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Superman O Legado das Estrelas – Baú de HQs

Em 5 de Mai de 2020 5 minutos de leitura
Superman Lois Lane Helicoptero Legado das Estrelas Mark Waid

Poucos personagens tiveram sua história de origem contada tantas vezes quanto o Homem de Aço e Superman: O Legado das Estrelas é mais uma dessas histórias.

Em 2003 a DC Comics entendeu que era hora de atualizar, uma vez mais, o mito do seu super-herói mais icônico. A última versão do surgimento havia sido contada por John Byrne no pós-crise em Superman: O Homem de Aço (Superman: The Man of Steel, 1986). O veterano Mark Waid assumiu os roteiros e Leinil Francis Yu e Dan Raspler assumiram os desenhos.

Superman: Birthright, título original da saga, foi originalmente publicado em 12 edições entre 2002 e 2003 nos EUA e chegou ao Brasil pela primeira vez em 2004, no formato minissérie, em seis edições.

A HQ foi republicada em capa dura pela Panini em 2006 – em uma edição única – e pela Eaglemoss em 2018, também em capa dura, nas edições DC Comics – Coleção de Graphic Novels #57 e #58.

Superman salva Lois Lane nas páginas de Superman: O Legado das Estrelas da DC Comics.

Mark Waid tinha uma missão dura pela frente: atualizar a ótima origem do Superman que foi reimaginada por John Byrne.

Waid começa focando no óbvio: o que o Homem de Aço fez depois de terminar o colégio? A narrativa leva a história por um caminho completamente diferente e faz revelações e inclusões muito relevantes na mitologia.

Clark Kent passa alguns anos viajando pelo mundo e escrevendo matérias sobre diversos acontecimentos. O personagem logo aprende que o medo do desconhecido é uma constante e, toda vez que precisava usar seus poderes, sentia seus novos aliados virando as costas para ele.

O jovem Kent conhece Kobe Assuru: um líder de tribo africana que enfrentava os maus tratos de uma tribo que se dizia superior. A trama mergulha na política africana e mostra para o inquieto jovem americano que não fazer nada pode não ser uma opção.

Após os acontecimentos com Kobe, Kent retorna para sua Terra natal para pensar no que quer de seu futuro e como pode usar seus dons para o bem.

Os elementos principais permanecem intocados nessa etapa: o uniforme feito pela mãe, o medo que seu pai tinha de “perder o filho” para uma herança desconhecida e a decisão de ir para Metrópolis ser jornalista.

Waid é brilhante ao explicar porque as pessoas não reconhecem Clark Kent: os óculos refratam o azul “de outro planeta” dos olhos, as roupas largas não evidenciam seu porte físico e até a voz, através de seu tom, são alterados para que Clark vire o tímido jornalista e não seja associado com o Homem de Aço – sua mãe inclusive fala para que o filho estude técnicas de teatro para que o disfarce seja perfeito. Tais trejeitos criados para Clark Kent o colocam em apuros diversas vezes em Superman: O Legado das Estrelas.

O disfarce de Clark Kent começa a ser pensado por sua mãe em Superman: O Legado das Estrelas da DC Comics.

Se John Byrne coloca o primeiro encontro de Lois e seu “homem voador” sendo o resgate de um ônibus espacial, Mark Waid faz questão de homenagear o filme Superman: O Filme (Superman: The Movie, 1978) e coloca o primeiro encontro acontecendo com o Homem de Aço salvando Lois e Jimmy de um helicóptero em queda (os mais atentos vão perceber que Lois cita o salvamento do ônibus espacial, mas ele não é tão relevante).

Interessante também perceber que as viagens de Clark pelo mundo afetaram Lois, que na história é retratada como “a repórter que perdeu a credibilidade por perseguir um homem voador imaginário que ajuda as pessoas”. A relação de Lois x Superman x Clark Kent é bem explorada e temos momentos “tensos” com a personagem pensando se conhece Kent de algum lugar…

Aliás, relações é o que essa história traz de mais interessante! Luthor, que na versão de Byrne nunca esteve em Smallville, volta a fazer parte da adolescência de Clark como o “amigo esquisito que ninguém gostava” e sua cara no primeiro encontro com Kent em Metrópolis mostra bastante do desprezo do personagem pelo passado e pela humanidade – ele inclusive diz que seu objetivo é destruir o Homem de Aço porque ele olhou para ele como se fosse uma formiga – segundo Luthor, o mesmo olhar que ele lança para a raça humana.

Apesar de Luthor ser a grande ameaça da HQ – e ganhar boa parte do foco – a relação de Clark com seus pais ainda é muito bem explorada e temos momentos muito afetuosos e conversas emocionantes entre os três.

Quem fica de fora da HQ é Lana Lang que é apenas citada quando Clark retorna da África – a personagem foi bastante explorada na versão de Byrne.

Krypton tem seu visual modernizado por Mark Waid, Leinil Francis Yu e Dan Raspler em Superman: O Legado das Estrelas.

Krypton é outro grande acerto da HQ. A história de Lara e Jor-El é contada de forma emocionante e os visuais mais modernos permitem uma identificação maior com a cultura do planeta – que é descrita como sendo um mundo “que cansou das guerras e conseguiu uma sociedade unida”.

Os diálogos entre os pais biológicos do Superman mostram a dificuldade em decidir se devem ou não enviar o filho para o espaço – para a sorte dos fãs a inevitabilidade do fim faz com que eles optem por mandar o pequeno Kal-El rumo ao desconhecido.

A forma como Clark descobre sobre seus pais e Krypton também é muito diferente da versão de John Byrne em Superman: O Homem de Aço.

Na versão de Waid, o único contato que Superman tem com sua cultura é um livro eletrônico – similar a um tablet com projeções em 3D – que conta a história do planeta. Clark não consegue entender as falas mas muitas imagens falam por si só. Ele só descobre mais sobre Krypton quando Luthor faz revelações a seu alter-ego Superman.

Apesar do distanciamento e de desconhecer a história do seu planeta natal, ele entende que o “S” é um símbolo importante para seu povo e decide utilizá-lo para fazer o bem. Os pais biológicos do herói protagonizam uma emocionante cena de fechamento na HQ que pode arrancar lágrimas dos fãs mais fervorosos.

Uma das muitas imagens de Krypton que Clark vê em seu livro na história Superman: O Legado das Estrelas.

Superman: O Legado das Estrelas é um tremendo acerto de Mark Waid e da DC Comics porque atualiza o mito do Superman para novos leitores que pudessem considerar a ótima versão de John Byrne datada.

Waid respeita os grandes acertos da versão de Byrne, mas traz atualizações que engrandecem a história e dão um ar de modernidade a trama (sou particularmente fã das viagens de Clark antes de se tornar Superman).

A ameaça criada por Luthor na HQ é bem interessante e dialoga com o conceito de confiança – algo essencial para o personagem e sua missão.

Leitura obrigatória para os fãs do Homem de Aço e mais uma prova do talento de Mark Waid!

 


Créditos:

Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Alexandre Baptista

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