“Sonhos são apenas sonhos”, essa citação da personagem Lorena presente na parte de trás da HQ levanta a questão que será um dos temas centrais de Reflexo de Rodolfo Santullo e Jok, afinal, será que sonhos são apenas sonhos ou será possível que eles possam significar algo muito mais sombrio.
Num futuro próximo, a humanidade deu largos passos, criando carros voadores e androides, porém, longe de utópico, o futuro parece mais sombrio do que nunca. O crime e corrupção ainda correm soltos pela cidade.
Reflexo de Rodolfo Santullo e Jok chegou ao Brasil em março de 2020 pela Red Dragon Publisher, em uma edição de 88 páginas, capa cartão em P&B.
Dica para o leitor: Se você quiser conhecer outras grandes obras do incrível Jok, confira nossos reviews sobre A Lenda de Merlin O Início e Quarenta Caixões – ambos frutos da parceria de Jok e Santullo!
Qual é a trama de Reflexo de Rodolfo Santullo e Jok
Quando um policial é encontrado morto com um ferimento de facão, seu antigo parceiro se recusa a acreditar que se trata de uma queima de arquivo de um tira que se tornou corrupto.
Walsh tem aquela famosa intuição do policial durão que sabe que o sistema só pode fazer uma parte do trabalho e está disposto a dobrar um pouco das regras para conseguir trazer a verdade à tona, mesmo que isso o coloque contra toda a força policial.
Enquanto isso, uma outra policial, Lorena Baffo enfrenta um dilema bem diferente: ela testemunhou esse assassinato. Como? Ela sonhou com isso. Mais do que sonhar, ao ver o reflexo da assassina, ela viu seu próprio rosto. Mas ela acordou na própria cama. Então, qual é seu papel nessa trama toda? Será que ela é a assassina, ou será que ela tem poderes de premonição?
Cada um à sua maneira, Lorena e Walsh vão mergulhando mais fundo nesse misterioso assassinato. Enquanto o policial veterano começa a descobrir o tipo de encrenca em que seu parceiro estava envolvido e como isso tudo se conecta com uma grande corporação, a jovem se vê forçada a confrontar o próprio passado e presente, para entender exatamente como ela foi tragada para o meio dessa trama sinistra. Tudo isso enquanto os corpos continuam se acumulando pelo caminho.
A arte de Jok dá um tom único a trama. Com a história se desenvolvendo em 2078, era de se esperar um visual bem futurista para a trama, porem sua arte em preto e branco evoca um tom noir para a trama. Não vemos os cenários majestosos do futuro voador ou tons apocalípticos.
Algo como a Gotham de Coringa misturada com a Gotham vista em Batman Beyond. Já o roteiro de Santullo traz uma história com muitos atrativos, enquanto cada um dos protagonistas navega o mundo de 2078 a sua maneira.
Talvez o principal ponto fraco da HQ seja sua duração. Ainda que tenha 88 páginas, a história parece breve demais para que o leitor se sinta imergido completamente na trama. O mundo de 2078 é apenas uma ferramenta para justificar algumas escolhas de roteiro que precisam derivar do futuro.
Enquanto investiga, Walsh bate em diversas portas que se abrem apenas o suficiente para vislumbrarmos os segredos que elas poderiam conter, impedindo uma visão completa do que esse futuro poderia esconder.
Alguns clichês acabam não se diluindo o bastante para que a originalidade da trama se destaque. Em mais algumas páginas, ou talvez até um segundo volume poderia trazer muito mais profundidade para os personagens e aumentar o impacto da revelação por trás da trama.
No fim das contas, a história é bem cativante, afinal, se eu me senti frustrado por querer um pouco mais, significa que eu me envolvi o bastante para querer continuar naquele ponto. A combinação da trama de Santullo e a arte de Jok continuam trazendo uma boa diversão para os leitores que desejem dar uma chance a novos materiais.
Confira também nossas matérias sobre Quarenta Caixões de Jok e Santullo, A Lenda de Merlin O Início de Jok e Santullo e Controle de Pragas de Max Aguirre e Jok.
Créditos:
Texto: João Pedro Maia – JP
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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