Ultimato do Bacon

Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa – O Ultimato

Em 5 de Fev de 2020 6 minutos de leitura
Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (Birds of Prey)
Ano: 2020 Distribuição: Warner Bros.
Estreia: 06 de Fevereiro

Direção: Cathy Yan

Roteiro: Christina Hodson

Duração: 109 Minutos  

Elenco: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Rosie Perez, Chris Messina, Ella Jay Basco

Sinopse: Arlequina (Margot Robbie), Canário Negro (Jurnee Smollett), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez) formam um grupo inusitado de heroínas. Quando um perigoso criminoso começa a causar destruição em Gotham, as cinco mulheres precisam se unir para defender a cidade.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Aves de Rapina ou O Esquadrão Semi-Suicida de Harleypool

Longa da DC/Warner acerta ao não se prender em detalhes e seguir com ousadia estruturas básicas do bom cinema

por Alexandre Baptista

 

Muita gente ainda não conhece meus textos. Muita gente que conhece, acaba não lendo. Mas parece que alguém na Warner lê. Ah, eu tenho CERTEZA que sim. Quem leu minha matéria sobre Crise nas Infinitas Terras (Crisis on the Infinite Earths, 1985), de 2018 (baseada num vídeo que fiz em 2015) e assistiu o especial homônimo do CW, sabe que sim.

Foi aqui no Ultimato do Bacon ou no Costelinha que eu mencionei que um dos grandes erros do filme do Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016) foi querer inserir uma grande vilã e um grande vilão místicos no filme, um arco que colocava o mundo em risco, dando uma escala global e gigantesca para um longa que deveria focar em black ops, resgastes e missões sigilosas.

Foi também aqui que eu mencionei que alguns personagens da DC se beneficiariam demais com o estilo de narrativa utilizada no filme do Deadpool (2016), injetando um pouco de comédia beirando o non-sense, acrescentando leveza e brincadeiras típicas de personagens como Homem-Borracha, Arlequina, Gladiador Dourado e Besouro Azul, entre outros.

E mais de uma vez, foi aqui que comentei que uma boa adaptação é aquela que usa a essência de um personagem e de um universo para contar histórias novas daquilo. Uma adaptação ipsis literis nem sempre é garantia de bons resultados. Boas histórias, que respeitam o cerne de um personagem, sim.

Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa usa exatamente essa cartilha, de forma magistral, construindo um longa divertido, violento e corajoso.

Um detalhe: em duas ou três cenas, no apartamento da Arlequina, a televisão está ligada e algum desenho animado dos Looney Tunes está passando – se não me engano, um deles é Frajola e Piu-piu. O importante desse detalhe de cena é que é justamente esse o clima do filme. A "violência fofa". Pessoas explodem; hienas comem pessoas; tiros, facadas e ossos quebrados em profusão… mas a aura “fofa” e o jeito infantilóide de Harleen dão uma aura de cartum para tudo aquilo.

Harleen Quinzel ou Arlequina está representada em sintonia com o que a personagem sempre foi: apaixonada pelo Coringa, psicologicamente perturbada, desiludida com o relacionamento abusivo, inteligente ainda que inconsequente, imprevisível. A atuação de Margot Robbie é ainda mais divertida que em sua encarnação anterior. Rosie Perez é a Montoya perfeita; seria realmente impressionante vê-la como Questão ou nas diligências ao lado de Harvey Bullock. Mary Elizabeth Winstead ficou ótima como a Caçadora e funcionaria como um belo equivalente/desafio ao novo Batman. Jurnee Smollett-Bell ficou bem de Canário Negro, embora seja uma versão bastante diferente da que conhecemos nos quadrinhos; para o filme, funcionou perfeitamente e sua história é bem factível.

Além do elenco principal, destaque vai para o Máscara Negra de Ewan McGregor e o Vitor Zsasz de Chris Messina. Depois da decepção que foi o Zsasz da série Gotham (2014-2019), foi ótimo ver o personagem mais em sintonia com sua essência.

A trilha sonora é ótima, com um clima que lembrou muito a trilha de Rainhas do Crime (The Kitchen, 2019), com clássicos como It’s a Man’s Man’s World de James Brown; Black Betty do Ram Jam; Barracuda do Heart; uma versão bizarra assinada por Saweetie & GALXARA de Sway With Me e uma versão pós-moderna de Diamonds are a Girl’s Best Friend em uma cena que remete a Marilyn Monroe em Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, 1953) e ao mesmo tempo ao estilo visual e coreográfico dos clipes de Lady Gaga – uma cena que, sozinha, já diz muito, muito, muito mais sobre feminismo que diversos discursos ensaiados.

Espere quebras de quarta parede e conversas com o público; espere pequenos easter eggs conectando o universo DC dos filmes, como pequenas menções ao Batman, a Bruce Wayne, ao Coringa e inclusive ao Capitão Bumerangue de Esquadrão Suicida.

O roteiro é um coquetel baseado na Jornada do Herói – ainda que a Arlequina seja uma anti-heroína – e com elementos de clássicos dos anos 80 como Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off, 1986) e Os Aventureiros do Bairro Proibido (Big Trouble in Little China, 1986), Batman: A Máscara do Fantasma (Batman: Mask of the Phantasm, 1993) bem como o já mencionado Deadpool.

O resultado é um filme leve, com muitos tiros e ossos quebrados; uma cena incrivelmente corajosa, movida a cocaína, que é capaz de passar batida por muita gente; um desvario digno do Coringa, mas focado no ponto de vista feminino e na superação dos constantes abusos a que são submetidas as mulheres numa sociedade machista.

Como assim, ponto de vista feminino? Em qual outro filme, durante uma luta em que uma mulher esteja envolvida, a direção escolhe mostrar uma das protagonistas amarrando o cabelo – que está atrapalhando durante a luta – em vez de focar as curvas da referida “garota”? Ponto de vista feminino. E muito bem-vindo.

A Marvel pode estar liderando a corrida cinematográfica… mas precisa correr muito pra alcançar a DC neste quesito.

Único detalhe que tira um bacon do filme é a Cassandra Cain de Ella Jay Basco: embora a atriz faça justiça ao papel que lhe foi dado, a personagem não tem absolutamente nada da Órfã que conhecemos. É bastante incômodo ouvir o nome sem que esteja associado a quem ele de fato representa. Poderiam ter dado um nome genérico, como fizeram com o ex-parceiro de Montoya (que não é o Bullock).

De toda forma, mais um grande acerto da Warner / DC nos cinemas que possibilita um multiverso de opções a seres exploradas.

 

 

Ultimato do Bacon

Avaliação: Ótimo

 

[tabby title=”Diego Brisse”]

 

A situação cinematográfica da DC é complicada desde sempre. A Warner mesmo com todo o universo DC em mãos há milhões de anos, não conseguiu criar um universo coerente, ficando sempre presa em filmes ou franquias isoladas e quando tentou criar um universo compartilhado, tomou as piores decisões possíveis, incluindo ouvir demais o público insuportável já viciado na fórmula Marvel.

Acabou pondo tudo a perder em pouquíssimo tempo. Agora volta a decisão antiga de “desistir” de construir um universo e deixar os filmes mais isolados. E pelo que temos visto em seus lançamentos recentes, parece ser o ideal!

Em especial porque Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa não se encaixa em lugar nenhum… talvez…

Antes de mais nada é importante lembrar que ninguém foi enganado pelos trailers, como aconteceu com Esquadrão Suicida (lixo absoluto!!!). O filme entrega justamente o que foi prometido. Uma trama boba, com visual colorido, violência estilo Deadpool, só que fofa e carnavalesca, sem muito sangue e foco no girl power.  O filme se esforça para ser ruim, zombando de si mesmo na maior parte do tempo, apontando suas incoerências e problemas.

Para leitores do universo DC, em especial do Batman, muita coisa incomoda. Muita mesmo. Porém é importante relevar e, além do mais, vale repetir: ninguém foi enganado pelos trailers!

Mesmo assim é fácil se revoltar com a “falta de respeito” com que representam o Máscara Negra e Victor Zsasz (esse então…). O filme sofre um pouco com esse desequilíbrio entre o sombrio e o ridículo, o que acaba atrapalhando um pouco a experiência.

Margot Robbie continua muito à vontade com a personagem e entrega 100% do esperado, protagoniza cenas de ação muito divertidas e eleva todos os momentos ridículos do filme com muita competência, transparecendo toda a loucura da personagem de forma muito natural. Quanto as “amigas”, fica o destaque para Mary Elizabeth Winstead como Caçadora! Foi de longe a melhor personagem do filme.  Mesmo com pouco tempo de tela, dá para ver que tem muito potencial. Infelizmente a vibe do filme de não se levar a sério tira muito peso da personagem.

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa pode não ser um ótimo filme. É bem esquecível até, mas cumpre a principal função do cinema: entreter! É divertido, bem família e entrega justamente o que foi prometido. O público em geral vai adorar e não me surpreenderia se em breve for anunciada uma continuação. Para os fãs de quadrinhos, nerds, geeks, pode ser incômodo e com certeza teremos muito mimimi e blá blá blá. Para fins de comparação, está no mesmo nível que Thor: Ragnarok!

 

 

Avaliação: Bom

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Trailer

 

 


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