“Black Hole” é a multi premiada HQ em doze partes do autor Charles Burns. Sua obra, que levou de 1995 a 2004 para ficar pronta, ganhou oito prêmios Harvey (seis como arte-finalista, um por capista e um ao ser publicado em volume único pela primeira vez) e também o prêmio de Melhor Graphic Novel do Eisner Awards de 2006, além do “Prêmio para Obras Fundamentais” do Festival de Angoulême.
Nos EUA a obra foi originalmente publicada em doze edições e aqui no Brasil foi publicada na íntegra duas vezes: a primeira pela Conrad em 2008 (em duas edições) e a segunda em 2017 pela DarkSide (edição única e capa dura).
Charles Burns aborda uma DST aterrorizante em “Black Hole”
A Trama de Black Hole de Charles Burns
Black Hole de Charles Burns é o tipo de HQ que tem a intenção de te causar desconforto enquanto é lida. A obra é uma espécie de terror que aborda uma doença sexualmente transmissível que está se alastrando em Seattle nos EUA. A doença, que na história surge e se alastra em 1970, tem efeitos diferentes em cada um dos infectados e podem ser coisas simples e fáceis de esconder, como uma mancha na pele, ou efeitos mais devastadores que tornam o infectado uma sombra do que já foi um dia, buracos no rosto e problemas de fala (ou coisas mais repulsivas), exemplos de efeitos mais extremos.
O que torna Black Hole de Charles Burns tão atrativa é a narrativa que se mostra, obviamente, uma metáfora para a passagem da adolescência para a vida adulta. E enquanto os efeitos da DST podem ser mesmo avassaladores, é a rejeição da sociedade e dos antigos amigos que tornam a jornada pavorosa para os personagens. A HQ também deixa muito claro o senso de perda de identidade que esses jovens sofrem quando são infectados pela doença.
O desconforto supracitado que a HQ causa no leitor, vem dos incríveis desenhos da obra de Charles Burns. O preto e branco cai muito bem e realça bem as artes e os painéis são escolhidos de forma perfeita para nos passar a mensagem desejada – nada é “jogado” ou em vão na obra.
“Black Hole” traz uma DST que provoca transformações estranhas e imagens que geram desconforto no leitor
Podemos dizer que Pearson e Cris são os dois grandes protagonistas de “Black Hole”. Apesar de a história dar espaço para diversos personagens, é a mudança corporal e de comportamento dos dois que servem como fio condutor para a história. As decepções, a tentativa de esconder as mutações causadas pela doença e a troca entre rejeitar e passar a ser rejeitado são os grandes acontecimentos da história que faz questão de não ser linear e de adicionar uma quantidade alta de alucinações que demandam atenção do leitor ao perceber o que é ou não realidade.
No final das contas, Black Hole de Charles Burns é uma estranha história de terror sobre aceitação e mudança. Com passagens absurdamente reais que geram identificação em grande parte dos leitores, a história de Charles Burns é do tipo que não tem medo de colocar o dedo na ferida e expor nossos medos e anseios – e esse tipo de terror pode assustar muito mais do que qualquer monstro de filme B porque fica na sua cabeça durante muito tempo…
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