Ultimato do Bacon

Hebe: A Estrela do Brasil – O Ultimato

Em 26 de Set de 2019 4 minutos de leitura
Hebe: A Estrela do Brasil
Ano: 2019 Distribuição: Warner Bros.
Estreia: 26 de Setembro

Direção: Maurício Farias

Roteiro: Carolina Kotscho

Duração: 112 Minutos  

Elenco: Andrea Beltrão, Marco Ricca, Danilo Grangheia

Sinopse: São Paulo, anos 80. O Brasil vive uma de suas piores crises e Hebe aparece na tela exuberante: é a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 anos de vida, está madura e já não aceita ser apenas um produto que vende bem na tela da TV. Mais do que isso, já não suporta ser uma mulher submissa ao marido, ao salário, ao governo e aos costumes vigentes.

Durante o período de abertura política do país, na transição da ditadura militar para a democracia, Hebe aceita correr o risco de perder tudo que conquistou na vida e dá um basta: quer o direito de ser ela mesma na frente das câmeras dona de sua voz e única autora de sua própria história.

Entre o brilho da vida pública e a escuridão da dor privada, Hebe enfrenta o preconceito, o machismo, o marido ciumento, os chefes poderosos e a ditadura militar para se tornar a mais autêntica e mais querida celebridade da história da nossa TV: uma personagem extraordinária, com dramas comuns a qualquer um de seus milhões de fãs.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Hebe e o problema em ser bicha

Com um filme extremamente político e apartidário, Hebe: A Estrela do Brasil faz uma bela homenagem à maior apresentadora do país

por Alexandre Baptista

 

“E o qual o problema de ser bicha?”, diz Hebe Camargo – interpretada espetacularmente por Andrea Beltrão – a seu marido Lélio Ravagnani (Marco Ricca, também perfeito) em uma das cenas de Hebe: A Estrela do Brasil, que estreia hoje, 26 de setembro nos cinemas.

Esse é o tom da produção que optou por não fazer uma cinebiografia – no sentido de abordar toda a história da apresentadora – e sim, focar em um recorte de tempo de cerca de 10 anos na vida de Hebe, indo mais ou menos de 1979 a 1989.

Ainda que eu não seja grande apreciador do gênero, confesso que Hebe: A Estrela do Brasil me pareceu mais interessante que a média. Não pela curiosidade dos detalhes da vida íntima e pessoal da “loiruda” mas sim pela representação e memória de sua postura em relação a assuntos e momentos delicados.

Hebe sempre agiu de acordo com suas convicções e, concordando ou não com suas opiniões, ninguém jamais pode acusa-la de se eximir, isentar ou ficar calada.

 

“A Hebe é de direita e defende os homossexuais? A Hebe não é de direita. A Hebe não é de esquerda. A Hebe é direta!”, dispara a apresentadora em uma das cenas.

 

É bem verdade que Hebe apoiou a candidatura de Paulo Maluf a governador do estado de São Paulo, tendo o político como amigo pessoal. Pra quem não sabe, a política do Doutor Paulo foi a base e a escola de Jair Bolsonaro, por muitos anos filiado ao PPB/PP de Maluf.

Mas ser de direita ou esquerda não impediu Hebe de fazer o que julgava certo, valorizando os seres humanos e se colocando ao lado de "homossexuais, transgêneros, mulheres, pretos, pobres e putas".

O longa explora com bastante habilidade uma característica marcante de Hebe: a ferocidade com que abordava temas polêmicos, tabus e a coragem com que denunciava o desrespeito dos políticos para com o povo.

 

“Em 45 anos de trabalho, eu nunca faltei ao meu trabalho”, diz a apresentadora segurando um jornal que noticia a plenária do Congresso Nacional vazia em pleno dia de semana.

 

Em outros quesitos, o roteiro Carolina Kotscho tem alguns deslizes. Embora o recorte seja prudente – a vida de Hebe forneceria material suficiente para uma trilogia das grandes – a tentativa de abordar alguns aspectos pessoais parece um tanto jogada, com elementos demais salpicados e logo abandonados.

Um exemplo é o relacionamento com o ciumento marido, Lélio, que mostra uma espiral de amor, paixão e ciúmes e que fica em aberto ao final; o mesmo ocorre em relação ao filho e ao alcoolismo da apresentadora, que chegam a conclusões que mais parecem um abandono do assunto.

Sim, na vida real as coisas são assim. Mas, como o letreiro afirma que o filme é “uma obra de ficção baseada em eventos reais da vida de Hebe Camargo”, o roteiro poderia assumir certas posturas somente para encerrar os ciclos narrativamente.

De toda forma, o longa funciona muito bem mesmo com esses deslizes e a direção de Maurício Farias é elegante. Suas escolhas de ângulos e enquadramentos valorizam os atores e a ilusão de que são de fato os personagens que representam. Farias demonstra em seu estilo a maturidade do cinema nacional, deixando de lado certos vícios tradicionais e focando num estilo contemporâneo que lembra em alguns momentos Daniel Rezende e seu Bingo: O Rei das Manhãs (2017).

O elenco é muito bom, apesar de certas escolhas funcionarem melhor que outras. Andrea Beltrão nem parece a atriz que critiquei em Albatroz, entregando uma atuação deslumbrante. Ela se perde na personagem e mergulha nos trejeitos físicos, faciais e vocais de Hebe Camargo, perdendo completamente seu forte sotaque carioca e adotando a dicção interiorana paulista.

Outro destaque é Marco Ricca, que também se perde na típico descendente de imigrantes italianos de São Paulo, Lélio Ravagnani e seus rompantes de ciúme.

As demais escolhas me pareceram bem, apesar de notar uma recepção mista do público, especialmente em relação a Sílvio Santos, interpretado por Daniel Boaventura e o Roberto Carlos de Felipe Rocha.

A trilha sonora de Branco Mello é outro destaque positivo, com uma mistura de temas orquestrais e sintetizadores ao estilo dos anos 80, em composições com um clima meio rock alternativo, tipo Radiohead. Sóbrio, interessante, não briga com as cenas e valoriza bastante a película.

Por fim, Hebe: A Estrela do Brasil, além de nos apresentar de forma interessante os bastidores da vida de Hebe, se faz um longa bastante necessário e obrigatório.

Principalmente por nos lembrar que o que é certo, deveria estar acima de qualquer orientação política.

E que faz muita falta ter uma figura pública que de fato se comprometa com isso.
 

 

 

Avaliação: Ótimo!

 

 

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Trailer

 

 


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