Ultimato do Bacon

Edgar Webster do Animizmo – UB Entrevista

Em 28 de Fev de 2020 16 minutos de leitura

Guitarrista da banda curitibana de prog math rock Animizmo fala sobre a produção do álbum de estreia da banda, Vida Curva e suas influências

por Alexandre Baptista

 

Quem freqüenta shows de rock por aí sabe que o cenário, ainda que tenha crescido muito no Brasil, ainda é um nicho, restrito geralmente às mesmas pessoas de sempre.

Todo show, seja da banda que for, vai contar com as mesmas “figurinhas” na plateia, fazendo com que o pessoal seja mais ou menos conhecido entre si.

Edgar Webster, mais do que guitarrista da banda curitibana Animizmo, é uma desssa figurinhas, que conheci em um show do Winery Dogs na Ópera de Arame em 2016 e que até hoje encontro em quase todos os shows que vou.

Num bate-papo muito gostoso nas primeiras semanas de fevereiro de 2020, Edgar falou ao Ultimato do Bacon a respeito de como se deu a formação da banda instrumental Animizmo, a ideia, gravação e gestação do álbum Vida Curva (confira a crítica aqui), os processos criativos e as influências que guiam este primoroso trabalho do rock nacional.

Confira a transcrição da entrevista abaixo ou confira o audio aqui.

Ultimato do Bacon – E aí pessoal, eu sou o Alexandre Baptista e esse é o Ultimato do Bacon Entrevista. Hoje, a gente tá com a presença especial aqui do Edgar Webster, guitarrista da banda Animizmo que tá com o primeiro disco, de estreia, deles aí que saiu agora em dezembro de 2019. Uma banda de Curitiba de prog rock, math rock. E vamos lá! Tudo certo com você Edgar?

Edgar Webster – Tudo certo, e com você?

UB – Tranquilo. Eu te agradeço por aceitar o convite dessa entrevista. Seja bem-vindo.

EW – Eu que agradeço, muito obrigado!

UB – E aí cara, como é que foi, conta para gente… na verdade, eu queria antes de mais nada, perguntar como é que é essa experiência da formação do Animizmo, né? Vocês tiveram umas tentativas anteriores em outros gêneros de som. Conta um pouquinho da história de como o Animizmo chegou na formação atual e vocês decidiram começar esse novo projeto aí, pra quem não conhece ficar sabendo um pouco.

EW – Foi o seguinte: o outro guitarrista da banda [Luciano Costa] com o baterista [Rodrigo Wisnievski], eles participaram de alguns projetos… o Slander e até chegaram a distribuir o material fora do país. Era uma banda mais metal mesmo. Aí, depois de um certo tempo, decidiram seguir um outro caminho, depois de alguns anos, né? Saíram daquela cena e foram mais para cena indie rock. Tentaram algo um pouco mais comercial etc. mas ficaram anos fazendo tentativas… viram que não era exatamente aquilo que eles queriam fazer. Do meu lado, eu participei também de várias outras bandas, bandas de heavy metal… até banda acústica eu participei. Já participei até de uma orquestra de violões também. E tinha também um pouco dessa ideia de fazer algo mais criativo que envolvesse músicas próprias, né? Aí o Luciano, da banda, e o Rodrigo me convidaram para fazer parte desse projeto instrumental que eles já tinham em mente.

UB – Bacana. E a gente tá falando de quando isso no tempo, mais ou menos?

EW – 2017. E desde então a gente começou esse projeto instrumental. Tinhamos um outro baixista que não o Bruno [Lopes] né? E a pegada era um pouco mais pesada. A gente utilizava as guitarras, guitarras de 7 cordas… fazia um som um pouco mais pesado. Porém, depois de um certo tempo, a gente já tinha composto algumas músicas, mas depois de um certo tempo a gente resolveu mudar um pouco estilo porque a gente viu que também aquilo não era mais nosso ambiente. A gente queria algo um pouco mais voltado ao progressivo, mas não com peso tão grande, né? E aí a gente fez essa mistura. Acabou misturando alguns loops, elementos, alguns sintetizadores que deu essa pegada um pouco mais math rock… aí foi isso. Aí a gente achou o som que a gente estava querendo realmente fazer.

UB – Bacana! Eu acho muito interessante o nome que vocês escolheram né, Animizmo, né? Que tem aquela coisa do animismo [que] é dar alma para objetos ou coisas inanimadas… É o ato da criação em si. Embora [o nome da] banda seja grafada com z, né, que eu acho que dá um toque diferente… mas é bastante simbólico porque fazer música é muito isso, né? Você tá pegando ali notas musicais, você tá pegando ali uma equação matemática, digamos assim… que no fundo, no fundo, música é matemática pura. E vocês tão pondo aquilo no mundo e fazendo daquilo uma fonte de emoção, né? Então eu acho muito bacana a profundidade que tem o nome da banda. Eu acho muito legal.

EW – Exatamente. É exatamente isso. Você chegou no ponto certo. A gente pensou realmente dessa maneira. Dar vida àquilo que teoricamente não tem vida, né? As notas musicais por si só, os instrumentos musicais por si só, eles não têm vida, né? Quando a gente toca, quando a gente compõe, aquilo… a gente dá alma àquela composição, àquele instrumento musical que faz muita menção a palavra animismo. E o fato de colocar com "z" era só pra não ficar exatamente grafado com o sentido literal da palavra.

UB – Cara, eu acho isso uma sacada muito inteligente. Até mesmo porque a gente não pode negar que na sociedade que a gente vive hoje, você vai fazer uma busca, você põe lá no Google "animismo"… vai dar, sei lá, a definição do termo, isso, isso e  aquilo… e aí você tem que por lá "animismo banda". Você põe Animizmo, com z, pronto. O resultado que dá já é o primeiro… já é a banda. Então, eu acho que é… eu acho que inclusive a gente tem que… né? Não pode descartar esse lado prático das coisas. Eu acho que além de ficar mais bonito, tem um lado prático que favorece vocês assim… bastante, né?

EW – É, isso é verdade. Isso é verdade. Nas buscas realmente, do Google, isso ajuda um pouco.

UB – Então vamos lá: pra quem não conhece, o Animizmo é o Edgar Webster guitarra junto com o Luciano Costa que é o outro guitarrista; o Bruno Lopes no baixo e o Rodrigo Wisnievski na bateria. Quem tá fazendo os sintetizadores no álbum?

EW – Os sintetizadores no álbum fomos nós mesmos que fizemos… a gente testou alguns efeitos e a gente chegou a algo que casaria melhor com a banda, né? Mas nós mesmos que que produzimos os synths. E nos shows a gente coloca também, por meio de sequencer. A gente dispara nos alto-falantes os sintetizadores.

 

UB – Legal. O álbum é o Vida Curva, tá disponível no Spotify, no Deezer também… e tem tem para baixar, aquisição do álbum digital também. Né?

EW – Tem, tem sim.

UB – Se quiser entrar lá, tem o Bandcamp da banda, pessoal… lá no Ultimato do Bacon a gente tem, na matéria tem todos os links lá. Então se você tá ouvindo aqui no Castbox a entrevista, dá uma conferidinha também, no ultimatodobacon.com, a gente tá com a matéria em destaque ali. Então todos os links da banda, o Bandcamp do Animizmo… e o Vida Curva tá no Spotify, no Deezer.

Eu tava comentando isso, [o que] eu acho muito bacana do som de vocês, é porque tem uma tem uma levada que é muito brasileira. A gente consegue reconhecer algumas influências e para mim que tenho um pouco de noção do tipo de som que o Edgar ouve, pelo menos quando a gente se esbarra nos shows por aí, tem algumas referências ali que são muito nítidas, né? Mas tem uma pegada brasileira muito, muito forte, que eu acho que é o grande diferencial do som de vocês…

EW – Sim.

UB – …é um pouco como foi, sei lá, o Chico Science quando veio com a música [da Nação Zumbi], com maracatu misturado com rock. Eu acho que dá um sabor diferente, você tá com um prog rock aí, uma coisa que vai… é o que eu falei, tem tem coisa ali que eu escuto até um Smashing Pumpkins ali no fundo sabe? Não sei se eu tô viajando…

EW – Não, não tá não.

UB – Mas tem um baiãozinho ali no fundo, na pegada grande da música… Tem como se fosse um baião, uma coisa meio… Pô, incrível! Fala um pouco para gente aí a respeito dessas influências Edgar. O quê que vocês… o que que cada um trouxe um pouco aí para as composições, como foi esse processo de compor…

EW – É, na verdade assim, cada um tem uma influência diferente. A gente ouve coisas diferentes, né? Eu sou mais a pegada do prog; o Rodrigo, baterista, ele ouve outras coisas mais heavy metal e também ouve Smashing Pumpkins, também, que é uma das influências… por isso acredito que essa essa referência – Smashing Pumpkins – talvez não seja consciente né? Mas de fato influencia a gente né? Tudo aquilo que a gente ouve influencia de uma certa forma né?

E a música brasileira, a princípio a gente ouve né, como ouve vários outros estilos né. E ela não veio de forma intencional. A gente não falou "vamos fazer isso, vamos inserir música brasileira aqui para deixar um pouco mais… abrasileirado", digamos assim. Ela veio de forma natural. A gente colocou aquilo naturalmente. A gente achou que casava com a música e os elementos foram inseridos aos poucos. Inclusive a gente teve até a participação de um acordeonista na música de abertura do álbum, Vida Curva, e que trouxe um pouco ainda mais essa influência brasileira para a gente.

UB – Não cara, eu acho que é… a referência é muito… pelo menos para mim… é porque eu sempre fui muito eclético no que ouvir de som e eu ouvia muito Smashing Pumpkins, ouvia muito David Bowie… ouvia não, ouço. Mas eu também tenho muito essa pegada do… o prog rock e o prog metal para mim são, eu acho que, os favoritos!

Mas tem coisas que, é isso que você falou, né? Tudo o que a gente vive, que a gente experiencia e, se a gente gosta, aquilo começa a fazer parte do nosso repertório mesmo que a gente faça isso de uma forma inconsciente, né? Ou subconsciente. Eu lembro muito de uma história do Eric Clapton quando ele compôs a Let It Grow e falou "nossa, isso aqui ficou lindo, ficou maravilhoso" e semanas depois, ele se ligou que era Stairway to Heaven [do Led Zeppelin]. E tá lá até hoje. Ele falou, "cara eu plagiei Stairway to Heaven sem querer e até hoje eu não tomei processo".

EW – Nossa.

UB – Ele fala isso em um livro, na biografia dele, então… e não é que é intencional ou que a pessoa tá pensando em "rippar", né? Tem música do Dream Theater que eu tenho certeza… que soa muito "a la" U2 né? Aquela I Walk Beside You

EW – hm-hm.

UB – …tem uma cara de U2, por exemplo. E não é. Só porque é isso né, cara. Eu acho que a música ela é uma… essa forma orgânica aí que permeia o universo. A gente escuta um som… e a grande habilidade de vocês, eu acho que é justamente isso: casar todos esses sons de uma maneira que funciona, funciona muito bem….

EW – Muito obrigado!

UB – …de uma forma que eu acho, de verdade… achei bem inovadora a proposta. Meio que, como foi sei lá, Secos e Molhados que era uma coisa completamente diferente nos anos 70; o que eu falei da Nação Zumbi e do Chico Science nos anos 90… eu acho que tá vindo aí. Eu torço para que o trabalho de vocês continue assim, porque eu gostei bastante do que eu ouvi.

 

 

Capa do álbum Vida Curva

 

UB – Eu comentei na crítica, né? Wabi-sabi eu tava esperando uma pegada de peso pro final ali. Porque eu acho que ela vem numa levada muito gostosa, muito interessante. Ela tem um crescendo forte ali… e aí eu falei: "putz cara! Não estouraram." Eu tava esperando, sabe? Aquela [porrada]. Botar uma distorçãozona pesada e terminar quebrando tudo. E foi, eu acho que, para mim, a única faixa que eu fiquei meio assim, "ah, que pena". Mas é uma faixa que tem um baita potencial, ela realmente é muito bacana.

E cara, Antônia é outra né? Outra música que realmente ali dá para ver a veia [brasileira]… aquilo ali tá escrito Brasil com todas as letras, né cara? Da onde [sic] veio a inspiração para Antônia, você consegue lembrar?

EW – A inspiração pra Antônia, as primeiras idéias vieram do próprio Luciano. Ele trouxe essas ideias… aí eu fui acrescentando alguns elementos durante o processo de composição. E a gente achou, realmente, ela com uma cara um pouco mais brasileira mesmo, né? Ela traz alguns elementos do próprio progressivo, mas mistura um pouco com aquele sabor brasileiro, né?

E nada mais… um nome que a gente achou que, é um nome que soa bem no Brasil, que tem várias pessoas com esse nome e que é muito conhecido no Brasil é o nome Antônia. Então foi essa ideia do nome, até por ter essa referência mais brasileira.

UB – Legal, legal. Eu particularmente acho que do álbum todo a que eu mais curto foi Descuido. Ela tem uma levada de uma coisa mais funkeada assim, né? Tipo um… tem um "que" meio Tim Maia, meio… aquela ginga do funk mesmo. E daí em seguida tem Oceanos que é uma coisa completamente…

EW – Bem diferente.

UB – …um soundscape, tem uma coisa mais contemplativa e tal. Hormônio K, 39 são mais pesadas… como que foi para vocês planejar isso? Eu sei que, sei lá, é uma "pira" querer entrar [nessa discussão]. O processo criativo é uma coisa, às vezes, mais espontânea. Mas vocês tiveram algum debate, de falar, "não, vamos fazer uma mais pesada"… ou a levada veio completamente orgânica assim?

EW – Realmente, isso não veio… a gente não fez de propósito, realmente. A gente fez espontaneamente. Às vezes tinha ideias um pouco mais… pra músicas um pouco mais levadas, um pouco menos pesadas, e outras vezes a gente tinha ideias com riffs um pouco mais pesados realmente, né, que levava pra essa…  uma distorção mais pesada etc. Então, não foi de propósito. A gente não escolheu isso. O que a gente escolheu… a gente não planejou fazer uma mais leve, uma mais pesada. O que foi planejado, sim, foi a sequência do álbum. A sequência do álbum a gente mesclou um pouco para dividir esses ambientes, né? Dar vários coloridos pro album.

UB – E acho que funciona muito bem. Outra pergunta a respeito disso: tem um primeiro grande bloco ali nas primeiras músicas, até Antônia mais ou menos, que é uma coisa mais… numa pegada mais brasileira. Pelo menos a minha sensação como ouvinte. Aí entra Wabi-sabi que tem uma pegada mais "Iron" assim. Vem Hormônio K e 39 que estouram e tem o peso que Wabi-sabi poderia ter tido, na minha opinião! E aí entra o funk de Descuido assim totalmente… é uma delícia. Cara, sérião, eu achei sensacional a Descuido. É muito gostoso de ouvir. E aí a Oceanos é mais assim "ok, fechamos o album e agora a parada é contemplativa para fechar". Eu acho que ficou um bloco muito bem organizado mesmo em termos de soundscapes mesmo. De paisagem sonoras aí. Elas são bem distintas mesmo.

EW – Essa escolha foi intencional, realmente, para dar esse colorido, né? Comentando um pouquinho sobre as faixas, esse comentário eu achei excelente. Esse comentário de Wabi-sabi que você fez. É um input para gente, legal. A gente que está inserido, a gente não tem essa ideia, né? Quem enxerga de fora às vezes vê coisas que a gente não vê. Pra gente foi excelente ouvir isso. A Descuido também. Fiquei muito feliz que você gostou. Ela tem uma levada funkeada sim. A ideia da gente era ter uma levada funkeada, mas não ficar aquele funk clássico. Ter elementos nossos mesmo. Transformar aquilo. Não fazer o funkeado por "ser funk". Não simplesmente por isso. A gente queria dar a nossa cara, realmente.

UB – Porque convenhamos, fazer um "Jota Quest", não precisa.

EW – Não precisa.

UB – Já tem eles aí.

EW – Exatamente, exatamente.

A Oceanos, a faixa final, era para ser uma faixa curta mesmo. Era uma vinheta né, só para fechar o álbum mesmo. A princípio, no começo, a gente não tinha ideia de que ela ia ficar por último. Mas a gente achou que casou bem no final do álbum.

UB – E casa mesmo. Acho que é um belo encerramento mesmo. Ela tem essa essa vibe de fechar. Um vinheta de fechamento. Mas o que eu queria perguntar é, alguém da banda conhece o Ocean Collective? Ouve Ocean Collective? Já pegou algum dos álbuns do coletivo alemão?

EW – Olha, eu não. Não sei se os outros integrantes já escutaram.

UB – Porque a hora que eu ouvi Oceanos eu falei "cara, tem uma pegada…". Eu tava tentando lembrar que banda que eu tinha ouvido que tinha essa pegada. Daí bateu. Oceanos. É o Ocean Collective. Aí até fui ouvir de novo os álbuns deles que são muito conceituais, né? E é bem essa coisa de soundscape cara. Tem tem algumas faixas que é "o canto das baleias". É bem conceitual mesmo. Não é um som muito… palatável, até, em alguns momentos. Mas a pegada de Oceanos eu achei muito curiosa a coincidência. Porque o Ocean Collective é meio obscuro, assim. É um coletivo alemão de música experimental. Coincidências do mundo são incríveis. Mas achei muito gostoso, cara. Achei muito gostoso o som de vocês.

EW – Legal, legal. Boa dica, vou procurar essa banda.

UB – Me fala um pouco como foi o processo de gravação Edgar. Vocês gravaram em Curitiba mesmo, onde foi o estúdio, quantos dias… esse tipo de coisa. Me conta, como foi o processo de gravação do album?

EW – O processo de gravação foi bem interessante. O baterista da banda, ele quando construiu a casa dele, ele fez questão de construir uma sala de estúdio, né? Com toda a preparação acústica que precisaria. A gente teve essa ideia de gravar, a gente já tinha composto várias músicas e a gente queria gravar realmente, ter o projeto palpável mesmo, né? A gente propôs a ideia e ele falou "bom, por que que a gente não grava lá em casa?". A princípio a gente topou a ideia e começamos a gravar. Porém, como a gente tem vários outros afazeres, essa gravação teve duração de mais ou menos um ano.

Porque a gente fazia as vezes… gravava uma vez por semana, tinha semanas que ninguém podia gravar e assim foi indo. Ela levou um ano, mas foi com muito cuidado. A gente pensou em vários detalhes, né? Por não estar inserido em um estúdio, tendo custos de estudio etc. a gente conseguiu realmente tempo a mais pra gente poder pensar nos mínimos detalhes, né? A gente regravou quantas vezes foi necessário. A gente fez todos os ajustes necessários. E aí sim, depois de terminado o álbum, a gente enviou para Porto Alegre…

UB – Legal.

EW – …um colega nosso fez a mixagem. Aí depois de um ano e três meses, mais ou menos, o album tava pronto.

UB – Um processo um pouco longo, mas quando é nosso assim, na raça assim, eu acho que vale a pena né? Porque dá para fazer com todo o cuidado do mundo. É quase uma gestação mesmo né? Quer dizer, é mais do que uma gestação.

EW – Exatamente.

UB – Um ano e pouquinho aí. Mas é com carinho, né cara? É muito bom isso.

EW – A gravação foi feita com muito prazer também, né? A gente tinha prazer de estar gravando. E até quando acabou, a gente sentiu falta. A gente falou "poxa, não vai mais ter gravação". Mas claro, daí surgem outras coisas, shows etc. que nos alimentam novamente. Mas foi um processo bem, bem gostoso mesmo.

UB – E falando nisso, falando em show, que você mencionou… vou deixar o recado aqui para o pessoal: tem já show agora em Curitiba, né? Em março, é isso?

EW – Isso, em março. A princípio a gente vai ter show dia 21 de Março, no Nada Nada Nada Bar, junto com a banda Céu de Vênus, que também é uma banda instrumental muito legal, muito legal… vale a pena até conferir. Eles tem o material deles no Spotify, no Deezer etc. Vale a pena dar uma olhadinha.

UB – Massa. Eu eu vou dar uma conferida também. Então para quem é de Curitiba, [dia 21 de março] é um sábado às 19 horas. Nada Nada Nada Bar fica na Rua Martin Afonso, número 869 e a entrada tem o couvert de R$ 10,00 galera. Fica aí o convite, marquem nas agendas. Vale muito a pena conhecer o som da galera, pelo menos do pessoal do Animizmo eu já conheço; Céu de Vênus eu vou atrás de escutar e depois tem crítica também, no Ultimato do Bacon galera.

 

 

UB – E, por último, só para encerrar de vez mesmo, conta como foi o clipe! Porque a faixa-título Vida Curva tem um clipe muito bonito, bem planejado ali. Achei muito bonito, realmente, aquela coisa da dança com os tecidos e tal e as formas que vão se revelando. Achei muito bacana esse elemento conceitual. De quem foi a ideia, como é que foi a gravação?

EW – A ideia do clipe, ela dá um… aquela imagem é de alguém sufocando. A gente vê aqueles tecidos no rosto e a pessoa tentando se desvincilhar daquele tecido né? Como se fosse algo que tivesse impedindo ela de respirar, de viver… Como a gente tem um lado um pouco mais… a gente gosta de causas sociais. A gente lidou um pouco ali com o preconceito que muitas vezes sufocam as pessoas.

Até o fato da vida curva, né? O fato de dizer que muita gente não leva aquela vida "reta", né? Que a gente considera aquela vida que todos levam. Muitos levam uma vida curva, uma vida diferente de todos. E a gente, nós da banda, a gente considera que a gente leva essa vida curva. A gente não tem os mesmos os afazeres ou a mesma sequência de vida que as pessoas que são consideradas "comuns" tem.

O conceito é esse (…) do clipe. E daí a gente fez essa filmagem num estúdio, contratamos uma modelo. E ela representou muito bem, foi muito bacana. Ela parece que veio preparada já. Os movimentos com a mão e toda a atuação dela foi muito espontânea.

A gente não precisou instruir ela com muitos detalhes. Ela já veio praticamente pronta. A gente dizia, "a gente quer fazer isso". Ela já fazia aquilo e saia de forma espontânea. E era exatamente aquilo que a gente precisava.

UB – Que legal.

EW – É, foi muito bacana! A edição foi feita pelo Luciano mesmo né, ele ele já fez muitas edições de vídeos. Também deu um colorido a mais para o clipe. Ele fez algumas edições que realmente trouxeram outros ambientes pro clipe. Ficou muito bacana.

UB – Legal. A direção então ficou a cargo de vocês coletivamente?

EW – Coletivamente.

UB – Bacana demais Edgar. Eu só tenho a te agradecer por essa entrevista também.

EW – Eu que agradeço.

UB – Eu acho que esse processo de se fazer arte no Brasil sempre foi um tanto complicado. A gente tá vendo aí tempos mais complicados ainda né, para quem tá batalhando com arte no Brasil. E é bacana ver essa essa coisa sabe, de vocês estarem abrindo espaço e terem essa chance de conseguir fazer o trabalho de vocês como vocês queriam fazer. Porque o mais importante eu acho que é isso né? A gente, todo o resto, de ter algum retorno com a arte, vai vindo né? É uma consequência. É muito triste quando alguém, um artista, tem uma visão e acaba sendo sufocado.

EW – Exatamente.

UB – Bom, a gente sabe muito bem – fãs de Dream Theater aí como a gente – da história que foi pro Dream Theater conseguir fazer o Metropolis Pt. 2[: Scenes From A Memory], a banda tava quase acabando porque a Warner tava sufocando os caras…

Então eu acho emocionante de verdade, ver uma banda que nem a de vocês que tá, sabe, nesse desabrochar aí para o sucesso. E conseguindo fazer, levar, a visão artística de vocês com essa verdade, com esse entrosamento entre os caras da banda e conseguirem fazer essa representação no clipe do jeito que vocês queriam. Parabéns mais uma vez pelo trabalho, obrigado pela entrevista.

EW – Muito obrigado, eu é que agradeço. Muito obrigado mesmo.

UB – E se quiser acrescentar mais alguma coisa, deixo o espaço livre aí pra você.

EW – O que eu gostaria de dizer é que a música instrumental, realmente, ela de certa forma nos traz coloridos etc. diferente da música cantada, né? Algumas pessoas não tem o costume de ouvir música instrumental, né? Eu, até antes de ter um projeto experimental, não tinha tido a oportunidade de realmente fazer parte ou tocar algo que visava não ter o vocalista etc. Ser simplesmente instrumentos.

E hoje eu me surpreendo com o resultado que isso traz, todo o colorido que a música tem, etc. sem nem mesmo ter um vocalista, né? Então vale a pena dar uma chance à música instrumental. É diferente, com certeza, da música cantada, mas ela te traz outras emoções que a música cantada te traz de forma diferente.

UB – Ah, e como vale, dar uma chance pra música instrumental. Eu devo dizer que eu sou também um dos adeptos do instrumental, acho fascinante. Na verdade eu gosto de música como um todo né? Mas muito bacana a tua fala cara. Acho que é isso. Acho que o pessoal tinha que dar mais chance para o instrumental e perder os preconceitos porque tem muita gente que acha que a música instrumental é música chata e tal…

EW – Exato.

UB – E não é né? Ela tem um outro panorama.

EW – Exato.

UB – Você sabe que eu fiquei surpreendido a primeira vez com soundscape, com o Robert Fripp em São Paulo, que era o G3 lá em São Paulo, que tocou o [Joe] Satriani, o [Steve] Vai e o Fripp. E eu tava impressionadissimo com aquilo né? Porque é um crescendo, e você vai vendo um filme naquilo, né? Você começa a pensar coisas, sentir coisas… se você se deixa levar pela música, é uma recompensa enorme. Então, muito bonita tua fala e eu concordo com ela, e é isso aí.

Pra quem tá ouvindo a entrevista até agora, eu agradeço a audiência de vocês. Eu falei aqui hoje com Edgar Webster, guitarrista da banda Animizmo, que lançou Vida Curva, o primeiro álbum deles, agora em dezembro de 2019. Tá no Spotify, no Deezer e no Bandcamp da banda também para fazer o download digital. A gente deseja sucesso pra vocês Edgar….

EW – Muito obrigado!

UB – E espero conversar com você em próximas oportunidades aí, falar do show, falar de novos albuns quando eles vierem…

EW – Com certeza!

UB – E desejo sucesso para vocês, viu cara?

EW – Muito obrigado, muito obrigado mesmo.

UB – E é isso aí galera, valeu!

EW – Valeu.

 

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Animizmo – Vida Curva

 


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