Ultimato do Bacon

Ford vs Ferrari – O Ultimato

Em 13 de Nov de 2019 4 minutos de leitura
Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari)
Ano: 2019 Distribuição: Fox Film
Estreia: 14 de Novembro

Direção: James Mangold

Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth, Jason Keller

Duração: 152 Minutos  

Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Caitriona Balfe, Jon Bernthal

Sinopse: Durante a década de 1960, a Ford resolve entrar no ramo das corridas automobilísticas de forma que a empresa ganhe o prestígio e o glamour da concorrente Ferrari, campeoníssima em várias corridas. Para tanto, contrata o ex-piloto Carroll Shelby (Matt Damon) para chefiar a empreitada. Por mais que tenha carta branca para montar sua equipe, incluindo o piloto e engenheiro Ken Miles (Christian Bale), Shelby enfrenta problemas com a diretoria da Ford, especialmente pela mentalidade mais voltada para os negócios e a imagem da empresa do que propriamente em relação ao aspecto esportivo.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Ford vs Ferrari vai além das pistas e entrega um grande filme sobre poder e paixão

Com estreia nesta quinta-feira, 14 de novembro, longa agrada inclusive espectadores com pouco interesse em automobilismo

por Alexandre Baptista

 

Geralmente, filmes baseados em fatos reais tendem a engrandecer eventos e acontecimentos, romancear passagens e enaltecer frases e atitudes que não se desenrolaram exatamente daquele jeito. E geralmente, para o cinema, isso funciona muito bem.

No entanto, longas biográficos do automobilismo, curiosamente, são até hoje raros. Talvez porque a adrenalina de uma corrida não seja algo facilmente traduzível para quem não é fã do esporte; talvez porque, além da pista, as tramas sejam grandes e emaranhadas demais para se conseguir todas as autorizações.

Seja como for, Ford vs Ferrari transpõe essa aparente dificuldade da melhor forma possível: apostando em seus personagens e na relação entre eles. Tanto que muita gente por aí tem dito, equivocadamente, que o filme não é sobre “Ford vs Ferrari”.

Vamos lá. A trama é centrada inicialmente em Carrol Shelby (Matt Damon), veterano das pistas obrigado a se aposentar por conta de um problema no coração e em Ken Miles (Christian Bale), brilhante e problemático piloto inglês residente nos EUA que é também, engenheiro automobilístico.

O caminho de ambos se cruza com o da Ford Motors Company quando Lee Iacoca (Jon Bernthal) sugere a Henry Ford II (Tracy Letts) que entre no automobilismo para recuperar mercado e revitalizar a empresa que vislumbra a falência e, após uma frustrada tentativa de adquirir a Ferrari, contratam Shelby para desenvolver um modelo capaz de vencer as 24 horas de Le Mans.

O grande mérito do filme, especialmente para quem não é fã de automobilismo, está justamente nessa opção, de trabalhar mais os personagens do que a corrida em si. A trama dá dimensão e profundidade a cada um dos envolvidos na história e até mesmo alguns dos coadjuvantes ganham um desenvolvimento um pouco maior que o habitual.

Mas, apesar de termos a ilusão de que o longa esteja focando em Shelby ou Miles, a grande disputa é de fato entre a Ford e a Ferrari, ali representados por Henry Ford II e Enzo Ferrari (Remo Girone); é impressionante perceber em cenas sutis o poder da posição que ocupam e a forma como lidam com o sucesso, a derrota, a perda de vidas humanas. Seja na “saída para jantar” de Henry, de helicóptero, durante as 24 horas de Le Mans; seja na foto tríplice ordenada pelo marketing; ou ainda na estrutura demonstrada ao longo de todo o filme, tanta na Ford, quanto na Ferrari.

Se a vitória de Le Mans em 1966 foi da Ford nas pistas, fora delas Enzo Ferrari foi certeiro em afirmar que Ford II não era seu avô; o então chefão da automobilística americana nunca tinha rodado em uma pista de teste e a empresa era uma máquina inchada, burocrática e sem apelo.

Falando de um outro tipo de direção, James Mangold acerta mais uma vez, trazendo um pouco do melhor de Logan (2017) e Johnny & June (Walk the Line, 2005), abusando de closes bastante emocionais e takes bastante intensos, especialmente nas corridas.

A trilha sonora de Marco Beltrami e Buck Sanders é elegante e a trilha musical transmite bastante uma certa aura da Los Angeles do final dos anos 60. Lembra algo entre Henry Mancini e Beach Boys, evocando os anos de ouro de Hollywood.

O elenco é muito bom, com destaque para a excelente Caitriona Balfe (da série Outlander) no papel de Molly Miles, com um sarcasmo, combatividade e sotaque irlandês excelentes para o papel; além, obviamente, de Bale e Damon, impecáveis. A escolha de ambos em nada preza pela semelhança física com os personagens que interpretaram: Miles estaria mais próximo de alguém como Matthew MacConaughey e Shelby, entre Tommy Lee Jones e David Hasselhoff; no entanto, as características cênicas e a química entre os atores funcionam tão bem, que é impossível imaginar outra dupla contracenando no lugar.

Damon assume o perfil nitidamente texano, sem forçar demais no estereótipo. Evitando o ridículo, equilibra-se na linha tênue do sotaque e dos maneirismos sem exagerar, numa performance excelente. Bale, da mesma forma, deixa fluir seu sotaque natural, personificando o engenheiro mecânico inglês com bastante autenticidade.

Apesar de alguns pequenos detalhes que poderiam ter sido melhor cuidados – especialmente referentes a pilotagem – o filme só perde um bacon pelo excessivo posicionamento de marca – também conhecido no Brasil como jabá – da Smirnoff. Como eu não bebo (durante a semana no trabalho), achei sacanagem esse exagero.

Ainda assim, Ford vs Ferrari tende a agradar ao grande público e, de forma ainda mais acentuada, emocionar e motivar os fãs do automobilismo. Especialmente durante as cenas nas pistas em que acidentes, ultrapassagens e momentos críticos são mostrados em primeira pessoa, dando especial imersão e jogando a adrenalina lá no alto.

E se nada disso empolgar, o fatídico destino de Ken Miles certamente irá provocar alguma reação. Ford vs Ferrari é um filme completo que exemplifica o potencial de uma grande história esportiva, deixando no ar a torcida para que o filme baseado na trajetória de Ayrton Senna realmente saia do papel.

Porque aí meus amigos, como diria um famoso locutor do automobilismo, a coisa fica dramática!

 

 

Avaliação: Ótimo!

 

 

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