Ultimato do Bacon

O Juízo – O Ultimato

Em 5 de Dez de 2019 3 minutos de leitura
O Juízo
Ano: 2019 Distribuição: Paris Filmes
Estreia: 05 de Dezembro

Direção: Andrucha Waddington

Roteiro: Fernanda Torres

Duração: 100 Minutos  

Elenco: Felipe Camargo, Carol Castro, Criolo, Joaquim Torres Waddington, Kênia Bárbara, Fernando Eiras, Lima Duarte, Fernanda Montenegro

Sinopse: Augusto Menezes (Felipe Camargo) muda-se com a mulher Tereza (Carol Castro) e o filho, Marinho (Joaquim Torres Waddington), para uma fazenda abandonada, herdada do avô, na esperança de colocar a vida nos trilhos. A propriedade, no entanto, carrega o carma da traição ao escravo Couraça (Criolo), que busca ao longo dos séculos a vingança contra a família de Augusto.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Mistura de folclore familiar e Stephen King, O Juízo é um bom entretenimento

Longa de Andrucha Waddington que tem roteiro de Fernanda Torres e estrela o filho do casal, Joaquim Torres Waddington, estreia nesta quinta-feira 05 de dezembro

por Alexandre Baptista

 

O Juízo é praticamente um filme familiar. Escrito por Fernanda Torres, dirigido por Andrucha Waddington, estrelado por Joaquim Torres Waddington – filho do casal – e contando com participação de Fernanda Montenegro, ele não é familiar somente pelos vínculos pessoais da equipe de produção e elenco.

Sua trama também inspira essa sensação, uma vez que a história evoca aquelas anedotas folclóricas, que provavelmente toda criança criada no interior já escutou. Particularmente aquelas puxadas ao mistério sobrenatural, contadas nas noites frias, geralmente por alguma avó ou tia mais afeita a impressionar a criançada – um fogão a lenha ou fogueira queimando, hoje coisa rara, também não faltavam nessas situações.

Lembro-me especialmente da Lenda do Surupango em que, de maneira extremamente inteligente e divertida, um tio usou a pouco usual palavra como alcunha para uma monstruosidade qualquer, habitante das paragens de São José do Rio Pardo, SP.

O Juízo tem essa qualidade, com a trama de uma maldição lançada por um escravo fugido, traído por um sinhozinho a quem pagou pouso para si e sua filha com um diamante. Mortos por soldados que os buscavam, voltam a assombrar os descendentes do sinhozinho traidor, levando-os à loucura.

A história acompanha Augusto (Felipe Camargo), nos tempos atuais, de mudança com a família – a esposa Tereza (Carol Castro) e o filho Marinho (Joaquim Torres Waddington) – para o sítio Raposo, isolado da civilização e recebido de herança. Sem energia elétrica ou sinal de celular, o local funciona como uma versão sul-americana do Hotel Overlook de Stephen King, magistralmente representada nos cinemas por Stanley Kubrick em O Iluminado (The Shining, 1980) e Mike Flanagan em Doutor Sono (Doctor Sleep, 2019).

Aliás, estruturalmente, O Juízo usa muita coisa do clássico de 1980, como o alcoolismo do protagonista, sua obsessão crescente e a galopante perda da sanidade. Infelizmente, visual e tecnicamente o longa de Waddington não segue pelo mesmo caminho do cineasta nova-iorquino. Seus cortes nem sempre são limpos, a paleta de cores tem pouco contraste e a baixa iluminação prejudica demais a escolha (mono)cromática. Mesmo a imagem de abertura desta crítica, cena do longa, foi alterada pelo Ultimato do Bacon para não ficar muito escura para uma publicação.

A fotografia, no entanto, é belíssima e o longa tem momentos muito felizes nesse sentido, seja na cena do poço, nos amplos takes da paisagem do Raposo, ou ainda em uma das aparições de Couraça (Criolo) e Ana (Kênia Bárbara) que lembra o clima do ótimo curta de animação Juro que Vi: O Curupira (2003) de Humberto Avelar.

De maneira geral, o elenco entrega uma boa performance, com Fernanda Montenegro brilhando em sua curta participação como Marta Amarantes e grande destaque para a excelente Carol Castro.

Apesar de ter alguns problemas de ritmo e edição, O Juízo é um bom entretenimento e sinal de que o cinema nacional, como indústria, produto e mercado, tem se fortalecido cada vez mais, apesar dos esforços contrários por parte do poder público.

A existência de filmes que não se prestam ao cinema de arte necessariamente e que, apesar de apresentarem uma qualidade razoável não serem obras-primas dignas de premiação ou grande alarde, é um indicador sólido de que o terreno cinematográfico brasileiro está cada vez mais fértil e produtivo.

O Juízo pode não ser uma obra-prima. Mas é um bom passatempo que não deve nada a filmes internacionais da mesma cepa, especialmente numa noite fria e assustadora.

 

 

Avaliação: Bom

 

 

[tabbyending]

 

Trailer

 

 


Acessem nossas redes sociais e nosso link de compras da amazon

Instagram

Facebook

Amazon


 

Quer debater Quadrinhos, Livros e muito mais?

Conheça nosso grupo no WhatsApp!

Quero participar

Notícias relacionadas

Imagem de divulga de Eight Billion Souls de Eduardo Lira

Eight Billion Souls de Eduardo Lira – Playlist

27 de Ago de 2020

Nós usamos cookies para garantir que sua experiência em nosso site seja a melhor possível. Ao navegar em nosso site você concorda com a nossa política de privacidade.

OKPolítica de privacidade