Ultimato do Bacon

Harry e André de Pedro D’Apremont – O Ultimato

Em 17 de Mar de 2023 3 minutos de leitura
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Conheça a HQ que nos leva a uma viagem pelos tempos da adolescência em: Harry e André de Pedro D’Apremont

Harry e André reúne cinco histórias da dupla que dá nome à obra, publicada pela editora Pé de Cabra no fim de 2022, totalizando 88 páginas. Roteiro e arte do brasiliense Pedro D’Apremont.

Os protagonistas são adolescentes roqueiros pelos seus 15 anos de idade. André Henrique Molina é marrento, de cabelo pontudo e descolorido, melhor amigo de Harry Naatz Jr, mais ponderado.

Nas histórias, sempre com conclusões engraçadas, vemos os dois, em meio a busca por diversão e fazer amigos, terem seus primeiros contatos com dilemas da adolescência na cidade fictícia de Eldorado, a “capital do papel do Sul do Centro-Oeste”.

Qual a trama de Harry e André de Pedro D’Apremont

As duas primeiras HQs foram publicadas originalmente na Vice em inglês, no ano de 2018, e em português no álbum Notas do Underground (2019).

Crüstcore finlandês não é para amadores é a estreia de Harry e André. Eles vão num show de rock em uma biboca podreira e, na ocasião, conseguem entrar no backstage e conhecer a banda finlandesa “Helvetin System”. O detalhe é que os garotos têm acesso, pela primeira vez, aos extremos e excessos desse estilo de vida, e não estamos falando de música.

Na mais curta Panzers e Dragons, André leva o amigo para um sábado de RPG na casa do metaleiro que conheceu numa loja de discos. Ambos logo descobrem que estão em território neonazista e a disputa no tabuleiro será, literalmente, uma luta do bem contra o mal.

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É no backstage da pior biboca que Harry e André conhecem os extremos do rock

Em A festa do Daví, o autor explora a ida da dupla roqueira em uma party house de jovens “normais”. Harry tenta se enturmar enquanto André se mantém fiel à tribo, enchendo a cara escondido e solitário com os destilados do pai do anfitrião. Obviamente, sempre tem gente babaca na festa e o álcool não costuma ajudar…

Na sequência, Sábado de Rolezinho, André pega escondido o Pontiac ’79 do pai e curte o carro com o amigo e a responsabilidade que se espera de adolescentes de 15 anos: nenhuma. Uma dica, teremos mais álcool e acidentes.

Coronga Story serve para nos lembrar das dificuldades que nos assolaram no período da pandemia de covid-19. É nesse contexto que Harry e André descobrem um ídolo, Fernando “Tragédia” Gutierrez do “Disgreta”, internado na cidade por conta da doença. Sim, a dupla tentará se encontrar com o músico em busca de um autógrafo no hospital.

Vale a pena ler?

Não é um quadrinho autobiográfico, porém, as vivências do autor estão perceptivelmente impressas nas páginas de Harry e André. Tudo é repleto de ironias divertidas, do slogan da pequena cidade aos nomes das bandas.

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Os temas da juventude, como tribos urbanas, festas e amigos, são centrais na HQ

A arte de Pedro D’Apremont é de traços limpos e bem definidos. Lembra os caras do underground norte-americano, como Daniel Clowes e Charles Burns. Curiosamente, a primeira vez que li as histórias me passou que Harry e André seriam um tipo de versão masculina e mais jovem de Enid e Becca.

Mas a dupla de D’Apremont é menos profunda, diferente do que Clowes e Burns costumam apresentar em seus personagens. Isso de forma alguma é negativo. Na verdade, torna o álbum leve e divertido, daquele tipo que se lê a qualquer hora e de uma tacada só.

O estereótipo roqueiro presente na estética dos protagonistas contrapondo com a personalidade simplória de cada um é explorado pelo autor, que aproveita isso para introduzir temas sensíveis, como drogas, excesso de álcool, ideias supremacistas e covid-19 – e a insanidade com que alguns lidaram com ela –, mantendo a leveza do quadrinho.

Aliás, é a ingenuidade de Harry e André que nos toca afetiva e nostalgicamente como uma série juvenil do tipo Anos Incríveis (1988-1993). Os carismáticos protagonistas são capazes de resgatar memórias da adolescência de qualquer um, de quando tínhamos a difícil (!) responsabilidade de passar de ano.

O quadrinista não faz apologia a nenhum dos mau-comportamentos supracitados. Harry e André é, no geral, politicamente correta, apesar dos desvios típicos dos adolescentes. É preciso destacar ainda, na arte de belas cores chapadas, o movimento dinâmico dos personagens, mesmo não sendo uma HQ de ação.

O ponto fraco, se tratando de uma coletânea, fica para um detalhe da edição. Faltou um índice com as datas de cada história e, no caso das republicadas, onde saíram pela primeira vez.

Gostou do texto? Leia outros Ultimatos do David Horeglad (HQ Ano 1) para o UB!

ROSES N’ GUNS (2022) – O ULTIMATO

CHAPA QUANTE (2022) – O ULTIMATO

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Ultimato do Bacon

Avaliação: Ótimo!

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UB Harry e André de Pedro D'Apremont – O Ultimato 4 CAPA


Créditos:
Texto: David Horeglad – @hq_ano1
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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