Ultimato do Bacon

Aquaman – O Ultimato

Em 12 de Dez de 2018 5 minutos de leitura
Aquaman
Ano: 2018Distribuição: Warner Bros.
Estreia: 13 de Dezembro Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick, Will Beall
Direção: James Wan
Duração: 142 Minutos Elenco: Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Nicole Kidman, Dolph Lundgren, Yahya Abdul-Mateen II, Temuera Morrison

Sinopse: “Warner Bros. Pictures e o diretor James Wan apresentam Aquaman, uma aventura repleta de ação pelo vasto e deslumbrante mundo subaquático dos sete mares, estrelada por Jason Momoa no papel-título. O filme revela a origem de Arthur Curry, meio homem, meio atlante, que embarca em uma jornada para descobrir quem ele realmente é e se ele é digno de seu destino… ser rei.”

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Ainda longe do ideal, Aquaman é o melhor filme da DC desde Superman, O Retorno

Longa que estreia amanhã, 13 de dezembro, aposta na mescla entre o cânone dos quadrinhos e as lendas arthurianas e acerta o passo com o público

Por Alexandre Baptista

Um dos grandes feitos da Marvel nos cinemas foi transformar seus personagens secundários e terciários em grandes estrelas, uma vez que todos os heróis do primeiro escalão estavam intocáveis por força de contrato – Homem-Aranha e Hulk estavam com a Sony, X-Men com a Fox e daí por diante. As apostas em Homem de Ferro e Thor eram tratadas com desdém por muitos fãs que acabaram convencidos da força e da qualidade da empresa após os primeiros longas.

Talvez o que estivesse faltando para a DC até aqui fosse essa liberdade de mexer com personagens hoje menos queridos que, ao mesmo tempo em que não cativam o público “de primeira”, também geram menos expectativa e permitem uma maior liberdade criativa a seus diretores e roteiristas. Amanhã a história será outra.

Aquaman é um desses personagens. Muitas vezes desdenhado e ridicularizado pelos fãs e até por autores – vide Os Jovens Titãs vão ao cinema (Teen Titans Go! To the Movies, 2018), e mal explorado nas aventuras da Liga nos quadrinhos (afinal, ele cavalga um cavalo marinho), é justamente esse tipo de personagem que permite as aventuras mais ousadas. Vejam por exemplo o que Peter David fez com ele nos anos 90, fazendo-o ser traído pela esposa, ver o filho morrer e tendo sua mão comida por piranhas, além de ecos emocionais que perduraram até a fase dos Novos 52. E essa é a qualidade do Aquaman interpretado por Jason Momoa nos cinemas.

Não, não é essa linha narrativa que inspira o longa e sim a posterior: a fase de Geoff Johns. Alguns portais vão dizer que é a redenção da DC nos cinemas. E realmente o filme acerta bastante justamente por trazer elementos diretamente dos quadrinhos – uma das maiores qualidades no filme da Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017), por exemplo.

Outra grande qualidade é se distanciar de tudo o que incomodava no trailer: o CGI mal feito, que foi finalizado à contento e muito melhorado; a cena em que Arthur fala com os peixes, ainda criança – que lembra muito Harry Potter falando com a cobra no primeiro filme de sua franquia – é curta e passa batido; o roteiro, que dava sinais de um filme de origem, não é exatamente isso; as cores em profusão no fundo do oceano, tem uma explicação interessantíssima no roteiro para serem assim.

No entanto, não é um filme perfeito. Ele peca bastante, mas o dcnauta em mim está cansado de criticar os esforços dos diretores e atores, equipes de produção e roteiristas que se envolvem em alguma produção da DC. Então não vou fazer isso. Vou elogiar James Wan que, mesmo com todas as pressões daqueles que são os verdadeiros culpados pelos erros da empresa nos cinemas, conseguiu adequar sua obra dentro da nova, novíssima, mais recente, alterada e mudada franquia de filmes que vai, agora sim, entrar nos eixos e voltar a ser relevante. Porque mesmo Aquaman sofreu com as alterações de orientação geral do estúdio. Ainda que infinitamente menos que Zack Snyder em Liga da Justiça (Justice League, 2017); ainda que infinitamente menos que Zack Snyder em O Homem de Aço (Men of Steel, 2013) e Batman v. Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016) – lembrem-se de que foi o estúdio que “encomendou” um filme do Superman que fosse “parecido” com a trilogia de Christopher Nolan para o Batman; ainda que menos que Patty Jenkins em Mulher-Maravilha e Mulher-Maravilha: 1984. Ainda assim, James Wan teve que remover ao máximo menções aos demais personagens do universo DC; teve que remodelar o roteiro para que o universo coeso (orientação anterior) fosse mais singular (orientação atual). Uma pena.

Porque o filme de Aquaman funciona naquele universo, mesmo que queiram vê-lo isolado e distante do mesmo. Ainda com a interferência ignorante do estúdio, Aquaman é um filme que acerta no tom e no ritmo, misturando com precisão aventura, romance e elementos cômicos; trata da origem de Arthur Curry com elegância e velocidade, lição que, ao lado de outras, parece ter sido inspirada em Peter Jackson. E que funciona: o preâmbulo dá conta de toda a origem do herói sem ser chato e alongado como acontece geralmente. O filme contém elementos claramente inspirados em outros sucessos do gênero: cenas que podem ser confundidas com O Hobbit; O Senhor dos Anéis; Harry Potter; Os Caçadores da Arca Perdida; Hotel Transilvânia 3; Procurando Nemo; Power Rangers (sério!) e Mulher-Maravilha. Só não vou detalhar cada uma delas no texto de hoje para não dar spoilers do filme. Mas o fio condutor que alinhava todos esses elementos funciona da melhor forma possível para uma história de super-heróis: a essência do personagem, ainda que não semelhante no biotipo (convenhamos, se o filme fosse prezar pela fidelidade física dos personagens, Momoa deveria interpretar, de cabelos curtos, o Rei Orm; e Patrick Wilson, Aquaman), está intacta ali.

Sim, eu sei que Arthur não é fanfarrão nos quadrinhos como é a versão interpretada por Jason Momoa. Mas essa é a grande beleza de um personagem secundário como estrela de uma produção: certas características tornam-se irrelevantes. O que Tony Stark trouxe de fiel dos quadrinhos para sua versão nos filmes? Ser extremamente inteligente e rico. E só. Toda sua característica chata, maçante, depressiva e alcoólatra entrou de uma forma muito, muito, muito diluída posteriormente. O mesmo acontece com Aquaman. Arthur Curry fala com os peixes. Viveu a maior parte de sua vida fora de Atlântida, em uma região isolada do mundo. Ok, ele não é o escoteiro que é nos quadrinhos. Nem o depressivo revoltado da fase de Peter David. Mas ele é quase as duas coisas. E isso já vale muito. Afinal, estamos falando de uma adaptação. E, considerando uma possível sequência, não é difícil imaginar que, caso o estúdio tenha coragem, podemos caminhar para um desses caminhos.

Para não ser totalmente condescendente com o longa e não seguir não dando spoilers, confesso que a origem do Arraia Negra é um pouco decepcionante. Depois de um Killmonger nos filmes da concorrente, a pura vingança parece um motivo um tanto raso. Mas certamente não é nem de longe tão grave quanto um bigode removido digitalmente.

Voltando ao material que inspira o roteiro, Aquaman ainda é um esforço distante daquilo que eu gostaria de ver da DC nos cinemas: a fase de Geoff Johns nos quadrinhos não é a minha preferida. No entanto, considerando as alternativas, é muito mais interessante a busca pela “Excalibur de três dentes” que vai coroar Arthur (Curry) como Rei da Távola Redonda (ou dos Sete Mares, que seja), com um toque de Game of Thrones no fundo do mar, do que alguma aberração híbrida e extremamente cômica, gerada pela mente bizarra dos empresários da Warner. Pra quem acha que isso é impossível, é só lembrar o que aconteceu com Esquadrão Suicida (Suicide Squad, 2016) e Liga da Justiça.

Sendo assim, Arthur Curry, Mera, Atlanna, Vulko e companhia merecem minha indicação e uma ótima nota. Aquaman é bastante superior a seus antecessores. Mas peço como sempre que os críticos da DC nos cinemas revejam Lanterna Verde (Green Lantern, 2011) na luz dos filmes atuais. Embora tenha me agradado muito, o Rei de Atlântida sai para batalha montado em um cavalo marinho e lá pelas tantas, tem uma cena em que um polvo toca bongo – referências claras ao cânone do personagem. Se devemos aceitar e gostar disso, então por que criticar com tanta ferocidade um uniforme verde com máscara e viseira feitos em CGI, ou um filme é que extremamente fiel a Origem Secreta?

Avaliação: Ótimo!

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Trailer


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