Ultimato do Bacon

Máquinas Mortais – O Ultimato

Em 10 de Jan de 2019 4 minutos de leitura
Máquinas Mortais (Mortal Engines)
Ano: 2018 Distribuição: Universal
Estreia: 10 de Janeiro (Brasil)

Roteiro: Fran Walsh, Peter Jackson, Philippa Boyens

Direção: Christian Rivers

Duração: 129 minutos Elenco: Hera Hilmar, Robert Sheehan, Hugo Weaving, Jihae, Ronan Raftery, Leila George

Sinopse: Centenas de anos após a civilização ter sido destruída por um evento cataclísmico, uma jovem misteriosa, Hester Shaw (Hera Hilmar), surge como a única que consegue impedir que Londres – agora uma gigantesca cidade predadora sobre rodas – devore tudo em seu caminho. Feroz e avidamente impulsionada pela memória de sua mãe, Hester une forças com Tom Natsworthy (Robert Sheehan), um pária de Londres, e Anna Fang (Jihae), uma perigosa fora-da-lei com uma recompensa por sua cabeça.

 

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Aventura interessante e bem-feita, novo projeto de Peter Jackson nos cinemas, Máquinas Mortais, sofre na bilheteria americana e tende ao fracasso

Filme que disputa o público com produções mais conhecidas tem estreia hoje, 10 de janeiro, nos cinemas nacionais

Por Alexandre Baptista

 

Peter Jackson. O nome envolvido nas adaptações de O Senhor dos Anéis para os cinemas. Roteirista, diretor e planejador. Afinal, o que dizer de alguém que formatou sua carreira numa profissão com o objetivo de usar seus filmes como laboratório para possíveis técnicas a serem empregadas posteriormente no longa de sua vida?

Peter Jackson. Envolvido em outra adaptação literária para os cinemas. Não tem como dar errado certo? Errado.

Infelizmente, apesar de Jackson ser uma das pessoas mais importantes da Nova Zelândia atualmente e ser visto como um “hobbit tamanho família” pela grande maioria das pessoas que trabalham com ele, a afirmação acima tem se provado incorreta. Não vamos falar aqui sobre as inconsistências da trilogia de O Hobbit que errou um bom tanto o alvo, e sim de seu novo projeto, Máquinas Mortais (Mortal Engines), em que o tiro parece ter saído de fato pela culatra.

Desde que a compra dos direitos de adaptação da quadrilogia homônima de Philip Reeve para os cinemas foi anunciada por Peter Jackson, a ansiedade por aqui ganhou forma, uma vez que esse tipo de literatura sempre foi do meu gosto. Uma aventura steampunk, em que cidades sobre motores viajam a muitos quilômetros por hora pelos desertos de uma Terra pós-apocalíptica, caçando cidades menores e canibalizando-as, incorporando seus recursos para evoluírem e permanecerem vivas: Mad Max encontra Piratas do Caribe e Steamboy.

 

Jenny Haniver confronta a cidade-tração de Londres: difícil capturar em uma cena ou poster a magnitude do longa.


 

Aos poucos, no entanto, as coisas foram esfriando e os contornos de um possível fracasso retumbante foram tomando corpo para mim: Jackson anunciou que ficaria apenas na produção e no roteiro do longa e a direção seria de seu pupilo e colaborador de longa data Christian Rivers; nada de Howard Shore na trilha sonora, e sim Junkie XL (que assina a produção como Tom Holkenborg); Hugo Weaving e Jihae como os dois nomes mais conhecidos do longa… e a data de estreia, em plena competição com outras produções de peso como Aquaman, O Retorno de Mary Poppins, WiFi Ralph: Quebrando a Internet, Bumblebee e Homem-Aranha no Aranhaverso, exigindo desempenho pleno das máquinas mortais para digerir a competição e se manter minimamente relevante na bilheteria.

Os especialistas dessa área, no entanto, apontam que Máquinas Mortais deve fechar exibições com um prejuízo de mais de US$ 100 milhões, ainda que esteja estreando hoje no Brasil e aguarde uma data para estreia na China – onde pode surpreender e minimizar um pouco esse prejuízo.

Fato é que, aliado a todos os equívocos apontados anteriormente está também a falta de notoriedade do material original perante o grande público, fazendo com que pouca gente fora da Grã-Bretanha conheça os livros de Máquinas Mortais a ponto de conferir o longa simplesmente pelo apreço à obra original – como é o caso de O Senhor dos Anéis, O Hobbit e a franquia Harry Potter – tendo assim um destino provável similar ao de A Bússola Dourada de Philip Pullman (por aqui a gente torce para que a série dê certo) ou o longa de Desventuras em Série.

Outro entrave para o sucesso do filme é o marketing: como divulgar em pôsteres, trailers e spots toda a magnitude e complexidade da obra? Cidades predadores sobre motores que digerem cidades menores para se manterem evoluídas, além de tramas conspiratórias acerca do velho mundo que foi extinto em uma guerra de 60 segundos.

A trama é envolvente e a atriz de Da Vinci’s Demons, Hera Hilmar, convence no papel de Hester Shaw, oposição a Thaddeus Valentine (Hugo Weaving) e parceira forçada de Tom Natsworthy (Robert Sheehan) – o elenco, apesar de não ter grandes nomes, é um dos pontos fortes do longa, assim como os efeitos visuais bem renderizados e texturizados. A dinâmica entre as cidades-motor é o ponto forte da ação e talvez o roteiro pudesse ter valorizado um pouco mais as perseguições e obliterações entre elas. Um dos pontos mais altos na transposição do texto para as telas está na relação entre Shrike e Hester, provando mais uma vez a capacidade de adaptação do trio Jackson-Walsh-Boyens, ao deixar uma passagem forte do livro ainda mais impactante.

 

Stephen Lang como Shrike em Máquinas Mortais. Momentos de grande impacto.


 

O filme se garante como uma boa diversão e o design de produção abusa dos temas steampunk de maneira orgânica, com muito bom gosto e criatividade. Os conceitos visuais também impressionam e, tivesse o longa uma direção com mais peso, um corte com um pouco mais de ritmo e certos elementos que não fossem tão descaradamente “inspirados” em Star Wars – Uma Nova Esperança, teria entrado instantaneamente na minha lista de clássicos.

Desde que O Senhor dos Anéis estreou em 2001, muita coisa mudou no universo de ficção fantástica nos cinemas e na televisão. Embora tenha realizado um feito incrível, hoje em dia a adaptação da obra de Tolkien talvez estivesse mais adequada em uma série para uma plataforma de streaming – como parece ser o caso da série vindoura pela Amazon Prime, estimada como a mais cara da história. O que também parece ser o caso de Máquinas Mortais: complexo demais para os cinemas, acaba tendo partes de seu enredo aceleradas para cumprir o tempo de tela, quebrando o ritmo narrativo e caindo em qualidade, o que certamente se resolveria de forma mais natural em uma série de grande orçamento como Game of Thrones ou Westworld, que acaba tendo cinco vezes mais tempo de tela.

Ainda assim, o filme não só vale o ingresso como está qualitativamente acima de uma grande quantidade de longas que estão indo muito melhor nas bilheterias. Embora a história se encerre neste capítulo, a vontade de conferir as próximas três partes da série nos cinemas é grande, bem como a torcida pelo sucesso de todo o projeto. A esperança é de que o público brasileiro seja parte dessa (praticamente impossível) virada, garantindo pelo menos a chance de uma continuação que, caso se confirmem as previsões atuais, jamais verá a luz do dia.

 

 

Avaliação: Bom!

 

[tabbyending]

Trailer

 


Acessem nossas redes sociais e nosso link de compras da amazon

Whatsapp

Instagram

Facebook

Amazon

 

 

 

Quer debater Quadrinhos, Livros e muito mais?

Conheça nosso grupo no WhatsApp!

Quero participar

Notícias relacionadas

Imagem de divulga de Eight Billion Souls de Eduardo Lira

Eight Billion Souls de Eduardo Lira – Playlist

27 de Ago de 2020

Nós usamos cookies para garantir que sua experiência em nosso site seja a melhor possível. Ao navegar em nosso site você concorda com a nossa política de privacidade.

OKPolítica de privacidade