Criado em 1912 por Edgar Rice Burroughs, Tarzan é um daqueles heróis que povoam o imaginário popular. O que não quer dizer que o público em geral saiba muito sobre o personagem. Criado entre os macacos, o personagem tem uma de suas mais marcantes fases nas mãos de Roy Thomas e John Buscema, que se mantiveram à frente das HQs do herói na Marvel Comics durante o seu primeiro ano de publicação na Casa das Ideias em 1977.
Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema foi publicado no Brasil na íntegra (e em cores!) pela Editora Pipoca e Nanquim em 2022. A obra chega com um tratamento especial, sobrecapa e capa dura. Vale dizer que esse material não era lançado no Brasil desde a época da editora Ebal, quando começou a sair na publicação “Tarzan – O Livro da Selva” (1978).
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O Rei das Selvas enfrenta muitos apuros na HQ Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema
As tramas da HQ Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema
Vale começar dizendo que os autores decidiram seguir por um caminho diferente. Ao invés de criar histórias 100% novas, eles preferiram seguir produzindo ótimas adaptações dos materiais originais feitos por Edgar Rice Burroughs.
A ideia é ótima pois nos ajuda a entender um pouco mais sobre a profundidade dos dilemas desse personagem – explorados aqui de forma muito mais interessante do que na maioria das adaptações para o cinema.
Um dos traços mais interessantes do personagem, que é muito explorado nessas histórias, é a forma como ele se divide entre ser o “selvagem” que foi criado por macacos e ser o Lorde Greystoke – título que herdou dos falecidos pais. Duas facetas completamente diferentes do personagem que parece se sentir relativamente confortável nos dois papéis.
A primeira trama, que ocupa dez das 15 edições produzidas pela dupla, é uma adaptação de “Tarzan e as Jóias de Opar” (escrito em 1916). A trama foi uma ótima escolha para abrir a fase do personagem na Marvel Comics porque nos permite ver esse personagem em diversas facetas diferentes. Em dado momento da trama ele chega até a “involuir” para o comportamento que apresentava antes de conhecer Jane e outros ingleses.
A força bruta do protagonista é constantemente exaltada na HQ Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema
“Tarzan e as Jóias de Opar” conta uma aventura de um Rei das Selvas que já tem sua “vida resolvida”: já é casado com Jane, já possui seu título inglês reconhecido, é temido e respeitado nas selvas e possui empresas e negócios na Inglaterra.
A história nos dá a oportunidade de conhecer toda a jornada de Tarzan (até aquele ponto) em um ótimo flashback narrado por sua esposa Jane.
A trama mostra um ladrão/golpista que resolve se aproximar de Tarzan para matá-lo – dessa forma seu “chefe” (um temido salteador) poderia dominar e governar toda a região.
O plano do larápio muda quando ele escuta Tarzan falar sobre um tesouro gigantesco que ele irá utilizar para resolver alguns problemas financeiros na Inglaterra. A trama logo começa a girar ao redor dessa fortuna que passa a ser cobiçada por diversos personagens que vão aparecendo na história.
Uma sacerdotisa persegue e inferniza a vida do protagonista na HQ Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema
Apesar dessa trama ser a principal (e ser a ideal para conhecer mais sobre o personagem), é importante salientar que Roy Thomas e John Buscema trazem ainda diversos contos curtos sobre a juventude de Tarzan e seu relacionamento com as tribos e outros animais da selva (até sua primeira paixão – por uma macaca de sua tribo – é retratada).
Uma delas acabou sendo, inclusive, a minha história favorita. “O Deus de Tarzan”, lançada na edição 9, é uma história muito interessante que mostra o personagem tentando descobrir o que é Deus após ler um livro na cabana abandonada que achou na floresta (é a cabana de seus pais mas em sua juventude ele ainda não sabe disso). A trama é cativante e mostra o lado selvagem do herói tentando racionalizar algo que parece muito distante da sua realidade.. Belo conto!
Tarzan O Senhor da Selva de Roy Thomas e John Buscema é um convite para voltarmos a tempos mais simples nos quadrinhos. As tramas, que envelheceram bem de maneira geral, apresentam uma simplicidade (e algumas conveniências de roteiro) que devem ser relevadas para que a obra possa ser apreciada pelo leitor da melhor maneira.
Para os fãs de histórias antigas que tem uma pegada de aventura clássica forte, a HQ é um verdadeiro tesouro que nos ajuda a conhecer um Tarzan mais complexo e interessante do que a maioria dos filmes e obras animadas nos leva a crer!
Avaliação: Ótimo!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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