Tanka de Toppi – O Ultimato

Uma boa obra de samurais que vai muito além do confronto de espadas. Essa simples frase define bem o que o leitor encontra na obra Tanka de Toppi. O mestre italiano, nascido em 1932, vem ganhando mais popularidade no Brasil a medida que suas obras chegam ao país e Tanka é uma excelente pedida para quem nunca leu nada do autor – curta, com preço mais acessível e impressionante (por conta da arte E do roteiro).

Tanka do italiano Sergio Toppi é, na verdade, uma coletânea de 4 histórias curtas sobre samurais. As histórias foram escritas entre 1977 e 1988 e, fora a temática, não tem nenhuma espécie de correlação entre si. Considero a obra uma excelente porta de entrada por mostrar a versatilidade do mestre italiano em roteiros curtos.

E me arrisco a dizer que sua arte misturada aos elementos clássicos de samurais gera cenas e sequências ainda mais belas que o normal. A HQ foi lançada no Brasil em capa dura pela editora Figura em 2019.

Confrontos entre samurais são apenas o plano de fundo para histórias com tramas profundas na HQ Tanka de Toppi

As tramas dos contos da HQ Tanka de Toppi

Tanka nos apresenta quatro contos independentes onde Sergio Toppi explora a cultura japonesa dos samurais. Sem sombra de dúvida, o primeiro conto – que dá nome a coletânea – é o mais impressionante e por mais que os outros contos sejam bons, é esse primeiro que reverbera na mente do leitor.

Na história, que possui uma estrutura e um formato com “ar de poesia”, acompanhamos um habilidoso samurai que está apaixonado por uma princesa que vive nas ruínas de um palácio. A princesa decide nunca mais abrir os olhos após o massacre de sua família e das atrocidades às quais foi submetida.

O samurai apaixonado decide fazer de tudo para abrir os olhos da princesa – desde vingança contra os agressores da amada até presentes místicos. É difícil falar mais do que isso sem dar spoilers, mas a estrutura narrativa aliado aos desenhos de Toppi e ao final surpreendente tornam a obra memorável.

Uma princesa que jura não abrir mais os olhos é o fio condutor do conto Tanka de Toppi

Uma espada para Kimura, lançado em 1982, é o segundo conto da coletânea Tanka de Toppi. A história narra o confronto entre Masamune, um mestre espadeiro famoso, e o príncipe Ashizu. Na trama o maléfico príncipe quer uma espada forjada por Masamune – que se recusa a trabalhar para o príncipe.

Após uma série de acontecimentos, o mestre espadeiro acaba cedendo e… os acontecimentos que se seguem possuem elementos surpreendentes. A trama é magnífica e dialoga muito sobre honra e dever.

Sato, o terceiro conto da HQ, narra a história de um misterioso e habilidoso samurai  que some sem deixar vestígios. Seu sumiço só faz a lenda sobre seus feitos aumentar, mas a verdade pode ser muito menos “fantástica” do que as pessoas imaginam. Uma história que mostra a um pequeno e animado garoto que as pessoas podem não ser quem parecem…

Ogari 1650 é o conto que fecha a coletânea e possui um elemento místico mais forte e um fim mais “abstrato”. A história passa longe de ser ruim ou de não ter nada para dizer mas vai requerer que o leitor esteja disposto a “embarcar” na proposta de Toppi – que destoa muito do que é feito nos contos anteriores.

A história trata, resumidamente, de uma vila que explora um Ronin faminto para fazer trabalhos pesados. Ele é humilhado e, no fim das contas, não recebe o pagamento prometido – é nesse ponto que o místico e “abstrato” entram em cena. 

Ogari 1650 é o conto mais abstrato e perturbador da HQ Tanka de Toppi

No fim das contas, Tanka de Toppi é uma obra incrível que nos brinda com artes memoráveis e enredos que mostram a versatilidade do autor ao criar tramas tão diferentes sobre o mesmo tema: samurais. A premissa dos enredos e o próprio desenvolvimento nos mostram porque Sergio Toppi é tão celebrado pelos leitores!

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