Ultimato do Bacon

A Mula – O Ultimato

Em 13 de Fev de 2019 4 minutos de leitura
A Mula (The Mule)
Ano: 2018 Distribuição: Warner Bros.
Estreia: 14 de Fevereiro de 2019 (Brasil) Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Nick Schenk, (inpirado pelo artigo do New York Times "A Mula de 90 anos do cartel de Sinaloa" de Sam Dolnick
Duração: 114 Minutos  

Elenco: Bradley Cooper, Clint Eastwood, Manny Montana, Michael Peña, Andy Garcia, Laurence Fishburne, Alison Eastwood, Dianne Wiest

Sinopse: “Ninguém foge para sempre.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

A Mula, novo longa produzido, dirigido e estrelado por Clint Eastwood, é bom, bonito e previsível

Filme é baseado em eventos na vida de Leo Sharp, octagenário que servia como mula do cartel de drogas mexicano, preso em 2011

por Alexandre Baptista

 

Quando se pensa em Clint Eastwood como ator, é impossível não o associar à imagem dos cowboys e tipos durões que ele interpretou em sua juventude e meia idade. Já nos seus anos mais recentes, a imagem evocada é de Walt Kowalski de Gran Torino (2008), o que não fica muito longe das primeiras, somente envelhecida.

Talvez por esse motivo seja tão impressionante vê-lo na frágil figura de Earl Stone, personagem que interpreta em A Mula (The Mule), longa que estreia nesta quinta, 14 de fevereiro e que é também produzido e dirigido por Eastwood.

Na trama, Earl Stone é um premiado floricultor de 90 anos em Peoria no Illinois, que se vê falido graças a evolução do terceiro setor e a chegada da internet. Afastado de sua família por sempre colocar o trabalho em primeiro lugar, o eneagenário é obrigado a aceitar um trabalho como motorista de entrega ou “mula” para o cartel mexicano para reconquistar o amor de sua neta e filha.

No auge de seus 88 anos, o ex-prefeito de Carmel-by-the-sea na Califórnia ainda tem visivelmente, muita lenha para queimar. Toda a sequência de abertura do longa mostra um Earl Stone ainda no auge de seus negócios, em 2005. Temos naquelas cenas uma característica no personagem que é na verdade do próprio Clint: ele domina o lugar (ou a cena no caso) e sua simples presença se expande e preenche qualquer vazio potencial, seja visual, auditivo ou até mesmo de enredo.

No entanto, quando a história passa para 2017, a figura de Stone se torna a de um senhorzinho mirrado e franzino que manteve de sua juventude gloriosa o olhar aguçado, a perspicácia mental e as velhas e galantes boas maneiras, que serão suas armas no transporte de drogas pelas estradas dos Estados Unidos.

O enredo do longa se mantém em uma tríade estabelecida entre o conflito pessoal e dilema familiar do personagem principal, suas demandas para o narcotráfico e a caçada realizada pela polícia de Chicago. Não espere, no entanto, baseado nessa premissa, um filme ação; também não espere uma narrativa policial ao estilo de Breaking Bad (2008 – 2013); A Mula, pelo contrário, em muito lembra Uma História Real (The Straight Story, 1999) de David Lynch, seja por seu ritmo que parece seguir a cadência do retratado senhor de 90 anos; seja pela forte característica de um pseudo road movie que desliza sem pressa pelas paragens do meio-oeste americano.

As interpretações de Andy Garcia como o chefão do cartel, Laton; Laurence Fishburne, o comissário de policia de Chicago; Michael Peña (o Luís de Homem-Formiga) como Trevino, o policial assistente; e Alisson Eastwood, filha de Clint, como Iris, filha de Earl Stone, mantém alto o nível do filme. Destaque especial para Bradley Cooper (Guardiões da Galáxia, Nasce Uma Estrela) que interpreta o investigador de polícia Colin Bates: em muitas cenas, especialmente nas que aparece com Clint Eastwood, o ator não parece estar representando e sim, reverenciando um ídolo. E se divertindo muito no processo.

Vale notar que ao roteiro (ou talvez ao diretor) parece ser importante ressaltar duas coisas: a total falta de adequação de Earl Stone, – que se dirige a negros, mexicanos e mulheres de maneira racista, machista e misógina – um preconceito que parece ser comum às pessoas do estado de Illinois; e o total desprezo do mesmo por aparelhos celulares – especialmente, pelo tempo que as pessoas perdem interagindo com os mesmos. Esta última observação não deixa de ser curiosa, uma vez que ele acaba sendo vítima de sua própria crítica: Earl não tem seu tempo consumido pelo celular, é certo. Mas dedicou atenção demais a coisas que talvez não fossem tão importantes em sua vida, da mesma forma.

Dois pontos altos do filme são a fotografia, com a típica qualidade encontrada nos filmes dirigidos por Clint Eastwood; e a trilha sonora, que alterna entre a música mexicana e canções dos anos 50 e 60, compondo uma deliciosa coletânea de estrada vintage.

Baseado na vida de Leo Sharp, falido floricultor que se tornou mula do Cartel de Sinaloa por volta dos 77 anos de idade e ludibriou as autoridades até os 87, quando foi preso pela investigação do agente Jeff Moore do DEA (Drug Enforcement Admnistration – o departamento anti drogas americano), o longa tem um final de certa forma previsível, embora sua jornada até ele seja bastante satisfatória.

Isso porque o roteiro de Nick Schenk, além de criar os fictícios Earl Stone e Colin Bates nos lugares dos reais Leo Sharp e Jeff Moore, abre assim possibilidade para mais dramaticidade, empatia e efeitos circulares, conclusivos, satisfazendo melhor o espectador que é inclusive brindado com o famoso esgar em meia boca de Eastwood, típico de Dirty Harry em função de uma generosidade do roteiro.

Se por um lado A Mula não representa um material genial, inovador ou digno de premiação, por outro lado se mantém acima da média e merece ser visto, principalmente porque é imprescindível conferir Clint Eastwood, não importando de que lado da câmera ele esteja.

 

Avaliação: Bom!

 

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Trailer:

 
 
 

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