Ultimato do Bacon

Dora e a Cidade Perdida – O Ultimato

Em 13 de Nov de 2019 4 minutos de leitura
Dora e a Cidade Perdida (Dora and the Lost City of Gold)
Ano: 2019 Distribuição: Paramount Pictures
Estreia: 14 de Novembro (Brasil)

Direção: James Bobin

Roteiro: Tom Wheeler (história); Matthew Robinson, Nicholas Stoller (roteiro); Chris Gifford, Valerie Walsh, Eric Weiner (baseado na série criada por)

Duração: 102 Minutos  

Elenco: Isabela Merced, Michael Peña, Eva Longoria

Sinopse: As aventuras de Dora (Isabela Merced) junto com o seu macaco Botas e a sua mochila falante. Os anos se passaram e novas responsabilidades surgiram na vida de Dora, agora ela frequenta a escola e mora na cidade junto com o seu primo Diego (Micke Moreno). No entanto, ela precisará embarcar em uma nova aventura para salvar seus pais e resolver o mistério de uma antiga civilização perdida.

 

 

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Dora e a Síndrome de Williams

Longa baseado na animação Dora, a Aventureira, que estreia quinta-feira, 14 de novembro, possui diversos níveis e deve agradar crianças e adultos

por Alexandre Baptista

 

Um desenho infantil, voltado para crianças entre 2 e 5 anos de idade. Esta é a demografia de Dora, a Aventureira (Dora, the Explorer, 1999 – 2019), material que inspira o novo longa de Justin Bobin – que tem no currículo os dois filmes dos Muppets, a série de Sacha Baron Cohen, Da Ali G Show (2000 – 2004) e Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, 2016).

Considerando-se que o público original de Dora, a Aventureira está hoje nos seus 20 e poucos anos, é interessante pensar que o longa focasse em um público mais juvenil, com um clima aventuresco e grandioso, ao estilo da franquia de Indiana Jones ou Lara Croft.

E sim, essas são as primeiras associações que o espectador faz, logo no início do filme de Dora. Mas o excelente roteiro de Matthew Robinson e Nicholas Stoller, baseado na história de Tom Wheeler vai além disso.

Logo de cara, a produção já mata a ansiedade dos antigos fãs do desenho animado mostrando Dora (Madelyn Miranda) e Diego (Malachi Barton) aos 6 anos de idade, rodando em um jipe pela floresta, acompanhados do macaquinho Botas – usando suas famosas botas vermelhas – e os objetos falantes, Mapa e Mochila.

Em uma tacada excelente, o longa atende ao fan service e justifica o momento fantástico: tudo não passa da imaginação das duas crianças, brincando no quintal da casa da família, na floresta amazônica peruana.

Em seguida vemos Diego se mudando para os EUA – dando uma versão realista e cinematógrafica para o fim de Dora, a Aventureira.

Dez anos depois, Dora segue se aventurando com seu macaquinho de estimação e recebendo educação escolar em casa, até que uma descoberta arqueológica faz com que seus pais decidam envia-la para ficar um tempo na casa de Diego.

Após um período sofrido de adaptação na cidade grande e, especialmente, na nova escola, Dora suspeita que seus pais estejam em apuros na expedição, uma vez que deixam de fazer contato. Ao decidir salva-los, no entanto, ela e um grupo de amigos se veem raptados por uma equipe de mercenários.

É bem verdade que todo o trecho “escolar” de Dora acaba se tornando bastante descartável para a trama geral do filme. No entanto, o senso de inapropriação da personagem perante o mundo civilizado gera momentos que deixariam os fãs da trilogia Crocodilo Dundee (“Crocodile” Dundee, 1986 – 2001) ou de George, o Rei da Floresta (George of the Jungle, 1997) orgulhosos.

Já o trecho “arqueológico” da história segue bem de perto a cartilha deixada por H. Rider Haggard e seu Allan Quatermain, de onde Spielberg tirou o idolatrado Henry “Indiana” Jones Jr., dando tons mais infantis sempre que possível à trama.

No entanto, o espectador atento irá perceber que tal infantilidade é especialmente pronunciada na personagem de Dora.

Em um exercício de interpretação, seria possível associar as marcantes características da personagem às de uma pessoa com a Síndrome de Williams: o exacerbado extrovertimento e sociabilidade, a falta de vergonha em se expor em público, o exagero de confiança em estranhos, a falta de preocupação perante o perigo e a falta de habilidade social em manter um relacionamento duradouro, ainda que seja hábil em iniciar uma conversa sobre qualquer assunto com virtualmente qualquer pessoa – ou animal, ou coisa no caso de Dora – que esteja presente.

Ainda que a Síndrome seja genética e a falta de traquejo social da protagonista pareça ser causada por sua criação apartada de convívio humano além dos pais, numa versão suavizada dos filhos de Ben Cash em Capitão Fantástico (Captain Fantastic, 2016), a singularidade da personalidade de Dora é colocada de maneira até incômoda no filme e lidada de forma quase explícita nas cenas envolvendo os pais e a avó da garota.

Além desse subtexto, que passa totalmente batido pela grande maioria dos espectadores, a sutil direção de Bobin traz um ritmo e referências a grandes ícones do cinema de aventura e fantasia – incluindo aí a Terra Média (2002 – 2014) de Peter Jackson – e uma cena hilária de psicodelia induzida que vale sozinha o ingresso e homenageia a série original da melhor forma possível.

A trilha sonora é bastante genérica, mas funciona de maneira competente; a trilha musical segue a base do desenho animado, recheada de canções infantilóides recitadas pela personagem principal, completando esse clima misto entre algo totalmente infantil / pré-adolescente e/ou histérico e non-sense.

A atuação em si parece interessante, mas tendo conferido a versão dublada, fica difícil avaliar o trabalho por completo. Isabela Merced (antes conhecida como Isabela Moner) no papel principal convence e está bastante engraçada com seu irrefreável sorriso, otimismo e bom humor; outros destaques vão para Michael Peña e Eva Longoria, no papel dos pais de Dora: pitadas de sarcasmo e uma leve acidez que ajudam o público adulto nos momentos mais complicados do longa.

De maneira geral, Dora e a Cidade Perdida é um filme leve, isento de sustos, palavrões ou qualquer empecilho para que crianças de todas as idades o confiram. É programa ideal para a família com pequenas e pequenos.

E que, de uma forma que parece boba, inocente e infantil, grita em alto e bom som: ser diferente não é um problema.

 

 

Avaliação: Excelente!

 

 

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Trailer

 

 


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