Ultimato do Bacon

Albatroz – O Ultimato

Em 28 de Fev de 2019 4 minutos de leitura
Albatroz
Ano: 2019 Distribuição: Paris Filmes
Estreia: 07 de Março

Direção: Daniel Augusto

Roteiro: Bráulio Mantovani

Duração: 93 Minutos  

Elenco: Alexandre Nero, Andrea Beltrão, Andreia Horta, Camila Morgado, Gustavo Machado, Maria Flor, Roney Facchini

Sinopse: “Casado com Catarina, Simão se apaixona pela atriz judia Renée, com quem viaja a Jerusalém. Ali o fotógrafo registra um atentado terrorista frustrado e misterioso. As fotos do evento o tornam mundialmente famoso ao mesmo tempo em que ele é bombardeado por questionamentos éticos: poderia tentar salvar uma vida, mas preferiu fotografar uma tragédia. Simão sucumbe à depressão e abandona a fotografia, declarando estar interessado apenas em fotografar sonhos. Enquanto tenta salvar seu casamento com Catarina, Simão é procurado por Alícia, a primeira namorada da adolescência, que o convida a realizar uma experiência no laboratório da neurocientista Dra. Weber. A proposta, porém, logo se revela uma terrível armadilha.”

 

 

 

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Albatroz, longa de Daniel Augusto e roteiro de Bráulio Mantovani é pretensioso e…

Thriller que ressalta a grande qualidade de atuação de Alexandre Nero e Camila Morgado tem estreia na semana que vem, quinta, 07 de março

por Alexandre Baptista

 

Um bom roteiro é base essencial de um bom filme. A fotografia pode ser sofrível, as atuações nada convincentes, a direção pode ser “encomendada” e controlada pelos engravatados do estúdio… mas dificilmente qualquer uma dessas áreas abala um filme que tenha um roteiro final bom e sólido.

Albatroz, o novo longa de Daniel Augusto (Não pare na pista – A melhor história de Paulo Coelho, 2014) estrelando Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Maria Flor e Camila Morgado parece contrariar essa afirmação. Ou talvez, o experiente Braúlio Mantovani, roteirista do longa e também de Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007, juntamente com José Padilha, Rodrigo Pimentel – autor do livro original e John Kaylin), tenha sido ambicioso demais.

Antes de atirar pedras, é importante enaltecer as atuações de Alexandre Nero (que interpreta o personagem principal, o fotógrafo Simão Alcoba) e Camila Morgado (Reneé). Quando estão em cena, até mesmo a atuação da experiente Andréa Beltrão (Alícia) parece fraca, tamanha é a naturalidade e verossimilhança da dupla.

Outro ponto forte do longa é seu trailer. Empolgante, realmente convida o espectador a conferir o que poderia ser um ótimo thriller. Infelizmente, Albatroz tenta demais, e falha miseravelmente.

A estratégia, logicamente, é jogar a culpa no espectador, acostumado com filmes fáceis e mastigados, narrativas óbvias e dentro das fórmulas, acusa-lo de inculto e preguiçoso por não “sacar” a óbvia referência ao albatroz de Charles Baudelaire (sim, aquele mesmo que cito vez e outra, que decretou a morte do conceito de belo no século XIX); por não “pegar” a dica do outro albatroz – desta vez a ave – sua relação com o rato, e com o Toxoplasma gondii, e o gato; da relação da sinestesia de Simão, as cores mostradas e os elementos do roteiro; das frases em alemão espalhadas nas sequências de sonho; o conflito no Oriente Médio, a viagem a Jerusalém, o dilema moral da arte face as mazelas do mundo… É lógico que é o espectador que é limitado e não o filme que é um lixo pretensioso.

A trilha sonora é excruciante e não falo de trilha musical: os efeitos de som do filme tentam o tempo todo evocar o delírio, o onírico, o transe. Ruídos em baixa frequência, ecos, sussurros… ininterruptamente. Aliado a isso, as sobreposições de imagens, os jogos de luz, a semiótica de núcleo de cinema universitário e a edição que tenta replicar a qualidade de um James Haygood sem grande sucesso, tornam a experiência de assistir Albatroz uma prova de resistência física.

E tem o cara que aparece em algumas cenas, some, aparece de novo… Terry Gilliam ficaria orgulhoso, não é mesmo Bob?

A linha central da história – do fotógrafo adúltero que, após uma experiência enaltecedora porém crítica de seu trabalho, passa a enxerga-la como traumática e que se descobre em meio a um experimento que permite “fotografar os sonhos” – já seria por si só interessante o suficiente. Adicionar ao caldo uma ex-namorada possessiva e obsessiva, o tornaria mais substancioso; especialmente com o componente “escritora de romances policiais + metalinguagem”. Mas o roteiro vai muito, muito além disso.

Albatroz parece ser proposital e assumidamente incompreensível, com o objetivo de “ser artístico”, “ter qualidade” e “sair do lugar comum”. Sim, eu vi (e compreendi) as 35 (se não contei errado) referências à palavra albatroz, incluindo as escritas em hebreu e isso não me impressionou. Curioso e irônico é que a estética do filme seja tão setentista, datada e batida. Algo que é o pecado de muitos cineastas nacionais. Se a “estética Marvel” já está chegando à exaustão após meros 10 anos de estrada, o que dizer da estética do Cinema Novo, que teve seu auge nos anos 70 e está beirando os 60 anos de existência? Piada óbvia, talvez o bom e velho Cinema Novo esteja atualmente só velho mesmo.

Ainda assim, inspirado pelo esforço colossal de Nero em manter o filme minimamente palatável e pela essência da trama (despida das alegorias, metáforas, referências e alusões), estava decidido a dar alguns pontinhos na nota do longa. No entanto…

…no entanto: Brazil (1985); Os 12 Macacos (Twelve Monkeys, 1995); Clube da Luta (Fight Club, 1999); Matrix (The Matrix, 1999); Magnolia (1999); Beleza Americana (American Beauty, 1999); A Natureza Quase Humana (Human Nature, 2001); Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, 2001); Violação de Privacidade (The Final Cut, 2003); Sinédoque Nova Iorque (Synecdoche, New York, 2008); Batman: Descanse em Paz (Batman R.I.P., 2008 – HQ); Mr. Robot (2015 – Série); Legion (2017 – Série) e mais alguns outros.

Existe uma diferença entre ter uma “chave de leitura”, metáforas e simbolismos que fazem algum sentido ou suscitam algum tipo de apreciação, reflexão, fruição por parte do espectador; e simplesmente tentar enfiar todo o tipo de referência conceitual, visual e sonora de forma propositalmente incompreensível, chamar de arte e insultar a inteligência do público.

Albatroz poderia ter sido um “thriller sci-fi” nacional incrível. Bastava ter entregue o que o trailer prometia.

 

 

Avaliação: Péssimo!

 

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Trailer:

 
 
 

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