O Baú de HQ´s dessa semana traz um clássico. Hulk Cinza de Jeph Loeb com arte de Tim Sale (“Hulk: Gray” no original) que entrega uma das histórias mais emocionantes do Gigante Esmeralda (aqui ainda não tão esmeralda assim). As parcerias de Loeb e Sale normalmente rendem boas histórias! “Homem-Aranha: Azul” e “Batman: Longo Dia das Bruxas” são dois excelentes exemplos do que podemos esperar quando eles trabalham juntos!
Hulk Cinza foi lançado nos EUA originalmente em 2003 pela Marvel Comics e foi publicado no Brasil como minissérie em três edições em 2004 e recentemente (2019) em encadernado capa dura – as duas vezes pela Panini Comics.
Hulk Cinza de Jeph Loeb da Marvel Comics traz um confronto brutal do personagem com o Homem de Ferro
O que torna Hulk Cinza de Jeph Loeb tão interessante
Jeph Loeb e Tim Sale pegam um de seus maiores desafios em “Hulk: Cinza” já que o personagem tem na sua personalidade “monstruosa” sua principal limitação. Como fazer uma história inteligente e emotiva com um personagem que é primariamente conhecido pela sua força? A boa notícia é que eles tiraram o desafio de letra!
A história consiste em Bruce Banner contando ao Doutor Samson sua primeira grande aventura como Hulk – na época que ele ainda era cinza. O olhar emotivo do personagem – principalmente no que tange Betty Banner – é o grande atrativo da história, que fica ainda mais bonita com os belos desenhos de Tim Sale. A ação da história, que é frequente, fica diferente com a narração de Banner que transforma a pancadaria em algo meio nostálgico e triste.
Jeph Loeb e Tim Sale entregam uma história emotiva em “Hulk: Cinza” da Marvel Comics
A história que aborda os primórdios do Hulk sob o olhar de Bruce Banner tem na figura do General Ross o grande vilão. A obsessão do personagem em perseguir o recém surgido “monstro” é muito bem retratada. O desespero do General, que vê cada uma das suas alternativas serem rechaçadas de forma simples, é crescente e termina no clímax de “Hulk: Cinza”. No meio dessa perseguição, o roteiro ainda é hábil em mostrar a relação de Ross com a filha Betty e isso serve como mais uma justificativa para a perseguição que o General organiza contra o Hulk.
Outro grande atrativo da HQ é a ingenuidade do alter ego de Bruce Banner. Uma das cenas mais bonitas e desconfortáveis da história é protagonizada por Hulk e um coelho que é acariciado pelo personagem. A cena é vista ao mesmo tempo pelos olhos do Gigante Esmeralda e com a narração de Banner e comentários de Samson o que a torna brilhante! A ingenuidade, a culpa e o perdão estão presentes em uma sequência simples mas que, para mim, é o retrato perfeito do atormentado personagem.
Betty Ross interage com Hulk em “Hulk: Cinza” de Jeph Loeb e Tim Sale
Betty Ross e a sua relação com o Hulk é, talvez, o grande tema central da HQ. A confusão do personagem, que não consegue entender os sentimentos da moça, é tocante. Os diálogos entre eles são variados e é interessante ver Betty descobrir como se comunicar de maneira efetiva com o personagem. A frustração do Hulk é retratada de forma muito interessante e as emoções demonstradas por ele em cada diálogo parecem muito reais e retratam o personagem como uma “criança que ainda não sabe o que está fazendo” apesar de toda a sua força. Tornar o personagem menos arrogante e mais relacionável faz muita diferença na história!
Hulk Cinza de Jeph Loeb e Tim Sale entrega uma das melhores histórias do Hulk e merece ser lida porque mergulha de maneira inteligente na psique do “monstro” mostrando seus anseios, frustrações e desejos ao mesmo tempo em que ele se descobre. Tornar Bruce Banner o narrador também foi uma ótima ideia já que ele é quem carrega a culpa por todas as ações do seu alter ego.Uma HQ recheada de ação que sabe balancear uma história emotiva e envolvente!
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Alexandre Baptista
Texto publicado originalmente em 14 de janeiro de 2020. Atualizado em 28 de maio de 2020.
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