Ultimato do Bacon

Bacurau – O Ultimato

Em 3 de Out de 2019 3 minutos de leitura
Bacurau
Ano: 2019 Distribuição: Vitrine Filmes
Estreia: 29 de Agosto

Direção e Roteiro: Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles

Duração: 130 Minutos  

Elenco: Sônia Braga, Udo Kier, Barbara Colen

Sinopse:  Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa (Bárbara Colen), Domingas (Sônia Braga), Acácio (Thomas Aquino), Plínio (Wilson Rabelo), Lunga (Silvero Pereira) e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Mas afinal, pra que serve Bacurau?

Comentários aleatórios sobre o filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles

por Alexandre Baptista

 

Antes de iniciar a leitura deste texto, esteja avisado: spoilers em frente!

Bacurau já estreou no circuito brasileiro em 29 de agosto e, portanto, os comentários a seguir contêm partes importantes da trama do filme, que podem estragar a surpresa de quem ainda não conferiu a obra.

Com isso fora do caminho, explico porque faço deste um texto quase aleatório com comentários pontuais no lugar da crítica estruturada de sempre: Bacurau é um filme de forte cunho político e social e falar bem ou mal da obra acaba sendo uma declaração política.

O que é um inferno porque, como apreciador de cinema, tenho observações positivas e negativas acerca da obra cinematográfica, independentemente de concordar ou discordar do discurso político da mesma.

Um exemplo da linha que o longa segue é a sutil menção de alguns nomes, quando a população de Bacurau nomina os mortos na defesa e resistência da cidade contra os invasores: Marisa Letícia, Marielle etc. Não precisa ser mais óbvio que isso, certo?

O filme é bom, interessante e bem realizado. Mas está longe de ser a maior pérola do cinema nacional como alguns críticos tentam fazer o público acreditar.

Ainda assim, Bacurau tem momentos de puro brilhantismo, como na discussão entre o paulistano, a carioca e o grupo de estrangeiros, composto por um alemão, um americano, uma francesa. Os brasileiros se afirmam caucasianos, brancos, ao passo que os gringos retrucam que não, jamais… no máximo, eles seriam mexicanos mais brancos.

É comicamente triste que o “branco” brasileiro não se julgue latino – confundindo o termo com "hispânico" – acreditando estar mais próximo do "europeu"; nisso, também confunde a visão que os europeus, estadunidenses, canadenses e orientais de forma geral têm de nós como identidade global.

Só por essa cena, com um real tapa na cara da auto-imagem que a classe média tem, o longa já vale a pena de ser conferido. Mas a aventura “Mad Max do Sertão” tem mais coisas bastante interessantes, com essa mistura de ficção científica, Jogos Vorazes e crítica social.

A metáfora da caça humana esportiva é poderosa e a resistência da cidade-comunidade que se organiza independentemente das forças políticas locais (sejam elas de direita ou esquerda), é bem organizada em torno de uma identidade de respeito ao outro, ao diferente e à harmonia caótica do viver em sociedade.

No entanto, o longa tem alguns pecados graves, principalmente em certas gratuidades visuais – novamente eu reclamo de exageros típicos do cinema nacional que não agreguem ao recurso narrativo – e da codificação excessiva. O filme apresenta alusões e metáforas em um número profuso DEMAIS, tornando cansativa a apreciação de toda a obra.

Num país de iletrados, analfabetos e analfabetos funcionais, é uma pena que um longa, que tenta falar com o “povo”, se coloque quase inacessível por falta de “explicação”. Sim, as alusões são poderosas, as metáforas necessárias… mas seu o excesso ou a extrema especificidade de algumas delas, que se tornam quase uma “piada interna” dos criadores, é incômodo.

E não vou nem entrar aqui na incoerência das apropriações cinematográficas que os diretores fazem, especificamente do cinema de Hollywood, quando o discurso é, entre muitas outras mensagens, justa e ironicamente o da resistência contra a invasão internacional.

Por fim, Bacurau merece ser visto, nem que seja para ser (duramente) criticado. Ele representa algo raro atualmente no cinema mundial: uma ideia original executada de maneira competente e com momentos brilhantes. Ainda que se tenha algumas ou várias ressalvas, é um ótimo exemplo do verdadeiro papel da arte no mundo: provocar a reação, a reflexão e a ação.

 

 

 

Avaliação: Ótimo

 

 

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Trailer

 

 


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