Ultimato do Bacon

Entre Facas e Segredos – O Ultimato

Em 5 de Dez de 2019 5 minutos de leitura
Entre Facas e Segredos (Knives Out)
Ano: 2019 Distribuição: Paris Filmes
Estreia: 12 de Dezembro (Brasil)

Direção e Roteiro: Rian Johnson

Duração: 130 Minutos  

Elenco: Daniel Craig, Chris Evans, Ana de Armas, Christopher Plummer, Jamie Lee Curtis, Don Johnson, Michael Shannon, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Katherine Langford, Jaeden Martell

Sinopse: O aclamado escritor e diretor Rian Johnson ('A Ponta de um Crime', 'Looper: Assassinos do Futuro', 'Star Wars: Os Últimos Jedi') homenageia a mente misteriosa de Agatha Christie no filme ‘Entre Facas e Segredos' (Knives Out); uma história atual e divertida que vai agradar toda a família, sobre crime e mistério onde todos são suspeitos. O renomado romancista Harlan Thrombey (Christopher Plummer) é encontrado morto logo após seu aniversário de 85 anos. O inquisitivo e charmoso detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é recrutado para investigar. Foi um assassinato? Da família disfuncional de Harlan à sua equipe dedicada, Blanc examina uma rede de mentiras para descobrir a verdade por trás da morte prematura de Harlan. Uma teia de reviravoltas manterá você desconfiado até o final. Com um elenco de estrelas, incluindo Chris Evans, Ana De Armas, Jamie Lee Curtis, Don Johnson, Michael Shannon, Toni Collette, LaKeith Stanfield, Katherine Langford e Jaeden Martell, ‘Entre Facas e Segredos' é uma história de mistério geniosa e espirituosa que garante que o público se mantenha constantemente tentando descobrir quem matou Harlan Thrombey.
 

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Entre Facas e Segredos é um dos melhores filmes do ano

Longa de Rian Johnson homenageia e subverte o gênero que ficou famoso pelos livros de Agatha Christie numa trama deliciosa e hilária

por Alexandre Baptista

 

As histórias de detetive fascinam milhares de leitores e espectadores no mundo todo. Seja pelo mistério de crimes impossíveis, seja pela genialidade dos detetives que se colocam a desvendar tais quebra-cabeças.

Tanto na literatura, com Sherlock Holmes de Sir Arthur Conan Doyle, Hercule Poirot de Agatha Christie ou Philip Marlowe de Raymond Chandler; quanto no cinema, com Atirem no Pianista (Tirez sur le Pianiste, 1960) de Truffaut, Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958) de Hitchcock, À Beira do Abismo (The Big Sleep, 1946) de Howard Hanks e baseado no livro homônimo em inglês de Raymond Chandler, O Sono Eterno (The Big Sleep, 1939), entre outros tantos; o imaginário popular é facilmente cativado pela intrigante colcha de retalhos – nem sempre honesta – que é apresentada neste tipo de história e que nem sempre é o que parece.

Sim, eu comecei a crítica de Brooklyn Sem Pai Nem Mãe (Motherless Brooklyn, 2019) de forma praticamente idêntica (leia a crítica aqui). E é com satisfação que repito esse trecho do texto, uma vez que estamos mais uma vez diante de um filme de mistério detetivesco, embora este esteja em uma classificação ligeiramente diferente do anterior.

Dentro do gênero, existe o subgênero whodunit, uma corruptela em inglês que significa basicamente “quem fez isso”. Em português seria algo como “o assassino é o mordomo”. Um clássico exemplo desse subgênero nos cinemas é o maravilhoso Assassinato em Gosford Park (Gosford Park, 2001) de Robert Altman; na literatura, alguns dos exemplos maiores são Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, 1934) de Agatha Christie e O Longo Adeus (The Long Goodbye, 1953) de Chandler – que ganhou uma versão cinematográfica nas mãos de Altman em 1973 e se chamou no Brasil O Perigoso Adeus.

Com seu novo longa, Entre Facas e Segredos, Rian Johnson demonstra seu profundo conhecimento do gênero e também do ofício cinematográfico.

Na trama, o patriarca da família Thrombey (Christopher Plummer) é encontrado morto na manhã após seu aniversário. Apesar de tudo indicar suicídio, o detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) é anonimamente contratado para investigar o caso e todos os membros da família tornam-se suspeitos.

Exatamente, estamos falando da típica trama de mistério de qualquer história do gênero. Mas a genialidade de Johnson em seu excelente roteiro está em subverter as expectativas da plateia. O caso todo – um tanto óbvio até – é resolvido praticamente na metade do filme.

Mas é claro que algumas reviravoltas e fatos desconhecidos acontecerão e serão revelados, dando outra direção a tudo isso. E é justamente na maestria em orquestrar esse redirecionamento que está o mérito de Johnson.

O diretor não usa de um deus ex-machina para inserir elementos previamente inexistentes; pelo contrário, desde o começo ele prenuncia diversos aspectos da conclusão do longa, despudoradamente e em detalhes, sem qualquer medo de que os espectadores descubram o final do caso.

Pelo contrário, a trama te convida a pensar na história e a deduzir junto com Blanc as minúcias e detalhes do suposto suicídio/assassinato.

A edição é também excelente, com cenas que se alternam temporalmente durante os interrogatórios, construídas de maneira a tecerem um fio condutor dos fatos ocorridos na noite anterior à morte de Harlan Thrombey.

A trilha sonora é impecável, ambientando o clima de suspense e mistério de maneira grandiosa, clássica e ao mesmo tempo original e empolgante.

O elenco é estelar e impecável: Daniel Craig está fantástico como um americano do meio-oeste; Chris Evans no papel do neto de Thrombey, absolutamente pedante e insuportável; Ana de Armas está espetacular no papel da enfermeira latina do escritor; Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Don Johnson e Toni Collette revezam o holofote como suspeitos do crime em performances deliciosas; LaKeith Stanfield, como o típico policial menos competente que o detetive principal, entrega um personagem bastante sólido; e Frank Oz, como o advogado da família, está hilário. Ah, e claro, Christopher Plummer, como o patriarca, confere uma dignidade, um peso e uma densidade ao papel que são características ao ator e suas performances ao longo da história.

No entanto, não espere somente um filme de detetive sério e focado em desvendar um mistério lógico e dedutivo.

Outro grande mérito do roteiro de Johnson é o seu humor, ácido e afiado como as facas do título; assim como Beijos e Tiros (Kiss Kiss Bang Bang, 2005) de Shane Black, em que o autor faz uma homenagem magistral a todos os livros de Chandler com uma dose elevada de humor e ironia, também faz Johnson em relação a, principalmente, Agatha Christie. As referências estão espalhadas pelo filme e as piadas são construídas a cada cena de maneira orgânica e natural, contribuindo para o desenvolvimento do filme.

De quebra, perceba a forte crítica política e social em relação ao governo Trump, a postura anti-imigração de muitos estadunidenses e ao preconceito, centrados na figura da enfermeira Marta Cabrera (Ana de Armas), que tem sua nacionalidade alterada de acordo com cada personagem que se refere a ela.

Entre Facas e Segredos dificilmente fará um bilhão em bilheteria. Provavelmente também não figurará em nenhum festival de cinema e nem será indicado para grandes premiações.

Mas merecia. Porque é, sem dúvida, um dos melhores filmes do ano. E olha que 2019 tem sido um ano espetacular.

*O longa estreia em 12 de dezembro mas já pode ser encontrado em algumas sessões de pré-estreia a partir de hoje, 05 de dezembro. Confira a programação de seu cinema local.

 

 

Avaliação: Excelente!

 

 

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Trailer

 

 


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