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Malagueta de Gabriel Pieri (2022) – O Ultimato

Em 3 de Nov de 2022 3 minutos de leitura
Malagueta de Gabriel Pieri (2023) – O Ultimat

Conheça Malagueta de Gabriel Pieri, o polêmico e violento cãozinho que anda aterrorizando as ruas de São Paulo

Malagueta é personagem do quadrinista paulistano Gabriel Pieri. Um vira-lata malandro e violento, cheio de gírias e palavreado, que toca o terror pela cidade de São Paulo. As aventuras do cãozinho, com arte inspirada nos mangás (gibis japoneses), saíram originalmente no Tapas, plataforma que se autointitula o “YouTube dos quadrinhos”.

Em 2022, a editora Veneta lançou em edição impressa a história do Malagueta, com 176 páginas, P&B, capa cartonada. De acordo com o autor em entrevista ao Mais QI Nerds, a ideia do cãozinho do mal surgiu de um período em que ele estava “put* com tudo, em 2019 pra 2020, e resolvi botar tudo isso pra fora com esse personagem.”

Qual a trama de Malagueta de Gabriel Pieri

O gibi abre com dois garotos chamando Malagueta de “doguinho“. Logo percebemos que isso será um convite para a briga por toda a HQ. O animal tira a faca do blusão – uma das marcas registradas – e afasta os jovens. “Me respeita que sou f*di**!”, ele exclama. Malagueta repetirá isso muito.

Malagueta de Gabriel Pieri (2024) – O Ultimat

Se vir o Malagueta pela rua, é melhor não o provocar

Uma viatura chega para detê-lo. Eis que o dog avança nos policiais e rouba a viatura. Na sequência, assalta um restaurante elitizado para se alimentar, atacando o cliente almofadinha com os próprios talheres.

Pieri aproveita para alfinetar diversas questões da cultura cotidiana no quadrinho. No restaurante, Malagueta pede um sarapatel. Mas estamos em uma cozinha de um “chef alternativo roqueiro e motoqueiro padrão”, e o prato é, na verdade, uma “desconstrução de sarapatel com toque do chef“.

Qualquer semelhança com Henrique Fogaça é mera coincidência. A iguaria é servida com três pedacinhos de sabe-se lá o que no centro do prato. É o suficiente para Malagueta destruir o restaurante.

Essa é a pegada de toda a obra. No segundo capítulo, Malagueta conhece Iara, que o leva meio que como bichinho de estimação para morar com ela e a mãe – uma figura cômica e politicamente incorreta –. Entre as diversas confusões do animal, algumas vão conduzindo o canino para a maior e mais excitante história.

Nela, Malagueta vende o micro-ondas de Iara e aposta o dinheiro na sinuca. De um lado, a garota investiga o paradeiro do eletrodoméstico e de seu cãozinho.

Do outro, Malagueta precisará se resolver com a gangue risca-faca da mesa de bilhar e, oportunamente, com os policiais, que o odeiam. Já viu no que vai dar…

Vale a pena ler?

Malagueta é um personagem intragável, inclusive criminoso, para os que cruzam seu caminho. No entanto, na linha do que o próprio autor expôs, em contrapartida de um período em que o atravessamento do social e da natureza era inoportunamente cruel com as pessoas, principalmente de onde vem o Malagueta – das ruas para além da elitizada Av. Paulista –. Malagueta soa como um grito de “f*da-** tudo!”

Malagueta de Gabriel Pieri (2025) – O Ultimat

Iara e Malagueta, uma dupla diferente que funciona bem na HQ

Curiosamente, ele não deixa de ser um cachorrinho fofinho em seus traços – guardada a peixeira, que não faz cerimônia para apresentar –. É isso que permite, inicialmente, Iara ser atraída por ele. E também um paradoxo que mexe conosco na hora da leitura e ajuda a construir esse carisma peculiar do Malagueta.

Confesso que a arte, inspirada nos mangás, inicialmente me causou estranheza, pelo fato de ser um desafio retratar com tal estética personagens tão brasileiros. Vale pelo sincretismo de culturas que é logo absorvido.

A edição em novela gráfica da Veneta pode ser melhor apreciada se lermos como uma coletânea, que acaba tendo como fio da meada a família que se cria no entorno do protagonista: Iara e sua mãe, além da turma de malandros com que Malagueta convive. Serializada na web funcionou muito bem e parece ser o formato ideal para o quadrinho.

A utilização do cotidiano paulistano para contextualizar as histórias de Malagueta acaba sendo o destaque positivo. O “busão” que passa a milhão, os alagamentos, o pastel de feira, os botecos, a poluição visual do excesso de fios, postes e pixos e seus personagens estereotipados… coisas que os moradores da capital estão mais do que habituados.

A linguagem informal e cheia de jargões acaba contribuindo para o clima proposto. Não é aconselhável para menores de idade. Malagueta é o exemplo do que não fazer, mas de carisma único.

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Avaliação: Bom!

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Malagueta de Gabriel Pieri (2022) – O Ultimat


Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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