Ultimato do Bacon

Venom – O Ultimato

Em 25 de Fev de 2019 6 minutos de leitura

Venom

Ano: 2018

Distribuição: Sony Pictures

Estreia: 4 de Outubro

Diretor: Ruben Fleischer 

Duração: 112 minutos

Elenco: Tom hardy; Riz Ahmed; Michelle Williams

Sinopse: “Eddie Brock é um jornalista que investiga o trabalho de um cientista, suspeito de utilizar cobaias humanas em experimentos mortais. Quando ele acaba entrando em contato com um simbionte alienígena, Eddie se torna Venom, uma máquina de matar incontrolável.”

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Fenômeno de bilheteria, Venom é um filme honesto que reimagina o personagem distanciando-o (muito) dos quadrinhos

Longa dirigido por Ruben Fleischer é o típico sinal do estabelecimento e consolidação dos filmes de super-heróis como um gênero

por Alexandre Baptista

 

Os filmes de super-heróis existem desde 1939 e quase coincidem com o próprio advento desses personagens nos quadrinhos. No entanto, a popularização de tais filmes entre todos os tipos de público é algo recente – sinalizada na década de 50 com os filmes de Superman; retomado com ampla força em 1978 com Superman, O Filme (Superman, The Movie); 1989 com Batman; 2002 com Homem-Aranha (Spider-Man); mas somente consolidada a partir de 2008 com Homem de Ferro (Iron Man) e o MCU.

Entender esse fenômeno é importante para entender que os filmes de super-heróis são hoje um gênero no cinema, ainda que compartilhem algumas características com outros gêneros como a ficção científica, a aventura, a ação e o drama.

Um dos grandes indícios da criação de um gênero é a existência de exemplares de amplo espectro: filmes que reproduzem certas características essenciais e inerentes de um determinado gênero, sem grandes características marcantes, distintivas e únicas – os chamados, justamente por isso, genéricos.

Venom, por uma série de motivos, é um filme genérico de super-heróis. E isso não quer dizer que seja ruim. Mas é necessário entender essa realidade para poder aceitar e curtir o filme.

Para quem discorda dessa afirmação, gostaria de lembrar que tivemos As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, 2014); os dois O Espetacular Homem-Aranha de Marc Webb em 2012 e 2014 e Liga da Justiça (Justice League, 2017) e mais alguns outros que conseguem ser piores que o filme estrelado por Tom Hardy.

A trama de Venom se distancia em muito dos quadrinhos. Muito. Muito mesmo. E tudo bem. Porque o novo roteiro funciona bastante se pensarmos em um novo universo, distante do aranhaverso e “vagamente inspirado” pelos personagens da Marvel. E é aqui que mora a genialidade da Sony em garantir a posse dos personagens que adquiriu em 1999.

Pra quem tem menos de 20 anos, vale lembrar que, nessa época, a Marvel estava falindo; seus quadrinhos vendiam quase nada e, numa estratégia arriscadíssima, a editora praticamente “doou” os direitos de adaptação para os cinemas de seus personagens principais (X-Men, Homem-Aranha, Motoqueiro Fantasma, Hulk e outros) para as produtoras e estúdios, a fim de “fazer caixa”, pagar dívidas e se manter viva.

A estratégia deu certo e hoje a Casa das Ideias (uma empresa Disney) já recuperou grande parte dos direitos anteriormente vendidos e busca avidamente recuperar o teioso e seu universo das mãos da Sony.

Para conseguir tal feito, a Marvel se vale de algumas práticas como alterar características dos personagens nos quadrinhos (base de inspiração para as adaptações), deixando-os “inadaptáveis” a ponto dos estúdios precisarem de ajuda ou simplesmente abrirem mão dos direitos, revertendo-os à (hoje oscarizada) gigante do entretenimento.

Dessa forma, voltamos ao passo corajosíssimo dado pela Sony, que chega a ser genial: tendo recentemente tentado adaptar histórias clássicas do Aranha sem muito sucesso, fez um acordo para os novos filmes do cabeça-de-teia em parceria com a Marvel… e simplesmente ignorou tudo isso, criando um aranhaverso novo, sem o Homem-Aranha.

Dessa forma se viu livre da influência das HQs, dos fãs chatos querendo fidelidade ao material original e garantiu um filme genérico de super-heróis que, com a resposta de bilheteria conseguida, garante um novo Venom nas telas – um Venom da Sony – impulsionando uma franquia que, se bem explorada, ainda vai perdurar por muitos anos.

“Nossa cara, mas você falou, falou e não falou do filme…”

Sobre o filme, já está tudo dito. É um filme genérico de super-heróis, indicativo máximo de que o estilo se tornou agora, um gênero de fato.

A trama é composta pela típica jornada do (anti) herói, PG13 – utilizando a estrutura da Jornada do Herói como descrita por Campbell com algumas alterações: torna-se o herói num “anti-herói” ao remover o maniqueísmo dele e inserir tonalidades de moral (talvez) duvidosa; estabelece-se um limite nesse “politicamente incorreto” para garantir que o herói seja bad boy mas dentro da classificação indicativa para menores de idade (afinal esse será o maior público do filme); e coloca-se Tom Hardy no papel principal.

Não vou nem mencionar trilha sonora (é ok); efeitos especiais (melhores que as séries da CW, então tá valendo); restante do elenco (não fede nem cheira, segura a onda, tá tudo bem).

Vou simplesmente dizer que Tom Hardy faz qualquer porcaria de filme valer a pena. Até mesmo Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012).

Venom não é o melhor filme de quadrinhos já feito. Descartável? Provavelmente. Genérico? Com absoluta certeza. Mas também não é a pior representação de filmes de super-heróis. Muito pelo contrário, é talvez uma tendência irrefreável e irreversível.

Com o reconhecimento da Academia, que concedeu na noite de ontem 3 estatuetas a Pantera Negra (Black Panther, 2018), aos 10 anos de MCU, é importante relembrar o exemplo de Venom: quanto maior se torna um gênero, mais espaço têm as produções dessa natureza. Competentes, genéricas e perfeitas para sessões vespertinas. Um bom passatempo e nada mais.

 

 

Avaliação: Bom

 

 

[tabby title=”Diego Brisse”]

Desde 2012 se fala em um filme solo do Venom, um dos melhores vilões do aranhaverso. O personagem foi utilizado de maneira vergonhosa no repudiado Homem Aranha 3 de Sam Raimi. Na época em que foi cogitado pela primeira vez o filme solo do vilão, vale lembrar que chegaram a cogitar filmes com todo Aranhaverso, de Sexteto Sinistro à filme solo da Tia May, só sonhávamos com o dia em que Sony e Marvel fariam um acordo para termos o teioso no universo cinemático Marvel. Após o fracasso de O Espetacular Homem aranha (1 e 2), o sonho impossível se tornou realidade. Seria de se esperar que tais projetos (absurdos) fossem ignorados, mas a Sony teve a audácia de fazer o filme solo do Venom. E que audácia…

Existem duas formas de avaliarmos adaptações de Hqs: Como expectador normal e como leitor de HQ nerd/geek. Vou começar como geek. O filme é ruim! Mas muito ruim! De roteiro à atuação, parece que o filme foi um projeto de fim de semana de amigos de Hollywood. Venom é um dos personagens mais interessantes e violentos do aranhaverso, um vilão ameaçador. Eddie Brock sempre retratado como um cara que perdeu tudo por um furo de reportagem e tinha inveja e ódio de seus “companheiros” aqui é tratado como um cara do bem que fez a escolha errada e teve que pagar por isso.

A origem dos simbiontes é interessante, nos primeiros minutos temos esperança, mesmo com tantas mudanças normais em adaptações do tipo, o filme consegue se manter bacana durante a primeira parte. O visual do Venom, a maneira como o simbionte se comporta com e sem o hospedeiro ficou da melhor maneira que poderia diante das limitações nítidas do orçamento. Depois de certo ponto o filme entra em um festival de absurdos que chegam a dar vergonha alheia! Já era esperado que o Venom seria um anti herói, mas ser um anti herói abobalhado que quer ser do bem, transformou o personagem em uma figura ridícula, digna de pena. O filme só tem uma cena de ação bacana, as outras são sofríveis. A luta final parece que prenderam pessoas com diarreia incontrolável em uma câmara de gravidade zero! Fica difícil entender o que se passa, uma confusão visual incômoda, tudo muito escuro graças ao inútil 3D e uma direção bisonha.

Eu tentei ter boa vontade e aceitar o filme como umas mescla da versão Eddie Brock e versão Flash Thompson. Tiveram até boa vontade de fazer referências à alguns momentos das HQs, até mesmo Potestade foi lembrada, mas no final fiquei com a sensação de que na dúvida de como agradar, os roteiristas leram tudo relacionado ao personagem e fizeram uma coletânea com os piores momentos.

Vendo como um expectador que não conhece ou não se importa com HQs e tal, o filme é um sessão da tarde fraco, daqueles que você se diverte um pouco durante a exibição, mas esquece até que viu o filme depois. É leve, tem comédia, e mesmo com as insinuações de canibalismo do personagem, é um filme quase família. Se você for desapegado das HQs e aceitar como um filme isolado, ou for uma pessoa que só quer assistir um filme, é possível se divertir e sair do cinema até feliz com o resultado.

Venom cumpre muito bem a expectativa da maioria, é um lixo quase absoluto. Digo quase porque a segunda cena pós créditos, que na verdade é um teaser de outro filme, conseguiu aliviar a minha sensação de perda de tempo ao sair da sala. Por sinal, tiveram a audácia de na primeira cena pós créditos insinuar que vai ter continuação. E que audácia, mas que audácia…

 

Avaliação: Péssimo!

 

[tabbyending]

 

Trailer

 

*Publicado originalmente em 06 de Outubro de 2018. Atualizado em 25 de Fevereiro de 2019.

 

 

 


Acessem nossas redes sociais e nosso link de compras da amazon

Instagram 

Facebook

Amazon


 

 

 

Quer debater Quadrinhos, Livros e muito mais?

Conheça nosso grupo no WhatsApp!

Quero participar

Notícias relacionadas

Contagio da Marvel

Contágio da Marvel – O Ultimato

15 de Set de 2020

Nós usamos cookies para garantir que sua experiência em nosso site seja a melhor possível. Ao navegar em nosso site você concorda com a nossa política de privacidade.

OKPolítica de privacidade