Ultimato do Bacon

A Cruzada das Crianças – Mais Cinco HQs que não passariam pelo “Crivo”

Em 9 de Set de 2019 5 minutos de leitura

por Alexandre Baptista

 

Depois da nossa lista de Cinco Indicações para o Crivella, recebemos muitos elogios e também, como já era esperado, reclamações.

Leia nossa crítica de Vingadores: A Cruzada das Crianças aqui.

Então fizemos esta nova lista, com a intenção de mostrar que não estamos aqui querendo polarizar nada e que, assim como alguns não querem ver / não querem que os filhos vejam um beijo gay, outros tantos não querem ver violência, erotização, racismo, objetificação feminina e tantas outras coisas em livros e quadrinhos.

Como a nona arte é expressão artística e entretenimento é importante ressaltar que a atitude do prefeito é censura sim e portanto, inconcebível. O público tem o poder de comprar ou não; de escolher ler ou dar para seus filhos lerem o que quer que seja, de acordo com suas próprias decisões. Basta que se informem a respeito daquilo que estão comprando.

Papai e mamãe desinformados, leiam o Ultimato do Bacon, assistam o Sobrecapa e saibam o que dar para seu pimpolho ou pimpolha lerem!

“Hoje, almoço surpresa! Saiba o que você vai comer depois de pagar”

Nesta nova lista, quisemos mostrar e elencar alguns assuntos muito mais pesados e graves que um simples beijo e que, nem por isso, sofreram qualquer tipo de censura a qualquer momento por parte do “Criva”. Hipocrisia que chama?

Vamos lá?

 

1 – A Piada Mortal

A Piada Mortal é uma das grandes obras do cânone do Batman, que completa 80 anos esse ano. Escrita por Alan Moore, com desenhos de Brian Bolland, teve alguns painéis censurados pela DC Comics lá em 1988 quando foi criada. Bolland suavizou a arte e deixou a cena em questão apenas sugerida.

 

O painel original, que foi censurado: imagem desfocada pelo Ultimato do Bacon.

 

Para quem não sabe do que estamos falando, na trama o Coringa invade o apartamento de Barbara Gordon, filha do Comissário James Gordon e Batgirl até aquele momento. Dando um tiro em seu ventre – que posteriormente a deixou paraplégica – o Palhaço do Crime sequestra a garota e seu pai, mantendo-os isolados.

Mais para frente na história, Jim Gordon é mantido em um cativeiro na companhia de aberrações de circo, em vestimentas que sugerem – apesar dele dizer ao Batman que não – que ele foi sodomizado.

Torturado, Jim Gordon recebe fotos de Barbara seminua, sugerindo que o Coringa a tenha estuprado, ainda ferida.

 

Ah, mas é só sodomia e estupro gente, nada de mais!

 

2 – Mulher-Maravilha: Deuses e Mortais

Esta é outra obra tida como ponto de partida para que os fãs conheçam a personagem. A bíblia da Mulher-Maravilha, por assim dizer. E, lembrando que a personagem deve voltar às luzes do palco em breve com seu novo filme, é importante lembrar que em Deuses e Mortais, tudo começa com um estupro seguido de feminicídio.

 

Na mitologia criada por Greg Potter e Len Wein e desenvolvida por George Perez, as amazonas e sua Rainha, Hipólita, foram uma raça criada a partir da piedade das deusas do Olimpo com as primeiras mulheres assassinadas da história.

Hipólita seria então um tipo de reencarnação da primeira mulher assassinada do mundo enquanto estava grávida e após ser estuprada. Pra acrescentar mais coisas nisso, as amazonas recém-criadas são alvo de um estratagema do semideus grego Héracles e seus homens, que seduzem as mesmas para depois violenta-las, agredi-las e escraviza-las.

Ah cara, mas mulher apanha todo dia, isso é normal!

 

3 – Mulher-Maravilha: Terra Um

Já que estamos “com a bola toda” na área do estupro, vamos para mais esta HQ da Princesa Diana!

Aqui, o mestre Grant Morrison reinventa o mito das amazonas com arte de Yanick Paquette.
 

Morrison usa alguns elementos de forma similar a Perez e a escravidão das amazonas – com direito a violência física, estupro e muito mais – por parte dos gregos é ainda mais brutal que em Deuses e Mortais.
 

Mas o ponto mais interessante aqui é o comportamento das mulheres da Ilha Paraíso, mais preciso com o que seria uma origem “histórica” da raça. Pra resumir, a HQ trata da sexualidade de mulheres praticamente imortais que vivem isoladas do mundo em uma ilha – sem a presença de qualquer homem – da única forma possível: elas tem uma sexualidade livre.


Ah, sim, já ia esquecendo! Elas creem nos deuses gregos e realizam seus rituais, obviamente. Assim, é interessante entender a Lua da Caçadora e o Ritual de Diana, mostrados na história, como uma celebração religiosa, ainda que a cena desenhada por Paquette pareça uma orgia pagã com mulheres sensualmente vestidas com suas melhores roupas, mulheres nuas e mulheres vestidas como animais de caça – basicamente cervos – dançando, cantando, consumindo altas quantidades de vinho, realizando diversas “brincadeiras de festa” e fazendo sexo.

Lembro mais uma vez aos incultos: na sociedade grega, essa era uma forma de oração e culto. Amém?

 

Curiosidade: Há quem diga que Paquette se inspirou na atriz pornô Sasha Grey para dar vida a sua Mulher-Maravilha.

 

Ah, detalhe: antes de se envolver com Steve Trevor – e Diana o faz usar uma coleira quando fazem sexo – a Mulher-Maravilha tem em Themyscira, uma namorada, Mahla.

 

E com essa, três anjinhos suspiraram e morreram; mas não Cupido, que é de origem romana, copiado do deus grego Eros e é um “anjinho” que joga suas flechas sem identidade de gênero. E, convenhamos, Cupido tá mais interessado em sexo que amor.

 

4 – Watchmen
 

Outra obra escrita pelo mestre Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons, está em alta graças à sua “continuação” informal pelas mão de Geoff Johns, O Relógio do Juízo Final que, como é de praxe para Johns, descaracteriza bastante a intenção da obra original.

Basicamente, a grande piada de Moore gira em torno do Comediante, herói politicamente incorreto dos anos 60 e 70 que seguiu em atividade nos anos 80 e sua filha, Laurie Juspeczyk, a segunda Espectral.

Laurie só descobre quem é seu pai no final da HQ e a “piada” é o fato de Eddie Blake, o Comediante, ser a pessoa que Laurie mais odeia no mundo.

Na juventude, Blake estuprou e agrediu fisicamente Sally Juspeczyk, a primeira Espectral e mãe de Laurie. Desse estupro nasceu a garota que, quando jovem, via nas tentativas de aproximação de Blake um velho safado pronto para estupra-la também, e não um pai "carinhoso" que tentava contato com sua filha.

 

A incorrigível obra de Moore usa diversas linhas narrativas para retratar a ironia da miséria da vida humana e a decadência das organizações super-heróicas caso existissem de verdade.

Ah, isso sem esquecer que na HQ, o Justiça Encapuzada era gay e Silhouette, lésbica.

Cara, de novo estupro? Isso é normal em HQs!

 

 

5 – Batman: Morte em Família

Pra fechar a lista com o aniversariante do ano, íamos mencionar o Batman de Tom King em relação sexual com a Mulher-Gato, ainda nos trajes de combate, num momento totalmente erótico e fetichista dos quadrinhos… Será que pode, só porque é um momento hétero?

Mas foquemos menos no sexo e mais na violência: a morte do Robin – Jason Todd, pelas mãos do Coringa, com um pé-de-cabra.

A história, escrita por Jim Starlin com arte de Jim Aparo, teve seu desfecho decidido por telefone pelos próprios leitores que, nos idos anos de 1988, pré-internet, gastavam pulsos para votar pela morte ou salvação do menino prodígio.

Só que Jason Todd era um garoto chato e, é claro, quem é chato tem que morrer. Com requintes de crueldade. Espancado com o pé-de-cabra que esfacelou seu crânio.

 

Dizem que alguns leitores, ao ver a cena final, ficaram com remorso de terem votado na morte do passarinho…

Glenn? Walking Dead? Lucille? Já vi isso antes!

 


E aí, o que achou da lista?

Lembrando que não queremos, nem de perto, nem de longe, elencar todos os momentos que podem incomodar algum leitor… Isso seria totalmente impossível.

Nosso intuito é apenas mostrar que a atitude do prefeito Marcelo Crivella é desproporcional, descabida, retrógrada, hipócrita e unilateral. Defender a família, de fato, é direcionar os recursos da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro para a solução dos reais problemas da cidade.

 

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