O clima noir das grandes histórias clássicas de detetive esperam o leitor na ótima HQ Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo. Em apenas 52 páginas a lendária dupla entrega tudo que esperamos de uma história com essa temática: um detetive charmoso e “quebrado”, um crime magnético, muito suspense e uma reviravolta inteligente que é difícil de prever mas que faz todo sentido!
Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo chegou ao Brasil em 2001 no primeiro número da extinta coleção Opera Mundi da editora Opera Graphica. Vale dizer que outros grandes trabalhos da dupla foram publicados nesta coleção: Noturno, Tom´s Bar e Contrastes. Todas ótimas pedidas!
Curiosidade para o leitor: essa edição abre com um “carinho” (ou easter egg?) para os fãs de Ken Parker e você vai conseguir ver uma breve representação do nosso herói logo nas primeiras páginas! Um detalhe que já deu um sabor especial para a leitura logo no seu começo.
Um detetive decadente recebe um caso que movimenta sua vida na HQ Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo
A Trama da HQ Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo
Marvin, o personagem título, é um ex-ator que agora ganha vida como detetive com seu próprio escritório. Sem ter muito sucesso em sua nova profissão e tendo claros problemas familiares (que vão se mostrando no decorrer da leitura) ele sobrevive em um cenário de mudanças em Hollywood no ano de 1928.
A trama nos mostra Marvin investigando o sumiço de uma moça, Marion Colman, a pedido de sua mãe que veio do interior ver a jovem e descobriu que ninguém via a filha há algum tempo. A investigação do nosso detetive começa de maneira simples e óbvia: indo aos locais de trabalho da jovem e conversando com suas amigas. A investigação, que tinha tudo para não dar em nada, logo ganha ares diferentes quando um personagem misterioso começa a se incomodar com as movimentações e perguntas do detetive.
O protagonista faz uma necessária visita ao hospital na HQ Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo
A narrativa proposta por Berardi e Milazzo é similar a muitas outras histórias de detetives que já vimos. O que a torna diferente é justamente a execução: os autores seguem todos os clichês do gênero de forma direta e uma história que tinha tudo para ser previsível consegue se destacar e estabelecer um universo rico em apenas 52 páginas.
Marvin é carismático e apesar de incorporar algumas das características tradicionais dos detetives noir, ele passa longe de ser invencível e por isso mesmo tememos por sua vida durante toda a leitura.
Enquanto lemos e tememos pela vida do protagonista, acabamos deixando passar alguns detalhes que nos ajudariam a “montar o quebra-cabeças” que é o sumiço de Marion Colman. Essa é uma daquelas leituras que nos desafiam e ao terminar percebemos que os autores nos deram tudo que precisávamos para definir o caso antes de Marvin.
Além do roteiro e da temática, vale destacar também o ritmo narrativo e a arte. A história, até pela sua limitada quantidade de páginas, se move de maneira ágil mas nem por isso é corrida ou “mal contada”. O desenvolvimento é certeiro! Em relação a arte de Milazzo é seguro dizer que ela está deslumbrante como sempre e as cenas, em especial os planos abertos, estão lindos!
Um homem é achado morto na HQ Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo
Marvin O Caso de Marion Colman de Berardi e Milazzo é uma ótima leitura para os fãs de uma boa história de detetive noir clássica e para os fãs da dupla italiana criadora de Ken Parker. A versatilidade dos dois impressiona e a sensação para os leitores que já leram outras obras dos autores é que eles seriam capazes de escrever sobre absolutamente qualquer tema.
Uma excelente leitura que nos mostra que narrativas clássicas bem feitas e bem construídas podem surpreender e agradar sem necessariamente quebrar padrões!
Conheça outra grande obra da dupla no nosso review de Tiki O Menino Guerreiro. Veja também uma entrevista que fizemos com um dos autores em Uma conversa com Ivo Milazzo (Ken Parker) – Costelinha
Avaliação: Ótimo!
Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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