Ultimato do Bacon

Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi – O Ultimato

Em 5 de Abr de 2022 3 minutos de leitura
Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi - O Ultimato (2)

A vida de trabalhadores japonês em um “navio-fábrica caranguejo” é o tema da obra Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi. O mangá é uma adaptação do famoso livro de Takiji Kobayashi (também creditado no mangá) de 1929. As péssimas condições de trabalho do navio e seus confrontos com o superintendente Asakawa são os motores dessa trama que trazem uma realidade de trabalho cruel em um ambiente pouco conhecido no ocidente.

Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi, também chamado no Brasil de O Navio dos Homens, foi publicado no Brasil em 2021 pela editora Veneta. A obra, que possui pouco mais de 150 páginas, ganhou uma série de extras que nos ajudam a entender mais do contexto no qual a trama está inserida.

Curiosidades para o leitor: O livro adaptado pelo mangá foi, durante muito tempo, proibido no Japão mas a proibição só veio após o livro vender mais de 15.000 cópias. Vale dizer que o livro, proibido no passado, já ganhou versões para o cinema em 1953 e 2009.

A trama do mangá começa mostrando a morte de Takiji Kobayashi. O autor do livro de fato perdeu sua vida por conta de sua obra que traz uma realidade cruel que não deveria vir a tona. O escritor foi preso, brutalmente torturado e, por fim, assassinado pela polícia com apenas 29 anos.

O nome da obra, Kanikosen, quer dizer literalmente navio-fábrica caranguejo – que é onde toda a trama se desenrola.

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Um navio no meio do oceano é o cenário do mangá Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi

A trama de Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi

Kanikosen, o Navio dos Homens, é um mangá que não possui um protagonista. Por mais que tenhamos personagens que eventualmente se destacam, a obra foca mesmo é no confronto que existem entre as classes que habitam no tal  “navio-fábrica caranguejo”.

Humilhações, condições de trabalhos sub-humanas e salários irrisórios são os grandes destaques de uma trama que fala sobre revolução e sobre a união da maioria.

Ao adaptar o livro de Takiji Kobayashi, Gō Fujio faz questão de manter o enfoque nas condições de trabalho do navio – por mais que no começo e no final da obra tenhamos uma representação da morte do escritor do material original.

Os maus tratos frequentes dos trabalhadores, feitos principalmente pelo superintendente Asakawa, são o grande motor da trama que mostra a transformação de trabalhadores sadios em moribundos que estão vivendo um inferno em vida.

Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi - O Ultimato (4)

Maus tratos físicos e psicológicos são frequentes no mangá Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi

Ao ler a obra é impossível não pensar: Porque esses trabalhadores, muito mais numerosos do que seus algozes, estão se sujeitando a essa situação? O mangá mostra um cenário crescente de insatisfação e faz questão de mostrar os artifícios que os donos do navio utilizam para manter seus trabalhadores engajados com o serviço (a forma como o sentimento nacionalista é usado frequentemente é nagativamente impressionante).

Quando a insatisfação atinge seu ápice, vemos que fazer um levante ou uma “revolução” não é tão simples quanto parece, mesmo em um navio. Existe uma reviravolta final que surpreende e “embrulha o estômago” de quem lê a obra.

Kanikosen, o Navio dos Homens é o tipo de obra que causa repulsa em quem lê. No decorrer da trama vemos diversos trabalhadores encontrarem seu triste fim nas águas do mar de Okhotsk e a forma como esses mortos são tratados é revoltante.

Doenças, cansaço e outros motivos para “não trabalhar” simplesmente não tem vez com o superintendente Asakawa, que é o grande “carrasco” do navio.

O superintendente Asakawa maltrata os trabalhadores do mangá Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi

Kanikosen de Gō Fujio e Takiji Kobayashi é o tipo de mangá que nos deixa pensativo após a leitura. A obra narra a maldita jornada de trabalhadores que precisando do sustento se envolvem com uma atividade que é, de muitas maneiras, pior do que a morte.

Um mangá que nos mostra uma realidade dura e cruel em um cenário que a grande maioria de nós nem sabia que existia. Uma leitura rápida com um ritmo impressionante que não vai sair da sua cabeça.

Quer ler outros mangás que mostram mais do cenário japonês em momentos históricos? Confira nossos reviews sobre Adolf de Osamu Tezuka, Gen Pés Descalços de Keiji Nakazawa e A Vida à Deriva de Yoshihiro Tatsumi!

Avaliação: Excelente!.

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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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