Em parceria com a Tezuka Productions, Naoki Urasawa publicou entre 2003 e 2009 uma de suas obras mais elogiadas. ‘Pluto’ foi compilado em 8 volumes, e está prestes a ganhar um anime com distribuição mundial pela Netflix.
Dica para o leitor: Nós já fizemos uma matéria indicando os melhores mangás de Naoki Urasawa, na opinião da galera aqui do UB. Para conferir mais dicas, além de Pluto, clique aqui.
Pluto de Naoki Urasawa – Contexto
Entre a metade de 1964 até o começo de 1965, o ‘Deus do mangá’ Osamu Tezuka criou um dos arcos mais famosos de sua série “Astro Boy” – “The Greatest Robot on Earth”, presente no volume 13 da compilação japonesa (A série ainda é inédita no Brasil, mas a Editora JBC já anunciou seu lançamento).
A história começa com Pluto, um misterioso robô com chifres – caçando e destruindo o robô Mont Blanc, um dos sete mais fortes do mundo. À medida que a tensão e a violência aumentam, Astro é arrastado para o conflito quando seu mentor, o professor Ochanomizu, é sequestrado. A história conta com um trabalho excepcional de Tezuka, fazendo vários tipos de cenas de luta, e tratando de temas como guerra e poder.
A trama de Pluto de Naoki Urasawa
Naoki Urasawa pega este arco e faz uma reinterpretação em sua série. Só que, ao contrário do clássico de Tezuka – que mesmo também tratando de temas sérios, continuava sendo uma obra infantil- em Pluto, Urasawa trata a robótica de forma madura e com muito mais camadas, fazendo um mangá de suspense policial ambientado em um cenário sci-fi.
O plot de Pluto é parecidíssimo com o de Tezuka: em um mundo onde humanos e robôs coexistem, o poderoso robô Mont Blanc (também aqui) foi destruído. Ao mesmo tempo, um importante ativista protetor dos direitos dos robôs é assassinado.
Os dois incidentes apresentam algo em comum nos locais dos crimes: chifres colocados nas cabeças das vítimas. Gesicht, um competente investigador da Europol, está prestes a enfrentar o mais tenso e complexo trabalho de sua carreira, no qual ele também é uma vítima em potencial.
Com a mudança do personagem principal, de Astro, para Gesicht – outro dos robôs mais poderosos do mundo, Urasawa faz, aqui, uma história de suspense detetivesca, com Gesicht viajando o mundo e descobrindo uma grande conspiração de guerra, além de tentar impedir que Astro e outros robôs morram.
A obra que tem como co-roteirista Takashi Nagasaki e supervisão de Macoto Tezuka (cineasta e filho de Osamu Tezuka) também acerta em sua ambientação, com a principal ameaça aparecendo apenas na metade da série, o que poderia ser um ponto negativo, mas aqui não é.
Pelo contrário, o que se vê até lá é uma construção impecável de personagens e atmosfera, inclusive retratando mazelas que existem na sociedade, como preconceito e conflitos. Porém, o grande acerto da série é como Urasawa humaniza os robôs, fazendo deles personagens densos e profundos.
A arte é um espetáculo à parte, com o lápis característico de Urasawa, reinterpretando personagens de Tezuka, com o seu próprio estilo. As características visuais criadas por Tezuka estão todas respeitadas, porém, Urasawa consegue modernizar e aperfeiçoar os designs, com extrema maestria, combinando-os com seus belos cenários e cenas de ação espetaculares.
Pluto de Naoki Urasawa não é só uma grande celebração à Astro Boy e a Osamu Tezuka. Ele é um dos melhores mangás de um dos principais mangakás em atividade, que expande e melhora um arco clássico com extrema perfeição, e que nos faz lembrar que, não importa quanto tempo passe, boas histórias podem continuar nos levando a lugares espetaculares, se elas forem bem contadas.
Créditos:
Texto: Breno Raphael
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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