O que aconteceria se duas divindades resolvessem tirar férias na Terra (mais especificamente no Japão)? O mangá Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura, Saint Onii-san no original, aborda essa premissa inusitada que mostra Jesus e Buda tirando férias no Japão e dividindo um apartamento.
A obra, que é respeitosa em suas colocações e “pega leve” nas brincadeiras, abusa do bom humor e coloca as duas divindades amigas vivendo situações cômicas por conta de suas identidades e poderes.
Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura começou a ser publicado em 2006 e conta com mais de 19 volumes – e segue sendo publicado no Japão. A editora NewPop lançou a primeira edição no Brasil em 2022.
Se você tem medo de mangás longos (como eu!) fique tranquilo: as histórias se fecham muito bem em cada edição e você não fica com uma história “incompleta” caso acompanhe apenas alguns volumes.
Dica para o leitor: Se você curte mangás com premissas diferentes, não deixe de conferir nossa lista de Mangás Inusitados que Você Precisa Conhecer!
E se a premissa de divindades te atrai, a HQ O Retorno do Messias de Mark Russell pode ser uma boa pedida ao lado de Buda de Osamu Tezuka e do quadrinho nacional Yeshua Absoluto de Laudo Ferreira!
Muitas piadas envolvendo mangás aparecem na obra Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura
A Trama de Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura
Após a virada do milênio, duas divindades decidem descansar por um tempo na Terra. As duas divindades em questão, Jesus e Buda, alugam e dividem um apartamento em Tóquio de maneira anônima enquanto “passam férias”.
E caso ainda restem dúvidas: sim, é O Jesus e O Buda – as figuras religiosas mesmo! A trama mostra o dia a dia dos dois amigos que só querem descansar um pouco e aproveitar as coisas boas do nosso plano terrestre.
A abordagem da história e o tom do mangá são completamente cômicos. A ideia aqui é divertir colocando Jesus e Buda em situações terrenas que são modificadas ora pela ingenuidade e desconhecimento dos dois ora pelos seus “poderes” que se manifestam em momentos inapropriados.
Em dado ponto do mangá Jesus acidentalmente separa a água da piscina de um clube – o que causa alguns questionamentos! Já Buda acaba “brilhando” em alguns momentos inconvenientes, como em uma parada de um parque estilo Disney!
Jesus tem seu visual comparado ao de Johnny Depp no mangá Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura
A obra é repleta de referências religiosas que são bem utilizadas com foco em gerar trocadilhos e situações que divertem pela estranheza. Mas além das referências cômicas temos também muitas referências aos mangás!
Buda, em dado ponto, vira fã de Osamu Tezuka por conta da obra do autor que tem o título da divindade. Isso faz com que ele se torne um colecionador e vemos o personagem tendo comportamentos habituais de colecionadores de quadrinhos – como comprar edições diferentes da mesma história por conta de acabamento (uma das situações mais engraçadas do primeiro volume na minha opinião!)
No campo das referências de mangá, ainda temos uma brincadeira com o mangá Death Note – que também mexe com a noção de divindade.
A obra me pareceu muito cuidadosa em não ofender as pessoas que seguem uma das duas religiões e as conversas entre os personagens podem se tornar muito filosóficas para aqueles que entendem as referências e estão dispostos a ir além dos “trocadilhos iniciais”.
Pegar o metrô lotado é uma das situações abordadas no mangá Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura
Uma pergunta que muitos se fazem quando veem quão longo o mangá é: a leitura se sustenta durante 19 edições ou mais? Depende do quanto você se afeiçoou às representações de Jesus e Buda da obra.
Se você realmente gostou, ela funciona bem e se mantém divertida e irreverente. Se foi mais uma leitura movida pela curiosidade, 3 ou 4 edições serão o suficiente para te satisfazer e vale lembrar que as tramas são – em sua grande maioria – episódicas e isso quer dizer que você pode interromper a leitura sem grandes prejuízos ou pontas soltas que realmente incomodam.
Jovens Sagrados de Hikaru Nakamura é um mangá que chama a atenção pela premissa diferenciada. A execução da mangaká é extremamente cuidadosa e suas situações cômicas e brincadeiras mostram um conhecimento considerável sobre as duas religiões, o que ajudou (na minha opinião) para fazer com que a obra não se tornasse ofensiva para ninguém.
Os que se aventurarem na trama e embarcarem na ideia irão, certamente, se divertir.
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Créditos:
Texto: Lucas Souza
Imagens: Reprodução
Edição: Diego Brisse
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