O Máskara (HQ) - O Ultimato | Ultimato do Bacon

O Máskara certamente faz quem cresceu na década de 90 lembrar de uma coisa ou duas. O personagem é um símbolo do período e foi imortalizado no ótimo filme The Mask de 1994, dirigido por Chuck Russell que contou com Jim Carrey no papel principal, e no desenho The Mask – Animated Series de 1995 – que era uma continuação do filme. Sempre tive curiosidade de ler o material original para entender a gênese do marcante personagem.

O Máskara foi concebido nas HQs em 1982 e possui 3 minisséries que narram sua história nas mãos de seus criadores Mike Richardson, Randy Stradley, Mark Badger, John Arcudi, Doug Mahnke. A edição brasileira, da editora Pipoca e Nanquim, reúne as minisséries originais que se chamam O Máskara, O Retorno do Máskara e O Máskara Contra-Ataca.

O Máskara apresentado nas HQs da Dark Horse: uma versão sanguinária e homicida do famoso personagem

Ler a HQ O Máskara ajuda a matar a saudade do personagem?

Ao adquirir a HQ O Máskara do Pipoca & Nanquim, esperava conhecer o material de origem do personagem ao mesmo tempo em que mataria a saudade de figuras tão famosas no filme e no desenho como Stanley Ipikiss, seu cachorro Milo e o detetive Mitch Kellaway.

Infelizmente não é isso que acontece e o material de origem é COMPLETAMENTE diferente das versões animadas e do cinema. O tom não é de um humor leve e sim de um humor negro que lembra muito mais as histórias adultas do personagem Lobo da DC Comics do que qualquer outra coisa – não que isso seja necessariamente ruim.

Se o tom pode ser uma mudança bem-vinda nas HQs – e acaba atraindo um outro tipo de público – a versão original de Stanley Ipikiss, o grande protagonista interpretado por Jim Carrey, é decepcionante.

Nas HQs ele, além de não ter muito destaque, é um personagem maníaco e homicida e é – tranquilamente – a pessoa menos engraçada a utilizar a máscara responsável por todas as mudanças. O papel do detetive que estava sempre buscando “O Cabeção” (apelido de O Máskara) muda completamente e o pobre Milo nem dá as caras. Aliás, o próprio design da peça mística é mais interessante nos desenhos e no filme.

É um dos raros casos onde a obra original é absurdamente superada pelos seus derivados.

A versão mais conhecida e cartunesca de O Máskara não dá as caras na HQ da década de 80

Ler a HQ de O Máskara não vale a pena?

Não digo que não achei válida a experiência de conhecer a obra que inspirou os filmes e desenhos de O Máskara, mas a leitura do material original acaba servindo muito mais como uma curiosidade e passa longe de ser tão divertida quanto seus derivados.

O preço salgado – ocasionado pelo excelente tratamento gráfico dado pelo Pipoca & Nanquim – pode e deve te fazer repensar se vale a pena adquirir a obra – tem coisas mais interessantes e em conta saindo por aí… cuidado! O raciocínio de que algumas editoras são sagradas e de que tudo delas deve ser lido pode fazer mal ao seu bolso.

Se por outro lado você tem dinheiro extra e está realmente curioso para saber de onde O Máskara veio, as HQs podem te interessar. As versões originais do detetive Kellaway e do sinistro Walter são interessantes e a sanguinolência da obra a torna divertida – longe de genial ou primordial como têm dito algumas pessoas.

O Walter, grande inimigo de O Máskara, é muito mais assustador nas HQs

Se você pode esperar e não está curioso para ler O Máskara, faça isso – o custo benefício não é válido na minha opinião. A HQ é uma diversão descompromissada mas que não lembra em nada o personagem que estamos acostumados a ver na TV – e os fãs mais saudosistas podem se decepcionar bastante.

O tom mais violento de humor negro é o único bônus bacana que faz com que a história tenha vida própria, mas ainda é pouco para justificar o investimento pedido.