Piratas Singh está dividido nas edições seguintes.

Em 1986, a L&PM imprimiu o primeiro de três álbuns em formato widescreen, mais próximo dos painéis publicados originalmente nos jornais. O primeiro volume continha todas as tiras de Os Piratas Singh. Há alguns anos, eram as duas versões mais acessíveis da obra.

No ano passado, 2020, a Mythos Editora publicou a aventura em “A Era de Ouro dos Quadrinhos nº 4: Crônicas do Fantasma Especial”. Na edição, o título foi traduzido para A Irmandade Singh, mais próximo do nome em inglês, The Singh Brotherhood. Todas são em preto e branco.

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Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQs

Vale a pena ler Os Piratas Singh?

O Fantasma é uma das melhores oportunidades para conhecer e entender um pouco mais o início dos quadrinhos de super-heróis. Em diversos aspectos, foi inovador para a época e tão bem-sucedido que as bases do “espírito que anda” permanecem até hoje.

Para curtir a leitura, é necessário estar preparado para o estilo do período, com mais legendas e textos, além de um ritmo bem característico – que para alguns é ótimo e para outros, péssimo –. Essa pode ser a HQ ideal para descobrir se vale fazer uma imersão nesse mundo clássico do Fantasma ou não. Se preferir algo colorido, pode ir direto para a Saga Piratas do Céu (1936).

Fantasma Os Piratas Singh (1936) – Baú de HQsA primeira aparição da marca da caveira, que identifica os vilões que já enfrentaram o Fantasma

Quanto as críticas, comum na Era de Ouro, os recordatórios que narram algo visível estão presentes. Existem algumas redundâncias desnecessárias, como a repetição de uma ou outra informação que foi apresentada na página anterior.

Mas isso é facilmente compreensível, tendo em vista que cada tela era publicada em um dia. Era o recurso para relembrar o leitor do que aconteceu na tira anterior. Faz até com que a gente se sinta um pouco nos anos 1930.

No geral, Os Piratas Singh é um exemplo de competência de seu criador, que concebeu um universo rico e com quebras de paradigma, como na forma de apresentar a mocinha. Diana Palmer era, desde o início, uma mulher inteligente, independente e exploradora. Abre a HQ mostrando a um homem que é melhor no boxe.

Além disso, vale destacar que o juramento da caveira definiu já ali a verdadeira essência do Fantasma: a passagem da responsabilidade de geração em geração.

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Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse

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