I Am Mother | |
Ano: 2019 | Distribuição: Netflix |
Estreia: 07 de Junho |
Direção: Grant Sputore Roteiro: Michael Lloyd Green (roteiro); Michael Lloyd Green e Grant Sputore (história) |
Duração: 113 Minutos |
Elenco: Luke Hawker, Rose Byrne, Clara Rugaard, Hilary Swank |
Sinopse: “Criada por um gentil robô a quem chama de "Mãe", uma adolescente é designada para repopular a Terra depois de desastres que quase causaram a extinção completa da humanidade. Mas quando uma mulher desconhecida chega dando notícias alarmentes, o laço afetivo criado entre humano e robô fica ameaçado.”
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I am Mother é tudo o que um filme de ficção científica deve ser
Longa de Grant Sputore, aclamado como “o novo Nolan”, teve estreia em 7 de junho na Netflix
por Alexandre Baptista
A ficção científica é um dos gêneros mais antigos do cinema. Desde O Açougueiro Mecânico (La Charcuterie mécanique, 1895) dos irmãos Lumière e Viagem à Lua (Le Voyage dans la lune, 1902) de George Méliès, o gênero evoluiu bastante para chegar nas produções atuais como Interestelar (Interstellar, 2014) e Terra à Deriva (The Wandering Earth, 2019).
No entanto, um dos longas fundamentais que praticamente determinou algumas características essenciais do bom sci-fi foi Metropolis (1927) de Fritz Lang. O clássico do expressionismo alemão aliou visuais incríveis a uma história incômoda e metafórica sobre a sociedade, estabelecendo um padrão de qualidade a se esperar de obras posteriores do gênero.
Apesar de serem desejados, os grandes efeitos visuais e cenários inimagináveis não são parte intrínseca dessa equação. Numa incontável quantidade de vezes, uma boa produção de ficção científica tem somente uma história muito bem amarrada e um questionamento pungente, entregues através de boas atuações e uma direção competente.
I am Mother cumpre essa receita. O longa tem uma premissa interessante já de saída. Um dia depois de um evento de extinção global, acompanhamos um robô em um bunker incumbido de trazer à vida o primeiro ser humano de uma possível repopulação da Terra. Ali, em animação suspensa, estão 63.000 embriões humanos, entre masculinos e femininos.
O primeiro bebê é uma menina e, a partir daí, vemos a relação entre Mãe, o robô, e Filha, a menina: a lógica da máquina que tenta emular o carinho humano e a complexidade das emoções da menina, que por fim vai se provando uma pessoa muito mais lógica e sensata que seus precursores – que obviamente erradicaram o mundo.
O longa é simples e sua trama prende o espectador de maneira deslumbrante. Com efeitos práticos e pouca computação gráfica, a ideia de um mundo pós-apocalíptico é passada de maneira crível ao espectador.
Da mesma forma, a direção de Sputore valoriza as interpretações e favorece tensões dramáticas em ângulos e takes interessantes, apesar de nada inovadores.
Com um elenco total – incluindo dublês e imagens de arquivo – de cerca de vinte pessoas, o filme é prova da grandiosidade do cinema. Clara Rugaard, a Filha, brilha em tela, ofuscando inclusive a participação excelente de Hilary Swank – a Mulher; a dupla Luke Hawker e Rose Byrne como Mãe está perfeita. Ele, por baixo da “roupa mecânica”, com uma movimentação espetacular (detalhe para as cenas em que Mãe tem que correr, o peso que o ator dá em cada passada da personagem – um fantástico trabalho corporal); ela, com a voz robótica, porém suave, numa espécie de frieza acolhedora que traduz toda a dualidade da personagem para o espectador.
A trilha sonora de Dan Luscombe e Anthony Partos é excelente, com o clima perfeito em cada cena; a escolha das músicas que compõem o desenvolvimento das personagens, mais do que adequadas.
O filme ainda tem um lindo aceno à Blade Runner – O Caçador de Androides (Blade Runner, 1982) de Ridley Scott – que se baseia no livro de Philip K. Dick, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (Do Androids Dream of Electric Sheep?, 1968); a um conceito básico da franquia O Exterminador do Futuro; e ao livro Os Deuses de Marte (The Gods of Mars, 1913), de Edgar Rice Burroughs. Infelizmente, fazer uma análise do contexto dessas referências seria entregar muito do filme e estragar a surpresa de quem ainda não conferiu a produção.
Dessa forma, cabe somente dizer que I Am Mother é uma ficção científica de respeito, especialmente para quem é aficionado ao estilo. Apesar das amarrações finais e fechamentos do filme indicarem uma primeira reflexão bastante explorada no cinema ultimamente, em última análise uma segunda metáfora final fica clara por fim, sendo extremamente poderosa, elegante e real.
Afinal, uma das tarefas mais difíceis do mundo, é justamente ser mãe.
Avaliação: Excelente!
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