Ultimato do Bacon

Cinco indicações para o Crivella

Em 7 de Set de 2019 4 minutos de leitura

por Alexandre Baptista

 

O Ultimato do Bacon, na esteira da estapafúrdia censura (vetada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, decidiu elencar mais cinco HQs que apresentam a temática gay dentro do universo dos super-heróis.

Leia nossa crítica de Vingadores: A Cruzada das Crianças aqui.

A tentativa do prefeito de defender a “família”, esquece que existem milhares de uniões homoafetivas no Brasil e no mundo, muito mais equilibradas e funcionais como família do que a maioria das “famílias tradicionais” por aí.

Nossa lista é uma tentativa de educar o ignorante, retrógrado e intolerante político – que por sua vez prega às crianças uma ficção mais nociva e perigosa do que se pode imaginar.

Mostrar a crianças e jovens a existência da diversidade no mundo é o único caminho verdadeiro para uma vida saudável em sociedade.

Lembrando que, uma vez que o Estado é laico, basear determinadas atitudes, como governante, em preceitos religiosos, é inconstitucional.

Vamos lá?

 

1 – Authority – Apollo e Meia-Noite

 

Cortando o papo furado e resumindo a criação destes personagens de Warren Ellis e Bryan Hitch, originalmente na WildStorm de Jim Lee, podemos dizer numa versão simplista que Apollo e Meia-Noite são versões alternativas do Superman e do Batman.

Mais violentos que suas versões mainstream, a dupla deixaria o Superman de Injustiça e o Batman de Frank Miller tremendo de medo, facilmente.

Meia-Noite, por exemplo, raramente deixa algum inimigo vivo. Bandido bom, é bandido morto. Wilson Witzel curtiu.

Detalhe: ambos são casados. Entre si. Crivella não curtiu.

Infelizmente o volume 1 do omnibus de Authority, publicado pela Panini, está esgotado e a série solo de Meia-Noite e Apollo pós-Novos 52 ainda não fui publicada no Brasil. O jeito é apelar para as edições americanas.

 

2 – Gotham D.P.G.C.

A série de Ed Brubaker e Greg Rucka ganhou prêmios não por acaso. Mudando o enfoque das aventuras passadas na cidade do Batman, ela mira na atividade dos policiais do Departamento de Polícia de Gotham City – o D.P.G.C. do título – e deixa o Homem-Morcego e sua Bat-Família – bem como os grandes vilões – um tanto de lado.

Veja os vídeos do Sobrecapa sobre a série aqui.

Publicada em quatro volumes pela Panini – No Cumprimento do Dever, Alvos Fáceis, Sob Suspeita e Corrigan – a série dá bastante destaque para Renee Montoya, detetive policial do Departamento que teve importância nas aventuras do Batman desde sua criação em 1992 na série animada do Morcego.

Na trama, ela é apresentada como ex-parceira de Harvey Bullock, expulso da força policial. Ao investigar um caso, começa a se enroscar numa teia de corrupção policial e tem sua sexualidade exposta em vingança. Maggie Sawyer, a capitã de polícia e também lésbica, é uma das únicas a ficar a seu lado durante a onda de recriminação que Montoya sofre.

Um detalhe: Montoya tem um relacionamento ocasional com…

 

3 – Batwoman

Com um encadernado recém-lançado pela Panini que pode vir a esgotar em poucos dias caso o Crivella decida falar algo, Kate Kane, ou melhor, Batwoman, já foi esposa de Bruce Wayne durante a Era de Prata e a Era de Bronze.

Criada para aplacar a opinião pública influenciável dos anos 50, após a publicação de A Sedução dos Inocentes de Frederic Wertham (uma espécie de Crivella alemão que se metia a escrever livro sobre as bobagens que pensava), Batwoman era a presença feminina necessária na Bat-Família Cristã Tradicional. A intenção era apaziguar as acusações de que o Batman teria uma relação de pedofilia gay com Robin e receber o selo de aprovação da recém-criada Comics Code Authority.

Hoje em dia a personagem sofreu uma grande repaginação: prima de Bruce Wayne, Kane é lésbica e vai estrear sua própria série em 06 de Outubro no CW. Será que o prefeito consegue censurar a programação da TV a Cabo?

Esperamos que jamais. Vida longa à falsa ruiva!

 

4 – Convergência e Multiverso DC – Lanterna Verde (Alan Scott da Terra 2)

Com as únicas aparições no Brasil nos títulos mencionados acima, nossa próxima recomendação ao senhor prefeito é o clássico personagem Lanterna Verde.

Talvez a homoafetividade dele seja a mais questionável da lista, uma vez que partiu de uma jogada de marketing rosa da DC Comics. A editora anunciou, à época, que um de seus grandes personagens, da primeira linha, seria gay. Anunciou posteriormente que seria o Lanterna Verde. E por fim, que seria o Lanterna original, Alan Scott – e não o mais popular e querido, Hal Jordan.

Alan sofreu uma repaginação durante o período conhecido como os Novos 52, fazendo com que sua história de origem fosse uma tragédia amorosa também.

Quando Alan finalmente arruma coragem em pedir o namorado Sam Zhao em casamento, o trem em que ambos viajavam sofre um acidente. Zhao morre, bem como os demais passageiros e Alan, ainda vivo, se depara com uma chama verde senciente que o escolhe como protetor da Terra.

A história em si é bastante boa. Mas talvez tivesse sido mais decente da parte da DC criar um novo personagem em vez de recozinhar um medalhão em fogo brando.

 

5 – Jovens Titãs – Aqualad

Quem acompanha os episódios da animação Justiça Jovem sabe que o Aqualad é gay. Embora ali seu alter ego seja Garth, filho adotado de Aquaman, nos quadrinhos é Jackson Hyde, filho do Arraia-Negra.

Apesar de originalmente heterossexual, a partir do Renascimento Hyde foi reapresentado como um personagem gay, assim como sua versão na animação.

Suas aventuras podem ser acompanhadas nas dezenove edições de Jovens Titãs da Panini.


E aí, o que achou da lista? 

Será que o pastor, digo, prefeito, vai aprovar?

Fique ligado no Ultimato do Bacon para mais listas e polêmicas!

 


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