O filme é uma boa adaptação da clássica música de Renato Russo. Depois de Faroeste Caboclo o diretor do longa, René Sampaio, adapta com sucesso mais uma música do artista. O aspecto narrativo das letras do músico se reproduzem com naturalidade pro cinema.
Nessa história vamos conhecendo aos poucos o contexto da vida das personagens até elas se encontrarem pela primeira vez. Interpretada pela grande Alice Braga, Monica é uma mulher em torno de 28 anos que abre o filme em processo de luto.
Acompanhamos a personagem usando de sua arte, trabalho e família para viver. Vemos então Eduardo. Interpretado com eficácia por Gabriel Leone, ele representa bem a inexperiência e imaturidade de Eduardo. É um jovem gentil e até mesmo inocente. Como toda comédia romântica o protagonista tem até seu melhor amigo (alivio cômico) interpretado por Victor Lamboglia.
Como na música o casal acaba se encontrando em uma festa na Brasília da década de 80. Esse contexto é importante pra obra porque a situação política da época serve como pano de fundo para história. O filme todo capta Brasília da década de 80. Dentre protestos nas ruas os dois vão vivendo suas vidas. O filme representa não só o romance mas um momento da história do país. Certas cenas do filme se atualizam com tranquilidade para os tempos atuais. Tem certas montagens visuais eficazes em representar a passagem do tempo.
A fotografia com suas cores quase desbotadas dão um toque nostálgico que ajudam no contar da história. Nostálgico não só pelo romance da juventude como pela cultura da época. Desde as músicas até os roupas. Nesse ode de décadas passadas vemos Eduardo crescendo e Mônica amadurecendo.
O casal do título é o que carrega o filme. Quando o filme foca na vida de Mônica nos seus dramas e preocupações a obra tem mais urgência do que no romance do casal, até mesmo mais energia. A culpa não é dos atores que cumprem mais que bem seus papéis. Especialmente Alice Braga, veterana do cinema nacional que consegue convencer qualquer um de qualquer coisa.
Por mais que Gabriel Leone funcione bem no papel a personagem de Eduardo não justifica aquele casal. Monica é muito mais interessante que Eduardo. A própria obra perde um pouco de energia quando acompanha a trajetória de Eduardo. Enquanto Mônica está tentando se estabelecer na sua carreira e teme seguir exatamente os passos de sua mãe, Eduardo tem problemas para estudar.
Não só a vida do Eduardo não é tão bem construída como a representação da mesma. O filme acerta em deixar a história ser guiada pela Alice Braga mas peca em enfraquecer o casal. A atriz em momentos sutis da obra parece trazer à tona sua própria narrativa o que traz mais força ao filme.
Nisso tudo fico me perguntando como eles se apaixonaram, qual a atração dos dois. Parece às vezes que a música tema que acaba forçando essa relação pra acontecer e não necessariamente uma paixão entre aquelas pessoas. O roteiro não convence tanto como surge esse casal ou seus encontros. A melhor parte do filme acaba sendo a trajetória de Mônica até certo ponto. Suas transformações em sua vida familiar e em sua carreira.
A trilha sonora do filme é um compilado de grandes clássicos da década ao ponto de haver até uma interpretação de um clássico dos anos 80 por uma das personagens. Existe também um aspecto meta no filme quando as personagens escutam e dançam ao som da própria música tema do filme.
É um ponto forte que tudo quase se traduz com o ritmo da música. Tudo isso torna não só uma celebração do casal do título como uma homenagem pra uma música muito boa. Diz muito sobre a força narrativa das letras de Renato Russo considerando a longevidade que mantém no decorrer do tempo.
O filme não me convence tanto porque não consigo ver como Mônica se apaixonou por Eduardo. Não sei se a gentileza do rapaz é o suficiente pra terem um grande amor. A vitalidade da vida de Mônica sobressai demais a rotina de Eduardo. Mesmo assim o filme funciona no que se propõe. É mais gostoso assistir aquelas pessoas crescendo do que se amando. No fim fica um romance despretensioso com um toque nostálgico aos anos 80.
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Avaliação: Bom!
Créditos:
Texto: Andre Ramos
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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