As Viúvas (Widows) |
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Ano: 2018 |
Distribuição: Fox Film |
Estreia: 29 de Novembro |
Roteiro: Gillian Flynn, Steve McQueen, baseado em "As Viúvas" de Lynda La Plante Direção: Steve McQueen |
Duração: 129 Minutos |
Elenco: Viola Davis, Michelle Rodriguez, Jon Bernthal, Liam Neeson, Elizabeth Debicki, Robert Duvall, Colin Farrell, Daniel Kaluuya e Carrie Coon |
Sinopse: “Quatro viúvas entram para o mundo do crime após os seus maridos morrerem durante uma das maiores tentativas de assalto da atualidade. Elas tomam para si a responsabilidade de honrar a memória dos amados terminando o que eles não conseguiram completar.”
Steve McQueen demonstra novamente maestria e direção primorosa em seu novo longa As Viúvas
Por Alexandre Baptista
As Viúvas é um filme inesperado. Pela sinopse e trailer, supõe-se que estejamos frente ao mais novo filme da franquia Onze Homens e Um Segredo ou qualquer outro derivado genérico. O elenco estelar com Viola Davis, Michelle Rodriguez, Jon Bernthal, Liam Neeson, Elizabeth Debicki, Robert Duvall, Colin Farrell, Daniel Kaluuya e Carrie Coon contribui ainda mais para esse engano.
As Viúvas é um filme esperado. Novo trabalho do primeiro diretor negro a ganhar um Oscar por 12 Anos de Escravidão, Steve McQueen, supõe-se que estejamos frente a um longa coeso, intenso e vibrante logo de saída. O elenco impecável com Viola Davis, Michelle Rodriguez, Jon Bernthal, Liam Neeson, Elizabeth Debicki, Robert Duvall, Colin Farrell, Daniel Kaluuya e Carrie Coon desempenha à altura e entrega tudo isso e muito mais.
Viola Davis em cena de As Viúvas: cheiro de Oscar.
Recentemente estreou nos cinemas A Voz do Silêncio, filme nacional que pretende ser um “filme-coral” em que a cidade seja um dos grandes protagonistas da história. Citar este filme aqui é importante porque, onde A Voz do Silêncio falha, As Viúvas acerta em cheio. A mistura entre policial, drama, thriller e filme de ação funciona perfeitamente e os recortes do primeiro ato estabelecem de fato um “coral” entre as vidas dos criminosos e de suas viúvas; entre o que foi e o que é – ações no presente e no passado que se misturam em cena; além de fazer de Chicago, onde se passa o longa, um elemento fundamental da trama. A diferença principal entre os dois filmes está na direção vigorosa de McQueen que insere a cidade mais nos detalhes e sensações e nem tanto na fotografia e tomadas de situação e estabelecimento – ao contrário do filme nacional, que retrata São Paulo em cenas mas não traduz a verdade da cidade.
O segundo ato de As Viúvas flerta propositalmente com a estrutura de filmes de ação e mesmo sem a edição e fotografia cheias de estilo de Baby Driver, por exemplo, mostra como é possível ter qualidade de roteiro, profundidade e dimensão nos personagens, mesmo em uma história previsível e pouco inovadora.
No entanto, a maior qualidade do longa não é nenhuma das coisas expostas acima. Não é a força das atuações de Michelle Rodriguez – que vai além do estereótipo interpretado na franquia Velozes e Furiosos; Robert Duvall – que segue com o mesmo empenho que demonstrava já em O Poderoso Chefão; Liam Neeson e todo o incrível elenco. Nem mesmo é a escalada final de conclusão do terceiro ato e suas reviravoltas. O que surpreende positivamente no filme é a exposição da realidade negra, latina e feminina na cidade de Chicago; as formas como a classe política tenta explorar tais “bandeiras” em seu favor; o preconceito, a inversão de valores, o desbalanço da lei perante o negro inocente, tratado com vilão e o caucasiano bandido, idolatrado e respeitado por sua “astúcia e inteligência”. Tudo isso sem discursos, sem ativismo evidente. Ou melhor, com um discurso – que prefiro chamar de poética visual – magistralmente orquestrado por McQueen. A presença negra, latina e feminina em oposição ao velho, rançoso e encarquilhado poder branco está na cena, na trama, na cidade. Não precisa ser dito pois é didaticamente mostrado.
As Viúvas é sem dúvida um dos grandes filmes desse ano e pode ser uma grata surpresa nas indicações ao Oscar – tanto para a direção de Steve McQueen quanto para as poderosas atuações de Viola Davis e Robert Duvall.
Avaliação: Excelente!
Alexandre Baptista
Filme do diretor de 12 Anos de Escravidão estreia na quinta, 29 de Novembro com elenco de peso
Trailer
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