O poderoso e ameaçador Mongul está de volta em uma trama cheia de reviravoltas e planos pensados para quebrar o Homem de Aço. Superman A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson é uma grande história que começa em 2021 e termina no ano seguinte (de “Action Comics” #1030 a Action Comics #1046 – fora especiais e tie-ins). A trama é recheada de ação, simbologia, personagens marcantes e é a oportunidade de vermos o Azulão incorporando aquilo que ele representa melhor: a esperança!
Superman A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson contou com artistas como Daniel Sampere, Miguel Mendonça e Riccardo Federici e recolocou Mongul no panteão de grandes vilões do Homem de Aço (puxe da memória: quanto tempo faz que ele não ameaça o Superman de verdade?). Uma trama para deixar qualquer fã do Azulão empolgado!
A obra pode ser lida no Brasil em “Superman” (5ª Série) #1-#15 da Panini Comics – ideal começar da primeira edição pois o primeiro arco (A Era de Ouro – antes do Mundo Bélico) conta com uma história que impacta o protagonista e seus poderes de forma relevante para a saga. Phillip Kennedy Johnson continua no título mesmo após o fim da história e o arco “O Retorno de Kal-El” ainda lida com algumas consequências de A Saga do Mundo Bélico.
O Homem de Aço é preso na HQ A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
Índice
A Trama da HQ A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
Um novo Mongul ascende ao trono do Mundo Bélico. Tão cruel quanto seu antecessor, ele está aterrorizando os habitantes (como manda a mitologia local) ao mesmo tempo que começa a se tornar um problema para todo o universo. Ele decide fazer o que nenhum Mongul conseguiu: derrotar e quebrar o Superman, cujo símbolo é um sinal de esperança para o povo do Mundo Bélico. Essa simbologia é muito bem explorada em diversas passagens que inclusive ligam alguns mistérios do local ao próprio planeta Krypton (sem spoilers para não estragar a leitura!).
Na Terra vemos o Superman enfrentar problemas com seus poderes ao mesmo tempo que começa a ter que lidar com Mongul. O vilão cria uma trama para atrair o herói para o seu mundo utilizando a compaixão e a vontade de ajudar o próximo como isca. É impossível para o herói parar de pensar no reino de terror de Mongul após saber um pouco sobre as condições de vida dos habitantes. E assim começa o plano de salvamento do Mundo Bélico.
A trama inicial, “A Ascensão do Mundo Bélico”, é muito interessante por tirar o Superman da zona de conforto: ele lida com uma cultura diferente onde as correntes são símbolos de poder, fica atordoado com o mistério que liga refugiados do Mundo Bélico a Krypton e é traído de uma forma que não esperava (sem contar que vê seu símbolo sendo usado de formas impensadas). A trama nesse começo é ágil e faz com que Mongul seja mais ameaçador do que nunca – sem contar que o Mundo Bélico parece mais complexo e intrigante!
Obs. Vale dizer que Phillip Kennedy Johnson ainda acha espaço nesse começo para criar tensões políticas: uma na Terra (entre Superman, Atlântida e EUA) e outra nos Planetas Unidos (A ONU interplanetária que parece ter medo de Mongul). Ponto para o autor!
O Azulão se torna um Gladiador na HQ A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
Após esse começo intrigante vemos o Superman se dirigindo para o Mundo Bélico ao lado do Authority. O time formado por Manchester Black, Dr Meia-Noite, Apollo, Natasha Irons e outros é rapidamente derrotado e a missão de resgate fracassa miseravelmente. Com seus poderes cada vez mais fracos, o Homem de Aço é preso por Mongul e forçado a servir como Gladiador.
Me arrisco a dizer que é a partir desse fracasso inicial que a HQ se torna realmente diferenciada. Cada um dos integrantes do time de resgate do Azulão vai para um lado e a luta passa a ser pela sobrevivência. Phillip Kennedy Johnson cria uma mitologia muito rica e temos vilões subordinados a Mongul que são tão (ou mais!) assustadores quanto ele. Kal-El logo começa a ser chamado de “Espada sem Sangue” por conta de sua recusa em matar adversários e a sede de justiça e bondade do herói vai gradualmente criando novos aliados.
Kal-El precisa lutar pela sua vida na HQ A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
A origem e os mistérios do Mundo Bélico acabam ganhando muito os holofotes nesta HQ. Johnson respeita tudo que já sabemos do local mas adiciona um pouco de misticismo na narrativa e o papel do Homem de Aço acaba indo muito além de derrotar Mongul. Aliás, os dois protagonizam ótimos embates – sejam eles filosóficos ou físicos. Os habitantes do “planeta”, que cresceram em uma cultura de violência e opressão, precisam decidir qual lado seguir.
Não direi que a narrativa proposta por Phillip Kennedy Johnson não tem falhas. Pessoalmente achei o final meio atabalhoado e rápido apesar de termos visto o autor construir habilmente coadjuvantes marcantes e vilões assustadores.
Em outros momentos senti falta de explorarmos mais a visão de mundo de Mongul – isso é visto de forma secundária através dos olhos dos habitantes do local mas confesso que teria sido interessante ver em “primeira mão” o racional deturpado desse déspota. Não me entenda mal: ele aparece bastante, fala, dá ordens e luta mas (e talvez seja apenas um desejo pessoal meu) queria que sua representação fosse além do tradicional “ele é um produto do meio que cresceu”.
Superman e Authority de Grant Morrison – uma bagunça editorial que não encaixa com A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
De onde veio o Authority que aparece em A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson?
Qualquer fã do Azulão ficaria curioso ao ver que o herói está comandando o Authority e é claro que nós leitores queremos ver como isso aconteceu. Infelizmente a resposta não é simples e tem relação com uma bagunça editorial gigantesca.
Paralelo A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson a DC lançou uma minissérie de 4 edições comandadas por Morrison. A minissérie foi originalmente pensada para uma iniciativa da DC que nunca saiu do papel – a 5G. Morrisson até remodelou sua história para que encaixasse com a narrativa de Phillip Kennedy Johnson mas a verdade é que não encaixa.
O Superman de Morrison está mais velho, mais pragmático e o mundo é totalmente diferente do universo regular da editora. O uniforme do herói é bem interessante mas não é o que estamos vendo no universo regular..
Honestamente, trato essa mini de Morrison como uma curiosidade e não como algo que explica a relação do Superman com o Authority. O time é o mesmo mas as circunstâncias simplesmente não batem.. A história é boa se olhada isoladamente o problema é tentar fazer ela ter sentido na trama de Phillip Kennedy Johnson. O melhor é só “aceitar” que o Superman tinha um time secreto para ajudá-lo e ponto final.
A primeira versão do Superman Gladiador aparece em 1989 em “Superman Exilado no Espaço” Compre clicando aqui!
Superman Exilado no Espaço ou A Saga do Mundo Bélico: Qual a melhor?
É impossível não comparar o trabalho de Roger Stern, Jerry Ordway, Kerry Gammill, Dan Jurgens e outros em Superman Exilado no Espaço com a trama de A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson. As duas colocam o azulão em rota de colisão com Mongul e em situações pouco confortáveis em termos de poderes e confrontos.
Apesar de adorar a história clássica e entender que ela é a pedra fundamental para que a saga atual seja possível, para mim a execução de Phillip Kennedy Johnson é mais rica. Além de ter mais páginas e espaço para desenvolver a narrativa, o autor de A Saga do Mundo Bélico mergulha mais na questão cultural.
A história original não explora tão bem o que é o planeta comandado por Mongul e a estadia do Superman ali é quase acidental em um primeiro momento. Na trama atual vemos o legado de esperança do herói reverberar no planeta e incomodar Mongul (a ponto de ele atrair o herói) – além disso a forma de viver dos habitantes ganha o enfoque da narrativa em diversas oportunidades. A saga de 2021 também consegue dar protagonismo para outros personagens marcantes – sejam eles heróis ou vilões e vemos o Homem de Aço ter que se adaptar à forma como esse mundo funciona.
Não quero dar spoilers, mas vale dizer que cada personagem do Authority (e o próprio Superman) enfrenta dilemas pessoais que são capazes de levá-los por um caminho mais sombrio.
A realidade é que as duas histórias são espetaculares e devem figurar nas listas de Melhores HQs do Superman: uma pela inventividade e pelo ineditismo e a outra pela ótima execução e pelas questões abordadas.
A leitura é longa: Vale a pena investir tempo em A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson?
O Homem de Aço luta para derrubar a tirania de Mongul em A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson
Ao ler A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson é impossível não pensar em um padrão nítido: as HQs de super-heróis estão revisitando sagas do passado. Seria uma atualização ou falta de criatividade? Sempre me lembro de dois exemplos (ficarei só em dois) decepcionantes: O Batman de Tom King (basicamente uma “Queda do Morcego 2.0”) e Homem-Aranha A Conspiração do Clone de Dan Slott (uma tentativa ruim de revisitar A Saga do Clone…) – eles simplesmente não funcionam do jeito que deveriam e parecem “cópias frustradas” (ainda que apresentem algo interessante) dos originais.
Por isso mesmo é tão gratificante ler o trabalho de Phillip Kennedy Johnson nessa saga. Ele não muda nada da história original (Xô retcon!) e consegue criar uma narrativa interessante, magnética e que tem algo a dizer. Por mais que os cenários sejam similares e os trajes tenham conexões óbvias, o trabalho do autor em A Saga do Mundo Bélico impressiona, funciona sozinho e vai por caminhos totalmente diferentes.
Johnson explora o verdadeiro grande poder do Homem de Aço: a capacidade de inspirar e fazer o bem. Essa é uma daquelas histórias que mostra o Azulão fazendo tudo do jeito certo mesmo quando as circunstâncias pedem para que ele aja de forma errada. No fim, não darei spoilers, é justamente essa crença no certo que faz a diferença.
Apesar de ser uma narrativa longa, considero que A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson é uma história que vai agradar os fãs do Superman (e de histórias de super-heróis) de maneira geral. A narrativa usa e abusa da simbologia para se fazer entender e funciona em todos os níveis: tem boas questões sendo debatidas, ação desenfreada e personagens marcantes!
Honestamente? A Saga do Mundo Bélico de Phillip Kennedy Johnson pode não ser perfeita mas é um verdadeiro presente para os fãs, novos e antigos, do Homem de Aço!
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Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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