Ultimato do Bacon

Chorar de Rir – O Ultimato

Em 20 de Mar de 2019 4 minutos de leitura
Chorar de Rir
Ano: 2019 Distribuição: Warner Bros.
Estreia: 21 de Março

Direção: Toniko Melo

Roteiro: José Roberto Torero e Luciano Patrick

Duração: 103 Minutos  

 Elenco: Leandro Hassum, Otávio Müller, Monique Alfradique, Natália Lage, Rafael Portugal, Caito Mainier, Carol Portes, Mariana Loureiro, Felipe Rocha 

Sinopse: “Estrela do programa de TV Chorar de Rir” , Nilo Perequê (Leandro Hassum) é um grande nome da comédia no país. Quando ganha o prêmio de melhor comediante do ano, o humorista decide mudar radicalmente sua carreira e se dedicar totalmente ao drama, deixando sua família e seu empresário desesperados.”

 

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Grito desesperado de alívio e libertação, Chorar de Rir parece mais uma metáfora autobiográfica de Leandro Hassum que um filme tradicional de comédia

Longa com direção de Toniko Melo estreia nesta quinta, 21 de março nos cinemas

por Alexandre Baptista

 

O cinema nacional ainda é estigmatizado por muita gente, embora a qualidade das produções tenha aumentado exponencialmente nos últimos 15, 20 anos. Uma grande prova disso é a consolidação da indústria cinematografica no Brasil e a exploração comercial do cinema por aqui. Antes, a sétima arte estava represada nas mãos de grandes criadores e diretores ou era marginal e erótica. Hoje, com uma produção muito maior, o cinema brasileiro tem exemplares para todos os públicos, abrindo espaço para filmes como Chorar de Rir: uma boa produção sem grandes compromissos além da exploração comercial e da resposta de Leandro Hassum a seu público.

Para falar do filme em si é preciso falar sobre Hassum, humorista consagrado no Brasil, “o parceiro gordinho” de stand-up de Marcius Melhem que, em 2014, submeteu-se a uma cirurgia bariátrica por medo de morrer em decorrência de problemas relacionados à obesidade.

Em função disso, passou um tempo fora dos palcos e programas humorísticos para se recuperar; sofreu críticas de colegas de profissão e de seu público e, até hoje, é questionado “se ainda faz comédia”.

A premissa do filme, embora não tenha sido escrita por ele, parece ser uma resposta de Hassum aos haters de plantão. Nilo Perequê (Hassum) é um humorista consagrado que começa a se questionar quanto ao próprio talento e decide tentar o caminho do drama após reencontrar um amor perdido dos tempos da juventude. Porém algo sobrenatural o prende à sátira e ao riso e ele vai fazer tudo o que puder para se livrar desse feitiço, em busca de sua felicidade. Parecido?

Pontos positivos para os fãs de Hassum são as inúmeras referências a piadas do comediante – em um determinado ponto, Natalia Lage (que interpreta a irmã de Nilo) comenta que c*ralho não é mais um palavrão e sim um advérbio de intensidade, frase que vem originalmente do stand-up de Hassum; em outro momento, Perequê observa que o cunhado é gordinho e aconselha: “Gordinho é engraçado, só não emagrece não. Gordinho quando emagrece perde a graça”, um comentário reincidente nas mídias sociais do artista após sua cirurgia.

Além disso, há referências a inúmeros comediantes e quadros conhecidos, sejam sketches de Zorra Total; Jerry Lewis em O Professor Aloprado (The Nutty Professor, 1963); e até mesmo a Andy Kaufmann e Jim Carrey.

Embora a ideia do longa tenha partido do diretor Toniko Melo e o próprio Leandro Hassum já tenha declarado que jamais pensou em sair da comédia, fica difícil não entender certas cenas como uma metáfora para o período recente que o comediante enfrentou em sua vida pessoal e carreira.

Se na premissa e até no roteiro – que sai do mundo comum para entrar numa saga envolta em magia, feitiço, Sidnei Magal (no papel do vidente Papa Neau) – o longa acerta, a direção e a edição por vezes deixa o ritmo do filme um pouco lento e cansativo. Há inclusive, nas cenas pós-créditos, uma piada sobre isso.

Outro ponto que oscila bastante são justamente as piadas. Algumas funcionam muito bem como Caito Mainier (Choque de Cultura) na figura do apresentador do programa de fofocas Índio (uma espécie de Nelson Rubens do filme) e as gêmeas Ruth e Raquel (a piada com Mulheres de Areia talvez só funcione com os mais velhos); outras, principalmente as piadas físicas de Hassum, parecem deslocadas, desgastadas e sem muita graça.

De maneira geral o longa funciona, desde que não se pretenda nada além de um passatempo com uma “lição de moral” bonitinha mas clichê, calcada na relação de Perequê com sua família e, em especial, com seu pai. Para não estragar surpresas, digamos que o personagem tem seu momento de legado – que por algum motivo me lembrou Superman, O Filme (Superman, The Movie, 1978), numa versão de baixo orçamento e que estabelece a diferença entre o riso, o sucesso e estar verdadeiramente feliz.

Pontos extras para a trilha sonora que usa a odiosa Despacito de Luis Fonsi em várias versões hilárias ao longo do filme, sendo a mais notória delas uma versão orquestral épica que se assemelha aos grandes temas de Hollywood. Essa versão causa, além do ótimo efeito satírico, um efeito crítico que poderia ser resumido na pergunta “a música torna-se boa por ter características clássicas?”, ecoando o grande questionamento do filme sobre as verdadeiras qualidades artísticas de atores e atrizes de acordo com o gênero escolhido – comédia x drama.

Muito embora eu acredite que a escolha da música possa não ter sido intencional, a coincidência ainda assim é bem-vinda. Outra escolha sonora no entanto, obviamente intencional, é o uso de Sandra Rosa Madalena (A Cigana), de Sidnei Magal, nos créditos finais, o que, em qualquer produção, é sempre garantia de alguns pontinhos extras na nota.
Apesar de não ser um filme de Chorar de Rir (sim, o longa faz auto referência de seu título e a “piada” aqui é intencional para ecoar esse momento), vale a tarde com pipoca sem esforços intelectuais.

 

 

Avaliação: Bom

 

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Trailer:

 
 
 

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