Ultimato do Bacon

Filme de Crise nas Infinitas Terras seria a solução para o universo DC nos cinemas

Em 26 de Out de 2018 9 minutos de leitura

Recheado de participações especiais, longa estabeleceria um cânone absoluto para os produtos da editora – o Multiverso DC

por Alexandre Baptista

 

Todo fã de super-heróis segue esperando um grande filme baseado nos quadrinhos da DC Comics. Desde Batman em 1989, a trilogia de Christopher Nolan foi o que mais se aproximou do cumprimento de expectativa por parte dos fãs – Batman: O Cavaleiro das Trevas agradou tanto ao público que os executivos da empresa decidiram basear todo o universo cinematográfico dali em diante nessa premissa “realista e sombria”. O que foi um grande erro.

 

Comparação entre cena original de O Homem de Aço e cena recolorizada pelo Appmakers VideoLab: mudança de tom.


Não vamos aqui malhar ferros frios, apontando a sucessão de erros cometidos pelo estúdio com tudo o que se seguiu: Batman: O Cavaleiros das Trevas Ressurge; O Homem de Aço; Batman v Superman: A Origem da Justiça. Filmes equivocados mas que mantinham coerência entre eles. Roteiros ruins e com grandes falhas, realçados pelos cortes totalmente sem sentido exigidos pelo estúdio para atender o padrão de tempo de duração comercial dos filmes para o circuito exibidor. Mas o pior estava por vir.
*estamos excluindo conscientemente Mulher-Maravilha da lista pois trata-se de algo à parte.

 

Eita bigode!



Sem saber exatamente como seria, podemos apenas supor as ideias que Zack Snyder tinha para o filme da Liga da Justiça. E tudo o que ocorreu, inclusive a tragédia pessoal que o cineasta sofreu, contribuiu para a catástrofe que foi o longa. Os executivos se precipitaram e ordenaram uma “correção” absurdamente equivocada. Tentaram corrigir o curso de um míssil que estava muito próximo de seu destino final. Não atingiram o alvo; a detonação aconteceu do mesmo jeito, fazendo estrago próximo ao alvo mas sem tempo de atingir o “novo alvo” de fato – a pior solução foi a adotada.

No entanto, Liga da Justiça ainda poderia ser o filme que pavimentou o renascimento do universo DC nos cinemas. Bastaria coragem dos executivos para tanto e liberdade ao setor criativo, bem como profissionais que tivessem conhecimento e paixão pelos personagens envolvidos no roteiro: Mark Waid; Grant Morrison; J. Michael Straczynski ou alguém desse calibre.

Pensando nisso, uma ideia surgiu lá atrás, logo após Batman v Superman. Falei disso no Sobrecapa na época mas com tantas mudanças ocorrendo no DCEU nos últimos dias, decidi voltar a ela e contar um pouco mais pra vocês. Essa ideia é a base de um roteiro de um filme da Liga da Justiça. O longa seria em duas partes e seguiria na sequência do primeiro filme. O título? Liga da Justiça: Crise nas Infinitas Terras.

 

Crise nas Infinitas Terras: Saga de 1985 que reformulou todo o universo DC nos quadrinhos pela primeira vez.


 

O primeiro ato do primeiro filme mostraria os heróis da Liga em seus afazeres normais: vida civil e combate ao crime intercalados. Rápidas cenas, com cada um dos heróis, mostraria que alguns crimes impedidos teriam o envolvimento de parademônios. Mulher-Maravilha e Ciborgue juntos em Boston. Batman em Gotham. Superman e Aquaman no Oceano Índico. O último a impedir algum mal-feito por um parademônio seria o Flash na África. Encontrando a Liga reunida e já debatendo o assunto, Barry entra na Caverna do Morcego para uma notícia urgente, que ele acha ser inédita mas que todos já sabem: “Gente, eles estão de volta.”

Enquanto isso, em outra parte do Multiverso, vemos o globo do Planeta Diário. A câmera desce para as ruas e vemos Tom Welling nos trajes de Clark Kent, andando apressado pelas calçadas. Ele entra em um beco, a câmera vira na direção oposta e mostra um pequeno grupo de parademônios destruindo carros, atacando pessoas. Estão fixando um dispositivo no meio da rua semelhante a uma caixa materna, porém maior. A câmera retorna ao foco inicial: Superman sai do beco e ataca os parademônios que ativam o dispositivo. Uma bolha de energia branca varre a cena.

Tom Welling: Superman [crédito: CW]


 

Corta para outra cena. Ponto de Fuga, um local além do espaço-tempo. Rip Hunter controla alguns equipamentos, checa monitores e declara: “Começou. Estamos atrasados.”. Matthew Rider, vestido em uma roupa especial parecida com um collant amarelo entra em uma câmara hiperbárica conectada aos computadores: “Vamos lá”. Hunter inicia o processo, injetando fluídos na câmara, irradiando-o com algum tipo de energia luminosa. O processo termina. Matt Rider sai da câmara transformado. “Deu certo Hunter. O Cavaleiro do Tempo vive. Posso sentir as possibilidades temporais de todos os tempos, infinitas delas… de uma forma antes inconcebível para mim. Posso te garantir que qualquer dispositivo de viagem no tempo que exista não é nada comparado ao que posso fazer. É… fascinante! Eu sinto isso em mim!”. Rider então pergunta preocupado: “E a ameaça? É real como indicam nossas pesquisas?”. Rider responde: “É pior. Preciso partir imediatamente para garantir o maior número deles conosco. O multiverso está sendo destruindo e o tempo está acabando. O tempo está sendo morto.”.

 

Matt Rider como "Tempus" ou "Cavaleiro do Tempo" em tradução mais recente. Armageddon 2001.


O roteiro segue nessa linha e ao longo do filme vamos descobrindo algo que a DC deveria ter levado em consideração desde sempre: que “infinitas Terras” significa Terras INFINITAS. E isso, extrapolado para outras mídias, permite que todas as produções de todos os tempos na editora sejam canônicos, desde que estejam estabelecidos em “outra Terra”. Mas voltaremos a isso depois.

Um pouco mais adiante no roteiro, vemos um Bruce Wayne representado por Michael Keaton sentado de frente para os computadores da Batcaverna, quando nota algo em uma das telas. Em uma moldura de vidro próxima, atrás dele, está seu uniforme de Batman dos filmes de Tim Burton. Ouvimos sons de alguém treinando mais além na caverna. Bruce levanta com dificuldade, pega uma bengala e se aproxima do jovem. “Terry, vista-se. Algo muito errado precisa da nossa atenção.”. Uma bolha de energia dourada se materializa entre eles: o Cavaleiro do Tempo, Matt Rider. “Senhores, sei que vocês não me conhecem mas o multiverso precisa dos Batmen. Todos eles.”.

 

Fan art de BossLogic mostrando Michael Keaton como Bruce Wayne em um imaginado filme de Batman do Futuro. Quem quer levanta a mão!

 


 

À medida que os heróis vão sendo reunidos no Ponto de Fuga, percebemos referências na cena que garantem a inclusão de todos os seriados, hqs clássicas, desenhos animados; sejam sucessos ou flops. As telas no Ponto de Fuga mostram cenas do filme do Superman de 1978; Batman de 1989; Mulher-Maravilha (a série) dos anos 70; vemos um Batman vestido como Adam West em Batman e Robin; uma atriz muito parecida com Linda Carter, veste o uniforme de Mulher-Maravilha da série (Katie McGrath talvez?); Shaquille O’Neal segura seu capacete de Aço e conversa com Dean Cain em um canto, vestido com um uniforme negro e sem capa de Superman. Outros heróis vestem uniformes nitidamente inspirados nas artes de Alex Ross para O Reino do Amanhã.
 

Shaquille O'Neal em Aço: Nolan, é você?


 

Algumas pessoas podem dizer “mas e o custo de tudo isso?” – pequenas participações, a grande maioria com atores desconhecidos. Mesmo os já famosos teriam certamente um custo muito abaixo do que o que foi pago pela Marvel em Vingadores: Guerra Infinita. Mas haveria um investimento, claro. No entanto a ideia seria responsável por manter filmes como Lanterna Verde; Liga da Justiça e Aço, vendáveis. Em catálogo. Além de abrir possibilidades para novas séries como Batman: Azrael. Imaginem em uma das Terras uma rápida visão de um Batman com a armadura da época da Queda do Morcego e a possibilidade de uma série derivada, centrada nisso? Um filme ou trilogia, com Michael Keaton como Bruce Wayne sendo o mentor de Terry McGinnis como Batman do Futuro?

Ou ainda, imaginem essa cena:

Noite em Gotham, um vilão foge pelas ruas assustado. Apavorado. Uma sombra se aproxima pelas escadas de incêndio seguindo-o, até que pula sobre ele. A câmera, filmando por trás de ambos revela a silhueta do Batman sobre o bandido. Um barulho semelhante a uma explosão desperta a atenção do Batman que se vira na direção da câmera. Olhos vermelhos e caninos protuberantes, sangue escorre da boca. Ele solta o bandido desfalecido no chão e, num movimento parecido com o rastejar de um morcego nas paredes de uma caverna, sobe se esgueirando pelo muro de um dos prédios e sai de vista. Uma onda de energia branca varre a cena. A entropia destruiu mais um mundo.

 


Batman: Tempestade de Sangue


Alguém duvidaria de uma série de terror com o Batman de Chuva Rubra?

Tudo bem. Agora foi exagero. Então falemos em recuperar Ryan Reynolds como Lanterna Verde.

Ponto de Fuga. Vários heróis reunidos. Em um pequeno aglomerado vemos Lanternas Verdes. Mas não parece ser a Tropa e sim várias versões do mesmo Lanterna. Vemos vários Ryan Reynolds vestidos com uniformes: um deles veste uma versão em tecido, semelhante ao design de Alex Ross para o personagem; outro, com uma versão em CGI, igual a do filme de 2011; outro Reynolds, veste um uniforme semelhante ao adotado por Kyle Rayner nos quadrinhos dos anos 90; outro ainda, veste uma versão atualizada, um uniforme bacana e em sintonia com o design adotado para os demais uniformes de membros da Liga. Este seria o Lanterna a ser adotado daqui pra frente nos filmes. Eles conversam entre si e podemos ouvir frases comparando suas vidas. É notório que muitas coisas foram semelhantes mas muitas foram diferentes com cada um deles. O Lanterna Verde do filme de 2011 não é do mesmo universo que a Liga. Mas o Lanterna Verde com o uniforme novo sim. E, sem precisar de um filme de reboot, o personagem estaria novamente apto para participar do universo cinematográfico da DC, permitindo assumir tanto parte da história já contada em 2011, como também alterá-la sem perigo de críticas. Afinal, não se trata do mesmo Lanterna.

 

 

Não. Não precisa ser esse Lanterna.

 


O extenso roteiro ainda estabelece as motivações dos vilões para os dois filmes. Darkseid se apresentaria como vilão no primeiro filme para ao final (assim como em Odisséia Cósmica) se juntar temporariamente aos heróis. Ele lutaria no segundo filme contra o verdadeiro risco à existência: o Antimonitor. Isso permitiria também, conectar a história aos guardiões, o grande livro de Oa e injetar elementos aproveitáveis do filme do Lanterna Verde, abrindo caminho para filmes solo do personagem nessa nova linha narrativa.

A épica batalha final aconteceria no Ponto de Fuga e envolveria um sacrifício do Cavaleiro do Tempo: ao transferir toda sua energia cronal para o Flash, Rider sucumbe mas permite que o velocista atinja uma velocidade muito além da Força de Aceleração. Sua nova velocidade e o esforço combinado dos heróis seria a única forma de aniquilar a integridade física e energética do Antimonitor e garantir a vitória da Liga e seus aliados. No entanto a energia cronal em seu corpo imediatamente começa a se tornar instável e Barry começa a envelhecer de forma acelerada para o espanto de todos – sendo também uma referência visual da Crise nos quadrinhos. Batman diz “Você precisa se livrar do excesso de energia cronal em seu corpo! Corra Barry, corra.”. Ao começar a correr, Barry já é praticamente um esqueleto vivo. Tudo se congela ao seu redor e então vemos um borrão dos corpos a medida que ele se desloca cada vez mais rápido. Forma-se um túnel de energia e, aos poucos, Barry vai recuperando a vitalidade de seu corpo. Cenas do filme todo vão sendo ouvidas durante sua corrida e o tempo em volta deles está sendo revertido. Quando Barry termina sua corrida, todos estão ali e nada parece ter mudado. No entanto o tempo foi revertido e as coisas voltaram ao normal com algumas mudanças: a batalha final aconteceu num local fora do espaço-tempo mas com capacidade de interferir no multiverso. Ao se libertar da energia cronal em seu corpo, Barry a projetou no multiverso, causando a reversão temporal em todo o cosmos.


Sacrifício clássico: Barry Allen salva o multiverso em Crise nas Infinitas Terras (1985).


Ainda que seja apenas um primeiro estudo que não foi nem sequer realmente estruturado em forma de roteiro e que mereça ser melhorado e verificado para evitar falhas e incoerências, esse exercício de imaginação apresentado teria o potencial de permitir à Warner e à DC uma base bilionária para a exploração de todos os seus produtos. Em apenas um filme de duas partes a empresa transformaria tudo em cânone. Teen Titans Go. Superamigos. A Era de Ouro. Todos os Elseworlds. Watchmen. A série do Flash anos 90. O Arrowverse. Gotham. Batman: a série animada. DC Um Milhão. Superman de 1978. Superman: O Retorno. Aço. Liga da Justiça de 1994. O Homem de Aço. Titãs.  Tyler Hoechlin como Superman em Supergirl. Michael Keaton como Batman. Lois e Clark. Smallville. E muito mais. Também, aproveitaria atores e franquias queimadas, finalizadas e fracassadas. Recuperaria momentum e todo o esforço investido desde O Homem de Aço.

 

Quem lembra do Superboy da TV?

 


E pra que? Imaginem a liberdade criativa em se fazer filmes e séries que podem ser “stand alone”, individuais, mas ao mesmo tempo podem dividir um universo compartilhado. TODOS os materiais estariam conectados sob a égide do multiverso. Sem precisarem ser totalmente coerentes entre si. Poderíamos ter um reboot da série clássica do Batman dos anos 60, atualizada e voltada ao público infanto-juvenil. Nos moldes de Doctor Who, a dupla dinâmica enfrentaria vilões e fascinaria o público com gadgets e invenções; estratégias e mistérios. Por outro lado, a série dos Titãs atualmente em exibição poderia estar conectada ao universo de Batman v Superman: A Origem da Justiça. AO MESMO TEMPO, poderia estar em desenvolvimento uma nova trilogia baseada no Nolanverse, estrelando Joseph Gordon-Levitt como Robin John Blake: Nolanverse parte 1: Robin; Nolanverse parte 2: Asa Noturna; Nolanverse parte 3: Batman Começa Novamente (Batman Begins Again).

 

Fan Art de John Blake (Joseph Gordon Levitt) como… Batman? Asa Noturna?
Enfim, ficou massa pra caramba. Desde que não seja dirigido pelo Joel Schumacher.

 


“Ah, mas é muito confuso pro expectador…” Mais confuso do que a quantidade absurda de flops e elementos desconexos que temos hoje? Powerless, Raio Negro, o Arrowverse, o DCEU, a série dos Titãs, Teen Titans Go, Aves de Rapina, Smallville, as animações da DC… O público já está acostumado a saber que “AQUELE Superman não é ESSE Superman”. Afinal, são 80 anos de histórias, mudanças, origens e origens secretas.

O que falta agora é que os executivos tenham coragem em fazer algo arriscado mas que daria um retorno incrível. Bilionário. O caminho do fracasso, eles já conhecem. O maior risco para a Warner e a DC nesse caso seria: assim como a Marvel arriscou com o MCU; assim como a Fox arriscou com Deadpool e Logan; realizar um projeto grandioso e ter sucesso.

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