Ultimato do Bacon

Robin Hood: A Origem – O Ultimato

Em 29 de Nov de 2018 4 minutos de leitura

Robin Hood: A Origem (Robin Hood)

Ano: 2018

Distribuição: Paris Filmes

Estreia: 29 de Novembro

Roteiro: Ben Chandler e David James Kelly

Direção: Otto Bathurst

Duração: 116 Minutos 

Elenco: Taron Egerton, Jamie Foxx, Ben Mendelsohn, Eve Hewson, Jamie Dornan, Tim Minchin

Sinopse: “Robin Hood retorna das Cruzadas para desbravar a Floresta de Sherwood, repleta de corrupção e maldade. Unindo-se a um bando de foras da lei, ele resolve o problema com suas próprias mãos para acertar as coisas.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Deixando de lado a grandiosidade e apostando no básico, Robin Hood: A Origem cumpre o papel de se estabelecer como primeiro filme de uma nova franquia


Longa que estreia nesta quinta-feira, 29 de novembro, mescla elementos de outros universos para construir nova mitologia do anti-herói

Por Alexandre Baptista

 

A lenda do príncipe dos ladrões é vasta e antiga. Presente na literatura desde o século XV, mas existente na tradição popular desde o século XIII, sua história é de domínio público e representa a antítese do que vivemos nos últimos dois séculos na contação de histórias: a tirania dos direitos autorais ou copyright.

Sem entrar na discussão dos direitos intelectuais ou comerciais de uma história ou personagem, o copyright é o que garante aos autores e empresas detentoras do mesmo a determinação do cânone daquele produto. Até aí, tudo é muito bacana. Só que essa cultura da criação ficcional estática e regulada contaminou o imaginário do público. E temos assim uma horda, cada vez mais raivosa de fãs, disposta a lutar até a morte por aquilo que conhecem como sendo o “certo”. Cada alteração ou mudança em uma história ou personagem é motivo de ódio. Cada reboot ou reimaginação; revisão ou versão de heróis, super-heróis e histórias é vista com desconfiança e alvoroço. Exemplos? A Estelar da série Titãs; A nova She-Ra; O Superman dos Novos 52; e por aí vai.

Mas não foi sempre assim. A tradição oral e mesmo a tradição literária de outros tempos, anteriores ao capitalismo, garantia o espaço para versões de outros autores de uma história. Como é o caso de Robin de Loxley (ou Locksley), Robin Hood, Robin de Courtenay e tantos outros nomes que o personagem ganhou ao longo dos anos e versões. Só nos filmes, séries e desenhos animados, Robin Hood foi interpretado por mais de 30 pessoas diferentes, estando entre as versões mais famosas as interpretadas por Douglas Fairbanks, Errol Flyn, Sean Connery, Kevin Costner, Cary Elwes e Russel Crowe.

 

As muitas faces de Robin: (da esq. para dir.) animação da Disney, Roger Ebert, Kevin Costner e Taron Egerton.


 

Assim como o personagem título, os elementos de sua história também não são tão fixos e muitos pontos de seu cânone variam de versão para versão. A verdadeira origem histórica da lenda é incerta e historiadores acreditam que o nome fosse uma alcunha dada a qualquer fora-da-lei em meados do século XIII.

Valendo-se disso, o diretor Otto Bathurst (Black Mirror), apoiado pelo competente roteiro de Ben Chandler e David James Kelly, fez a inteligente escolha de fazer apenas mais uma versão do clássico. Robin Hood: A Origem é um filme épico, mas que não pretende ser uma gigantesca superprodução. Também não tenta ser a versão definitiva da lenda (como tentou e falhou a versão de Ridley Scott em 2010, com Crowe no papel principal). Definitivamente não é material para Oscar, sem a carga dramática, trilha sonora de peso e o “polimento” característicos da premiação. Mas é um blockbuster que, embora óbvio, clichê e fortemente construído sobre a velha conhecida estrutura da Jornada do Herói de Joseph Campbell, pavimenta de forma competente o caminho para a exploração comercial da franquia que certamente virá. Nesse sentido, Robin Hood consegue êxito para a Lionsgate onde a Universal, por exemplo, falhou com A Múmia, na base de seu Dark Universe: explorar competentemente um material de domínio público e transformá-lo em sua galinha dos ovos de ouro.

 

Taron Egerton como Robin Hood. [crédito: Larry Horricks/Lionsgate


 

A nova versão funciona ao reprisar de forma genérica, mas competente elementos como:

– a estrutura de momentos clássicos da literatura, principalmente da obra de Alexandre Dumas (Os Três Mosqueteiros, O Homem da Máscara de Ferro, O Conde de Montecristo) – só aqui seria necessária uma matéria completa pra elencar todos os pontos correlatos;

– explorando elementos dos quadrinhos – impossível não pensar em Batman/Bruce Wayne quando John convence Loxley a usar a fachada de lorde perante o xerife, utilizando a mansão Wayne, digo… utilizando sua mansão como base de atividades e mantendo uma identidade secreta frívola perante a sociedade para não despertar suspeitas. Até mesmo a cena em que Loxley fala sobre “Hood” para o xerife tem estrita semelhança com a cena de Batman Begins em que Christian Bale, no papel de Bruce Wayne, fala sobre o Batman para alguns convivas;

– e cenas e enquadramentos de outros sucessos das telas, como Star Wars – a cena do cassino lembra em muito a de Star Wars: Os Últimos Jedi.

Outro acerto é o elenco, que tem a dimensão exata para essa empreitada: sem gigantescos medalhões, mas com a brilhante competência de Jamie Foxx (John) e Ben Mendelsohn (Xerife de Notthingham) em sintonia com Taron Egerton (Robin Hoon), Tim Minchin (Frei Tuck) e Eve Hewson (Marian), equilibrando o peso dramático e a canastrice na medida fundamental para o sucesso de qualquer filme-pipoca. Nota para a genial interpretação de F. Murray Abraham (Cardeal), que lembra em certos momentos o Cardeal Richelieu de Tim Curry (Os Três Mosqueteiros de 1993).

Chamado simplesmente de Robin Hood nos EUA, o filme parece simplesmente alterar os pontos mais clássicos da história do personagem, deslocando ou evitando lugares e situações esperadas de sua mitologia – a base do Bando de Homens Alegres na floresta de Sherwood, por exemplo, inexiste: ela se encontra na mansão de Loxley; Robin e John agem praticamente sozinhos e a floresta mal é mencionada. No entanto, como o título em português faz questão de entregar, trata-se de uma versão de origem, com acontecimentos anteriores à história principal, abrindo caminho para uma provável sequência. Criticado como previsível “bomba” nos EUA, onde o longa estreou com bilheteria modesta na semana passada, Robin Hood: A Origem pode seguir os passos de Venom e garantir, na bilheteria internacional, o retorno financeiro necessário para tanto.

 

 

Avaliação: Bom!

 

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Trailer

 

 

 


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