Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones – O Ultimato

Ficção científica e uma dura realidade se misturam em uma HQ impressionante que é, nada mais nada menos, do que um “soco no estômago” do leitor. Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones tem uma trama envolvente, veloz e visceral que vai te fazer refletir muito após a leitura. 

A HQ foi originalmente lançada em 2017 pela Boom Studios! com o nome “Strange Fruit” e chegou ao Brasil em uma bela edição capa dura da Mythos em 2018. Os fãs de Mark Waid vão se surpreender porque eu honestamente não me lembro de ter visto nada similar saindo da mente do versátil roteirista. Uma grata surpresa!

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Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones debate o racismo de um jeito que nunca vimos nos quadrinhos!

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A trama e a relevância de Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones

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Antes de falarmos da trama de Fruto Estranho é necessário falarmos da incrível arte de J.G Jones. Honestamente, essa HQ não teria o impacto que tem sem seus desenhos.

As expressões no rosto dos personagens e o traço mais realista (que foge do cartunesco típico das HQ´s) são primordiais para fazer o leitor realmente embarcar de maneira profunda na proposta. Note o horror na cara dos personagens e a forma como eles demonstram incredulidade ou nojo…é absurdamente real!

Falando da trama, Waid e J.G Jones acertam em cheio ao trazer uma história que se passa em 1927 na cidade de Chatterlee no Mississippi. A HQ mostra dois eventos ocorrendo ao mesmo tempo: uma devastadora enchente que tem ameaçado todas as pequenas cidades que beiram o famoso rio americano e o surgimento de um gigantesco e poderoso ser.

O gigante poderia ser a resposta para os problemas da enchente se ele não tivesse uma característica que faz com que a maioria do povo da cidade passe a persegui-lo: ele é negro. 

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O senador da pequena cidade é um dos controversos personagens da HQ Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones

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A HQ é impressionante desde a sua primeira sequência onde ela deixa escancarado que o preconceito e a intolerância são os grandes vilões da história (dúvido que essas primeiras 3 páginas não te causem um impacto muito forte!).

É como se estivessemos assistindo ao surgimento do Superman negro que, infelizmente, foi trazido a um mundo que não aceita o que ele pode fazer por conta da sua cor… 

Se a premissa da HQ é muito inteligente, podemos dizer que a execução é impecável. Os personagens são muito bens construídos e todas as suas nuances ficam explícitas à medida que a história se desenvolve. Atentem-se ao Senador da pequena cidade.

O personagem, que  começa parecendo o mais sensato da obra, perde o brilho quando precisa justificar seus atos ou quando a tal enchente (que é real e histórica!) chega. Além dele, temos diversos outros personagens marcantes que tomam ações que podem parecer absurdas e muito reais ao mesmo tempo…

Aliás, esse é o grande mérito da HQ: retratar personagens de forma tão real e tão bem construída que faz com que os atos que eles tomam realmente sejam críveis (mesmo para o leitor que não conhece a história americana).

O impacto de cada maldade cometida na HQ contrasta com a história de ficção científica que Waid conta ao inserir o gigante na história. Honestamente? A ficção científica fica em segundo plano e o que impressiona mesmo é a maldade e crueldade que a obra retrata..

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A arte de J.G. Jones impressiona na HQ  Fruto Estranho

Fruto Estranho de Mark Waid e J.G Jones só possui, na minha humilde opinião, um deslize: o final corrido. A HQ desenvolve muitas tramas em suas 132 páginas e no final fica a sensação de que nem todos os núcleos receberam a atenção que mereciam.

A origem do gigante, por exemplo, não é explorada. Esse final mais apressado passa longe de tirar o brilho da obra que fica ecoando na cabeça do leitor durante muito tempo.. Uma tremenda leitura!