Ultimato do Bacon

Creed II – O Ultimato

Em 24 de Jan de 2019 5 minutos de leitura

Creed II

Ano: 2018

Distribuição: Warner Bros.

Estreia: 24 de Janeiro (Brasil)

Roteiro: Cheo Hodari Coker, Sascha Penn (história); Ryan Coogler (personagens); Sylvester Stallone e Juel Taylor (roteiro)

Diretor: Steven Caple Jr.

Duração: 130 minutos

Elenco:  Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Dolph Lundgren, Phylicia Rashad, Florian Munteanu, Brigitte Nielsen

Sinopse: "A vida se tornou um ato de equilíbrio para Adonis Creed. Entre obrigações pessoais e treinamento para a próxima grande luta, ele encara o desafio de sua vida. Enfrentar um adversário com laços com o passado de sua família só intensifica sua batalha iminente no ringue. Rocky Balboa está lá ao seu lado e, juntos, Rocky e Adonis vão confrontar o legado que compartilham, questionar por que vale a pena lutar e descobrir que nada é mais importante que a família. Creed II é sobre voltar ao básico para redescobrir o que fez de você um campeão e lembrar que não importa para onde você vá, você não pode escapar da sua história.”

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Creed II confirma o estilo estabelecido no primeiro filme e entrega um dos melhores filmes da franquia Rocky

Steven Caple Jr. mantém muito da pegada de Ryan Coogler e Michael B. Jordan novamente impressiona no longa que estreia hoje, 24 de janeiro, nos cinemas nacionais

Por Alexandre Baptista

 

Os filhos da década perdida tinham alguns personagens queridos e heróis. Ayrton Senna, Xuxa, G.I. Joe, Thundercats, Transformers, Michael Jackson e muitos outros. Entre eles, Sylvester Stallone e seus personagens, especialmente aqueles dos filmes de ação, como Rambo, Falcão, Cobra, Dredd e… Rocky Balboa. Sim, o pugilista do drama esportivo de 1976 ganhou conotações de filme de ação em suas sequências, sendo Rocky IV (1985) a epítome do estilo criado: caracterizações estereotipadas dos inimigos russos (estamos falando da reta final da Guerra Fria); desejos de vingança e mortes trágicas; lutas de boxe que continham chutes e cotoveladas; nacionalismo estadunidense e o paternalismo deles com o resto do mundo. Exemplo? A luta final de Rocky neste filme, contra Ivan Drago (Dolph Lundgren): realizada no dia de Natal na Russia, motivada pela morte de Apollo Creed no ringue, que termina não somente com a vitória e vingança de Rocky sobre Drago, mas com um discurso que segue:

“Eu vim aqui esta noite e não sabia o que iria acontecer. Vi muita gente que me odiava e não sabia o que pensar sobre isto, mas igualmente eu não gostava de vocês. Durante o combate muita coisa mudou. Mudou o que vocês sentiam por mim e o que eu sentia por vocês. No ringue haviam dois homens se matando, mas dois homens ainda é bem melhor do que 20 milhões. O que eu tento dizer é, que se eu posso mudar e vocês também podem mudar, então todos podem mudar!”, Rocky explicando para a União Soviética que não há sentido na Guerra Fria.

Creed (2015) por sua vez é um filme totalmente diferente, como já mencionei antes. As qualidades que o ótimo roteiro de Ryan Coogler e, indiscutivelmente, sua direção imprimem no longa, trazem à tona os primeiros rumos do original de 1976: mais artístico, mais poético, mais oscarizável e, sem dúvida, muito mais filme.

Foi com essa dualidade que entrei para conferir Creed II, dirigido desta vez por Steven Caple Jr., trazendo de volta o personagem de Dolph Ludgren, a máquina mortífera Ivan Drago, numa revanche-vingança liderada por seu filho Viktor Drago (Florian Munteanu), buscando a redenção pela derrota sofrida no Natal de 1985. Se por um lado temos Michael B. Jordan, Stallone e Tessa Thompson reprisando as ótimas interpretações do filme anterior, por outro lado não teríamos a direção cada vez mais impressionante de Coogler. O roteiro de Cheo Hodari Coker e Sascha Penn era uma incógnita e a chance de vermos a bela obra de Creed degringolar para um pastiche do meio dos anos 80 era grande.

 

Sylvester Stallone, o eterno Rocky Balboa e Michael B. Jordan como Adonis Creed: legado.


 

Por sorte, meu medo era infundado. Logo nos primeiros minutos do filme, a sensação é de que Creed II é parte da versão estendida de Creed. Vendo ambos os filmes em sequência, tem-se a impressão de que o filme “voltou dos comerciais”. A cinematografia e a produção são cuidadosas e presam por manter as características tão elogiadas do filme de Coogler.

Assim como no primeiro longa, o roteiro consegue acertar inclusive na representação dos pugilistas russos, que agora vivem na Ucrânia: a narrativa dá conta de, sutilmente, desfazer aquela representação estereotipada, apresentando em pequenas cenas a dinâmica pessoal dos Drago e sua família. A ex-esposa de Drago (interpretada por Brigitte Nielsen) vinda de família rica, é frívola e fútil e Ivan, um homem simples e sem muita educação formal, obcecado por sua aprovação e totalmente dedicado ao esporte e às competições. Um estereótipo talvez, mas não um que beira a xenofobia, maniqueísta e panfletário e sim um pessoal, que trabalha com superações emocionais internas e amadurecimento, universal. Outra marca que vem sendo batida e bem representada desde o primeiro filme é a rivalidade fabricada e o “show” que se tornaram características do boxe: muitas provocações e declarações, embora acabem atingindo psicologicamente o adversário, são nada mais que estratégias friamente calculadas para dar audiência e notoriedade para a luta.

 

Ivan Drago (Lundgren) e seu filho Viktor (Munteanu): a obsessão que só quem compete e dedica uma vida ao esporte, conhece.


 

A trilha sonora é um dos pontos mais altos do longa, mesclando composições atuais (como fez em sua época Eye of the Tiger em Rocky III) e composições inspiradas na trilha clássica de 1976, estrategicamente colocadas para pontuar remissões do roteiro ou paralelismos que emocionam os fãs mais ferrenhos às lágrimas. E não são aquelas lágrimas sorrateiras e solitárias… é sim, um choro quase convulsivo.

A direção de Caple Jr. é sólida e acerta bastante, não sendo no entanto tão artística e poética quanto a de Ryan Coogler. Nota-se essa diferença, sendo Creed II um longa com maior apelo comercial e um ritmo mais previsível. No entanto, tratando-se do estabelecimento de uma nova franquia e, considerando a ainda forte carga dramática presente no filme, talvez tenha sido a melhor escolha nesse momento de reconstrução.

Michael B. Jordan novamente dá um show de atuação como Adonis “Hollywood” Johnson Creed e sua interação com o restante do elenco traz uma verdade para as cenas que agrega espetacularmente. O ator faz com que o público se identifique de tal maneira com seu personagem que a sensação é de estarmos na presença de um amigo próximo, conhecido e querido por todos. Uma sensação indispensável quando se está retratando um “herói” popular, uma figura pública querida e idolatrada por todos. O restante do elenco está impecável e até mesmo Dolph Lundgren entrega mais profundidade dramática do que estamos acostumados a receber dele.

O novo longa tem mais fan service que o primeiro, feito de uma maneira muito inteligente. Não espere o óbvio. Sabiamente, a trama não faz nenhuma das coisas esperadas pelos velhos fãs; mas ao mesmo tempo, não deixa de fazer; faz algo além e melhor do que o esperado e é uma pena que este texto não tenha spoilers, porque minha vontade aqui era discutir tudo o que acontece nesse filme… Para quem acompanhou Rocky Balboa desde o anonimato e a criação do apelido Garanhão Italiano; seu pedido de casamento tosco, bruto e mal articulado a Adrian; a luta contra Apollo; a luta contra Clubber Lang; a morte de Mick; a morte de Apollo; os processos legais e a perda do dinheiro e da fama; a morte de Adrian; a morte de Paulie; a cisão com seu filho… o certo seria discutir a genialidade do roteiro ao traçar grandes paralelos com toda essa saga; enumerar todas as vezes em que a cena, a trilha sonora e a interpretação magistral de Jordan e Stallone remetem a pontos focais da história do personagem.

Mas, para não estragar a surpresa de ninguém durante o filme, digo somente que Creed II desliza um pouco onde Creed acertou, mas faz coisas que o primeiro não fez. Especialmente na cena metalinguística em que Rocky “passa o bastão” a Adonis, entregando a franquia ao novo ator, algo já antecipado e esperado pelo público, mas que carecia de um “momento especial” nas telas. Na somatória, são filmes complementares, capítulos de uma franquia que titubeou muito, oscilou bastante, foi pra lona e levou o knockdown mas que parece finalmente ter se levantado e estar pronta para segurar essa luta nas bilheterias até o último round.

 

 

Avaliação: Ótimo!

 

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Trailer

 

 


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