Ultimato do Bacon

As refilmagens de Han Solo, de Lord e Miller a Ron Howard

Em 26 de Set de 2018 12 minutos de leitura

Ou como uma boa ideia se torna um fracasso retumbante

Por Alexandre Baptista

Índice

****O TEXTO ABAIXO CONTÉM SPOILERS DE HAN SOLO E ROGUE ONE: UMA HISTÓRIA STAR WARS****


As notícias e boatos de um filme derivado de Star Wars estrelando o adorado personagem Han Solo em uma prequel que talvez abordasse sua infância e adolescência remontam de 2012, quando George Lucas iniciou o desenvolvimento e arregimentou Lawrence Kasdan para escrever o roteiro. A notícia rapidamente deixou os fãs alvoroçados pois seria uma chance de ver mais aventuras de um dos personagens mais queridos da saga.

No entanto, como muitos se lembram, 2012 foi o ano em que George Lucas vendeu a Lucasfilm para a Disney e, imediatamente, tudo mudou. Muitas mudanças e novos projetos foram anunciados quase instantaneamente e assim Kasdan foi designado pelo novo patrão a escrever o episódio VII – Star Wars: O Despertar da Força e o roteiro de Solo passou para seu filho Jonathan Kasdan.

Logo em seguida foram anunciados diversos atores como potenciais intérpretes do jovem Solo e, a respeito da linha geral da história do filme, havia uma grande expectativa do público para que houvesse algum aproveitamento do velho cânone no novo projeto. Afinal, o passado de Han (logo atrás da trilogia de Thrawn), foi uma das coisas mais legais de todo o Universo Expandido de Star Wars que, sob a Disney, deixava de existir. Uma das ordens prioritárias da empresa foi (e continua sendo) criar um Novo Cânone oficial, deixando a cronologia mais organizada e estruturada (contribuindo grandemente para exploração comercial dos produtos derivados).

Foi nesse contexto que, em Janeiro de 2017 e com direção de Phil Lord e Christopher Miller, a produção finalmente iniciou filmagens da fotografia principal nos estúdios Pinewood. Tudo parecia bem, até surgirem boatos de desavenças entre os Kasdan, a Disney e os diretores. Em Junho do mesmo ano os diretores foram sumariamente demitidos sob a alegação de “diferenças criativas”. A demissão ocorreu antes que as filmagens atingissem o ponto de “corte do diretor” segundo a DGA – Directors Guild of America – o sindicato dos diretores nos EUA. Pela regra, se 90% da fotografia principal tiver sido filmada, os diretores podem exigir um “corte do diretor” frente ao estúdio. Solo encontrava-se em 80%.

A produção foi temporariamente paralisada e Ron Howard foi chamado às pressas para finalizar e realizar refilmagens da produção, com prazos e orçamentos curtíssimos e, segundo a Disney, basicamente para ajustar o tom do filme aos demais episódios e derivados da franquia.

Diretores Phil Lord e Christopher Miller com o elenco principal de Han Solo: Uma História Star Wars.

Howard entrou no olho do furacão e fez o que pode pelo filme que estreou em 23 de Maio de 2018, tendo a mais fraca recepção que um filme de Star Wars já teve. De quebra o filme ainda atingiu a inexpressiva marca de US$ 392.849.523,00, sendo considerado o primeiro fracasso retumbante (bomba ou flop) da franquia – algo que nem mesmo o Especial de Natal Star Wars, A Caravana da Coragem ou Ewoks: A Batalha de Endor conseguiram.

Com o lançamento do filme em Blu-Ray no dia 14 de Setembro, muitos fãs que se esquivaram do lançamento nos cinemas, agora já mais conformados com a existência dessa “pérola”, tiveram finalmente a chance de conferir o filme e buscam entender o que aconteceu para uma lástima tão grande. Uma das maiores suspeitas estaria no processo de refilmagens pelo qual o filme passou.

O site Screen Rant fez uma ótima matéria na estreia do filme em Maio, sobre o que mudou entre as filmagens de Lord & Miller para as filmagens e o corte de Ron Howard jogando bastante luz sobre o assunto. A matéria completa pode ser conferida aqui (em inglês) e é dela que tiramos algumas informações dos próximos parágrafos. Como não existe nenhuma declaração oficial da Disney ou de qualquer um dos diretores sobre “quem fez o que”, para determinar quais cenas foram refilmadas e quais são originais, Alex Leadbeater, autor da matéria, se baseou em diversas evidências como comentários dos produtores, notas a imprensa declaradas pela Disney, além de posts realizados pelo próprio Ron Howard em seu Twitter de um número grande de fotos de bastidores.

Segundo Leadbeater, algumas cenas de Ron Howard são óbvias, como a briga por dinheiro entre o “homem mau” – interpretado pelo irmão de Ron, Clint Howard – e alguns dróides, entrando em conflito com L3-37 quando Han e companhia encontram Lando pela primeira vez. Clint obviamente entrou no projeto através de seu irmão e não participou de nenhuma filmagem de Lord & Miller.

Também é óbvio que todas as cenas envolvendo Dryden Vos, personagem interpretado por Paul Bettany, são mudanças de Ron Howard. Isso porque nas filmagens de Lord & Miller, o personagem era interpretado por Michael K. Williams e era um híbrido humano-animal. Em função de um conflito de agenda, Williams não pode voltar para as refilmagens e foi reescalado. Paul Bettany interpretou um Vos humano provavelmente para facilitar a pós-produção, baratear e agilizar o processo.

Mais uma evidência na lista de mudanças são cenas que tenham Rio Durant. Talvez o personagem já existisse de alguma forma na versão de Phil Lord & Chris Miller; mas uma coisa é certa: a performance vocal de Jon Favreau existe graças a Ron Howard, que trouxe o ator e diretor de Homem de Ferro para a produção.

Outras cenas e trechos que a matéria do Screen Rant aponta como sendo de Howard são baseadas na agenda de chegada e finalização em set dos atores convocados para refilmagens, quais personagens estavam presentes em determinada cena, fotos de bastidores, tipo da cena (por exemplo, cenas em ambientes internos que indicam sets pequenos são um forte indicativo de cenas novas – Howard teve pouco tempo e dinheiro para construir sets grandes, tendo de ser criativo e limitar o tamanho dos cenários).

“Em termos do que temos até aqui, temos o cockpit da Falcon, o jogo de Sabacc, o bar de Dryden, Vandor, Kessel, Mimban, o interior da Falcon e quase tudo em Corellia, tudo revisitado [refilmado por Howard]. O que dá conta da maior parte do filme, com as principais sequencias intocadas sendo as cenas exteriores em Savareen (minimizadas [e entrecortadas] por conversas [em cenas] interiores). A conclusão é que Howard de fato colocou a mão na maioria das cenas.”.

Leadbeater ainda aponta que Howard refilmou 70% do filme – o que acusa apenas 10% do material de Lord & Miller ainda no filme e, ainda assim, cortado e editado pela nova equipe.

Mas o problema não é esse

Ainda que refilmagens soem para os ouvidos do expectador como sinônimo de problema (ou bigode, como foi o caso da versão de Joss Whedon de Liga da Justiça, deixando fãs de Zack Snyder inconformados), elas acontecem sempre para ajustar pequenas cenas, equalizar o tom de um filme ou até mesmo preencher espaços “quebrados” no ritmo da produção.

Esse foi o principal motivo dado pela Disney para as refilmagens de Howard. De que o tom de Lord & Miller beirava a comédia pastelão e não combinava no geral com a franquia Star Wars. Eles abusavam de cenas improvisadas que destoavam do clima pretendido pelos autores. Entre elas uma guerra de bolas de neve logo após o sacrifício de Val, personagem de Thandie Newton. A intenção das refilmagens era trazer o filme de volta aos trilhos e, nesse sentido, quase nada do roteiro original foi alterado, nem pela dupla de diretores originais, nem por Howard.

Na história recente de Star Wars, outro filme da franquia foi salvo do fracasso graças justamente a refilmagens de última hora: Rogue One.

Tony Gilroy revelou algumas informações sobre o processo que viveu no set de Rogue One em Abril deste ano ao podcast The Moment With Brian Koppelman. Segundo ele, o diretor Gareth Edwards estava em maus lençóis filmando o roteiro original de Gary Whitta, John Knoll e Chris Weitz. Seu trabalho ali era reescrever parte do filme para as refilmagens, tentar salvar o que restava de uma produção fadada ao fracasso.

“Eu nunca me interessei por Star Wars, nunca. Então não tinha reverência nenhuma pelo material. E não tinha medo nenhum disso. E eles estavam em um brejo… eles estavam com um problema muito, muito grande e tudo o que dava pra fazer era melhorar um pouco a situação deles.”.  Segundo ele, autor da cena mais memorável de toda a franquia – a chegada avassaladora de Darth Vader no final do filme – a solução para um bom filme era simples: “Se você olhar para Rogue, toda a dificuldade em Rogue, a confusão daquilo… e toda a bagunça e no final, quando você chega ali é muito, muito simples de resolver. Porque você chega e tipo ‘galera, esse é um filme que, olha só… todo mundo morre.’ Então é um filme sobre sacrifício.”

Darth Vader em Rogue One: melhor participação do personagem em toda a franquia.Darth Vader em Rogue One: melhor participação do personagem em toda a franquia.

E graças às refilmagens, Rogue One é definitivamente um dos grandes sucessos da franquia.

O que nos leva a outros questionamentos acerca do que andou errado em Han Solo.

Han Solo: Uma História Acelerada

É difícil apontar apenas um erro determinante para o fracasso de Han Solo: Uma História Star Wars. O filme peca em muitos momentos e as escolhas feitas parecem não levar em conta o histórico precedente da franquia.

Os tropeços já começam no letreiro de abertura – que usa de forma inédita e equivocada a mesma fonte e letreiro de “Há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito distante…” para resumir a situação de partida do filme. O resumo sobre “o que está acontecendo” antes do filme começar da fato é uma marca registrada da franquia Star Wars.

Letreiro de "Há muito tempo atrás…" usado em Han Solo para também fazer o resumo da situação.

No entanto, a escolha em não se usar o tradicional “letreiro em subida” não é inédito. Em Rogue One o famoso letreiro não foi usado e não houve resumo nenhum. O filme começa “do nada”. E tudo bem. O que faz tudo parecer estranho em Han Solo é ver o letreiro tradicionalmente usado APENAS na primeira frase apresentando também o resumo de abertura. Dá uma sensação de “filme pirata” ou “filme para a TV” logo nos primeiros segundos do filme e nos faz pensar na clássica frase do personagem: “Tenho um mau pressentimento sobre isso.”.

Letreiro em subida de Uma Nova Esperança, tradicional para os resumos iniciais da franquia.

Durante a exata primeira hora do filme duas coisas se destacam de forma extremamente negativa: a paleta de cores insaturadas com uma iluminação extremamente sombria – Zack Snyder, é você? – e a infinidade de situações sobrepostas em um ritmo confuso e estranho.

O uso da paleta insaturada e a iluminação sombria pode claramente indicar cenas novas, feitas com pouco tempo de pós-produção. Num filme deste porte, a quantidade de CGI (Imagens geradas por computador) é imensa, seu custo é alto e uma CGI bem-feita leva tempo. Tudo o que Howard não tinha. Cenas com ruído (chuva, poeira etc.) ou cenas mais escuras ajudam muito a esconder melhor CGIs mal-feitas e com renderização mais simples. E, adivinhem, a renderização é uma das coisas que mais tomam tempo numa ilustração digital. Como exemplo, notem quão bizarro é o Stormtrooper perseguindo Han em um speeder. Ele é desengonçado. O speeder não tem peso. A proporção parece errada. O mesmo vale para a cena do roubo da carga de coaxium. Beckett e Han se destacam do horizonte de uma maneira esquisita demais, denunciando um composite ruim.

Escuro e desengonçado. Han Solo: a animação?

Sobre a sobreposição de situações, as evidências nos levam a crer que estavam lá, no roteiro final. Mas é certo que, sendo intencionais e bem trabalhadas pela direção e edição, ela têm um potencial cômico incrível (vide Arrested Development) ou até mesmo de ação (como em Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes). No entanto, aqui as situações se sobrepõem sem um corte ágil e sem um ritmo claramente definido. O filme consegue ser arrastado e ao mesmo tempo apresentar novas situações a cada 5 minutos. A sensação que fica é de que havia uma necessidade de que o roteiro cobrisse uma quantidade definida de “tempo de vida” de Han Solo na exata primeira hora do filme, “socando goela abaixo” do expectador uma avalanche de referências ao cânone principal de Star Wars de maneira vazia, precipitada e burocrática. Desde a justificativa para o sobrenome Solo, a referência do par de dados (os amuletos da sorte de Han), a fuga de Corellia e separação de Qi’ra, sua rápida passagem pelo Império até a improvável parceria com a equipe de Beckett, tudo parece forçado e artificial… mas nada comparado ao primeiro encontro entre Han e Chewie. Embora a cena não seja inteiramente ruim, a eterna amizade com o Wookie que ia devorá-lo se desenvolve de forma absurdamente precipitada. Seria essa desconexão entre os blocos um resultado do roteiro, passado de uma mão para outra ou das refilmagens e cortes, sem tempo hábil para desenvolver de fato as cenas e tentando aproveitar alguma coisa que já estivesse pronta anteriormente?

Outra sensação que o filme passa é de que a Disney está licenciando (e está mesmo) cada vírgula que aparece no filme. É óbvio que os easter eggs são obrigatórios num filme como esse, especialmente neste momento “Jogador N.1” que vivemos no cinema. Mas aqui tudo parece uma necessidade empresarial de repetir o MCU (o universo cinematográfico da Marvel), conectando o filme com a saga principal; com as animações The Clone Wars e Rebels; com os livros do novo cânone de uma forma bruta, vazia e falsa. Tanto que, quando Lando está gravando uma entrada em seu diário, que ele chama de “As crônicas de Lando Calrissian”, onde muitos fãs identificaram uma referencia à trilogia de livros de L. Neil Smith, “As Aventuras de Lando Calrissian” de 1983 (Inédito no Brasil – Lando Calrissian and the Mindharp of Sharu, Lando Calrissian and the Flamewind of Oseon, and Lando Calrissian and the Starcave of ThonBoka), alguém pode imediatamente imaginar uma eventual reedição ou reformulação da obra, a ser lançada pela nova coleção de livros Star Wars.

As Aventuras de Lando Calrissian

E é mais ou menos nesse ponto, depois de uma hora de filme e com o checklist de menções e pontos onde a história precisava chegar completo que o filme melhora bastante. Longe de ser bom ainda, uma vez que temos que ouvir Han proferir uma subversão de sua célebre frase (Eu tenho um BOM pressentimento sobre isso) da forma mais gratuita possível, o longa se aproxima mais do tom geral da franquia. Temos a sensação de que a produção melhora, os efeitos melhoram. A paleta de cores de fato ganha mais saturação, mais luz. E o roteiro melhora drasticamente. O que é uma pena.

A corrida de Kessel é bacana e fecha a lacuna de maneira satisfatória. Jabba, que muitos esperavam como vilão oculto do longa, não aparece e essa pequena subversão é ótima. A revelação final de Maul como o figura por trás do Crepúsculo Vermelho é de fato o tipo de conexão entre os produtos da saga que os fãs esperam. Algo antecipado durante o filme mas de certa forma velado para o público ocasional (para quem não acompanhou The Clone Wars fica o resumo: sim é ele mesmo; não, ele não morreu no Episódio I; ele agora tem pernas mecânicas; ele agora não é mais “Darth” e não é mais um aprendiz Sith). E que, devido ao fracasso retumbante do filme, vai acabar sendo retomado num possível filme solo – piada intencional – de Obi-Wan ou qualquer outro derivado (quadrinhos, livros, minisséries ou series).

Maul é revelado em Han Solo: o tempo passa para todos.

O elenco fez o que pode para evitar o fracasso, entregando uma atuação convincente e que é o grande trunfo do filme. Mas nem mesmo o melhor de Thandie Newton, Paul Bettany, Woody Harrelson, Donald Glover, Joonas Suotamo e até Emilia Clarke e Alden Ehrenreich (que não teve tarefa fácil em substituir Harrison Ford) e as participações de Clint Howard, Anthony Daniels, Warwick Davis e Jon Favreau foi suficiente para garantir uma sequência.

Em resumo, assim como outros estúdios (Warner com o DCEU; a Sony com o Aranhaverso sem o Homem Aranha e muitos outros exemplos), a Disney errou com Han Solo: Uma História Star Wars. A data de lançamento, fora do tradicional período no fim do ano; a escolha e substituição dos diretores; a escolha por manter a data de lançamento após a substituição; a alteração perceptível de tons e paletas de cor em função do pequeno prazo para refilmagens; e principalmente o roteiro condensado dos Kasdan, foram erros que deixaram aos fãs de Star Wars aquele gosto amargo que os fãs do finado DCEU conhecem bem: do potencial de histórias incríveis desperdiçado pela “fórmula de sucesso” que os cartolas do cinema insistem em aplicar repetidamente, tratando filmes de uma franquia como variações de cor em um mesmo modelo de roupa.

E existiam duas soluções simples: uma opção teria sido cortar parte do roteiro, abrindo um respiro no bloco inicial em Corellia, dando mais tempo para o desenvolvimento da ligação entre Han e Chewie e conectando esses trechos de maneira mais orgânica ao segundo ato. Outra opção seria o desenvolvimento dos blocos do roteiro, uma vez que há material ali para montar facilmente uma trilogia do personagem. Um primeiro filme desenvolvendo melhor a juventude de Han em Corellia, seus pequenos golpes para sobreviver naquele lugar e o jugo de Lady Proxima (sendo a morte ou subjugo dela e a fuga de Corellia – com a separação de Han e Qi’ra – o final do filme); o segundo filme traria o período de Han no Império, desenvolvendo melhor seu tempo como prisioneiro e seu relacionamento com o Wookie – além de sua entrada na equipe de Beckett, o primeiro encontro com Lando e, como clímax do filme, a tentativa fracassada de roubo do coaxium – um tradicional final em tom soturno para a segunda parte, assim como em O Império Contra-Ataca; e o terceiro filme, com Han enrolado até o pescoço, formando parcerias improváveis para um novo golpe que o colocasse no rumo para o Episódio IV. O final em aberto poderia ser um ponto de conexão com um posterior filme mais focado em Obi-Wan Kenobi, em que o jovem contrabandista também figurasse de maneira paralela (assim como as equipes principais dos Vingadores jamais se encontram em Guerra Infinita, Solo e Obi-Wan também não se econtrariam no filme).

Ainda assim, a maior lição que os empresários das grandes companhias de cinema parecem não entender é que o sucesso de um filme não vale para outro. Se o Senhor dos Anéis precisou de um fã dos livros como Peter Jackson para que a trilogia funcionasse, esse mesmo fã exagerou em O Hobbit, perdeu a mão e a chance de repetir o sucesso de sua primeira trilogia. Já o exemplo de Rogue One nos mostra que somente alguém que não se importava com o material original teria coragem para fazer o que foi feito. E os executivos? Bem, executivos da Warner nos anos 2000, queriam fazer uma comédia estrelando o Lanterna Verde, com Jack Black no papel principal. O motivo? Queriam repetir o absurdo sucesso de O Máskara com Jim Carrey. Ou seja, não entendem de cinema.

Cada filme, isolado ou parte de uma franquia ou saga precisa ser tratado de maneira única, dentro de seus próprios contextos para que de fato funcione. Precisa ter um roteiro sólido e uma direção coerente. Ainda que num sentido geral esteja em harmonia com a franquia, como é o tratamento dado aos heróis da Marvel na Netflix que mantêm o mesmo clima e universo em Os Defensores (e são críveis até mesmo dentro do Universo Cinematográfico Marvel), cada filme ou série precisa estar em sintonia com a proposta de seus personagens e propostas – Jessica Jones tem um tom mais noir e investigativo; Luke Cage uma pegada mais Blacksploitation; Demolidor tem um clima mais “Dark Knight”; Punho de Ferro segue a linha de artes marciais, o que dentro do variado gosto do público da Marvel, faz com que cada série funcione isoladamente e em conjunto.

Além disso é preciso dar tempo ao público (e por que não ao estúdio) para assimilar cada episódio, animação, livro ou jogo. Felizmente parece que Bob Iger aprendeu pelo menos essa lição.

 


 

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