Noturno (Nocturne 2020) – O Ultimato

Nocturne é fruto da parceria da produtora Blumhouse com a Amazon Prime Video. A Blumhouse é conhecida por produzir filmes de terror de baixo orçamento como Atividade Paranormal, Fragmentado, Sobrenatural dentre outros filmes.

A parceria rendeu até o momento quatro filmes: Nocturne, Evil Eye, The Lie e Black Box. Em breve teremos crítica de todos. Mas vamos começar por Nocturne, um filme desanimador

Nocturne – O Ultimato

Na trama acompanhamos Juliet (Sydney Sweeney), uma estudante de piano que se sente ofuscada pela popularidade de sua irmã gêmea Vivian (Madison Iseman). Após encontrar um caderno de música de uma estudante da escola que cometeu suicídio, Juliet começa a mudar seu comportamento e ter estranhas “alucinações” que a levam ao limite.

Nocturne tem uma proposta audaciosa (e que audácia) de emular a trama de Cisne Negro de Darren Aronofsky com um tom mais “sobrenatural” e ambientado na “ala” dos músicos. A premissa, por mais atraente que pareça, se desenrola de maneira cansativa, chata, tornando o filme uma piada de mau gosto.

Não sei se o fato do diretor estar fazendo seu primeiro longa acabou prejudicando o ritmo do filme, já que Zu Quirke só havia feito alguns curtas até aqui, fato é que o filme é chato!

O prometido tom mais voltado para o sobrenatural é subaproveitado, entregando zero de tensão. Por mais que a história fique se apegando a isso, o roteirista parece que esquece que o filme tinha essa premissa e fica em um eterno cabo de guerra com outros conceitos apresentados.

A disputa entre as irmãs é algo tão genérico e mal desenvolvido que atrapalha o andamento do filme que já não é dos melhores. É legal (digo com deboche) como o diretor tenta induzir o expectador com a iluminação quando as irmãs estão em cena, tenho certeza que na cabeça dele o filme seria algo cult e genial. Coitado!

Nocturne se passa dentro de uma escola de música e mostra a disputa entre as irmãs pela conquista da fama como musicista. Isso envolve os conceitos mais técnicos sobre quem toca melhor, quem tem maior domínio com um todo do seu instrumento, nesse caso o piano.

Pensando nisso seria óbvio o filme ter cenas com mais músicas, mostrando um pouco mais desse lado, só que não! O filme tem pouquíssimas cenas com música, creio que nenhuma música é executada completamente por alguma das irmãs, não tornando possível para o expectador seque formar uma opinião sobre qual das duas é de fato a melhor.

Talvez uma das poucas coisas legais de Nocturne seja a discussão sobre a “morte” da arte da música clássica, que graças ao emburrecimento cultural coletivo que assola o mundo, tende a cair cada vez mais no esquecimento. Infelizmente esse momento do filme não dura cinco minutos e é extremamente raso, assim como as discussões sobre talento, mérito e dedicação à arte.

Para os músicos, Nocturne pode até abordar um lado mais poético e filosófico que torne a experiência com o filme mais suportável, como a disputa pelo sucesso através da “derrota do adversário” e o medo do ostracismo, da mediocridade. A cena final consegue até entregar um pouco desse lado, mas não melhora em nada o filme.

Nocturne é um filme que tenta ser tenso e complexo, mas falha miseravelmente. Na tentativa de ser inteligente demais, fazendo reflexões sobre mérito, talento e esforço, o filme entrega uma experiencia enfadonha, sem nenhuma tensão. Mesmo com a dupla protagonista se esforçando para entregar um bom trabalho, o roteiro não ajuda e as interpretações ficam destoantes e até mesmo confusas. Chato, cansativo e arrogante! Não percam tempo assistindo.

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