Ultimato do Bacon

Conheça a Saga do Batman

Em 10 de Jun de 2021 4 minutos de leitura

Fãs do Morcego, alegrem-se! A Editora Panini Comics Brasil acaba de lançar a Saga do Batman – Vol. 01, trazendo material clássico do Homem-Morcego escrito na década de 1980, mais precisamente após o final da Crise nas Infinitas Terras – o encadernado vem com histórias originais de Batman e Detective Comics publicadas nos EUA a partir dos roteiros de Mike W. Barr (Batman – O Filho do Demônio, Batman Ano Dois, Renegados), Alan Moore (Watchmen, Liga Extraordinária, Monstro do Pântano) e Max Allan Colins (Estrada Para Perdição).

Uma época que privilegiava aventura e investigação, longe deste Homem-Morcego atual e imbatível (por vezes, um deus) e sem envolvimento direto em crises multiversais. Será que a leitura deste material é boa, vale a pena ler? Vamos dar uma olhada no conteúdo deste primeiro encadernado.

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Índice

Saga do Batman – O Início da jornada

As histórias deste volume apresentam um clima de suspense, começando com o surgimento do ex-policial Tommy Carma que, tanto idolatrava o Batman chegou ao ponto de pensar que era o próprio Homem-Morcego. No entanto, cometia atos mais violentos ou cruéis que o Batman e ultrapassou os limites tênues da justiça, agindo como um anti-herói.

A brutalidade e métodos nada ortodoxos de Carma despertaram a atenção da máfia, que buscou dar um fim no policial – porém, foram sua esposa e filha os alvos atingidos, morrendo durante uma explosão de carro. A situação traumatizou Carma a ponto de fazê-lo deixar a polícia para agir segundo seu próprio código de justiça. Vestindo capa e capuz, Carma anda pelas ruas de Gotham City combatendo o crime numa visão distorcida da luta contra os malfeitores (como se o Batman já não fosse louco o suficiente).

conheça a saga do batmanTommy Carma incorpora o papel de um certo justiceiro social que anda pelas ruas da cidade, julgando quem ele ache ser um perigo para a sociedade

O roteiro está nas mãos de Max Allan Collins e é um trabalho curioso por apresentar um personagem que consegue ser mais agressivo do que o Batman original e traz em seu escopo reflexões relevantes sobre o papel dos indivíduos na sociedade e como os fins (nem sempre) justificam os meios. Numa cidade como Gotham, que carece de proteção e segurança, perceber que a corporação policial não zela a contento dos cidadãos faz com que cada um pense em maneiras de fazer justiça próprias, porém, com resultados ineficientes.

É nesta edição que também presenciamos o início da fase de Mike W. Barr em Detective Comics – o roteirista trabalhou na década de 1980 em obras icônicas, tais como: Batman – Ano Dois e a famosa Batman – Filho do Demônio (esta última, por sinal, responsável por trazer a ideia de um filho para o Homem-Morcego, fruto da relação com Tália Al Ghul e que, posteriormente, foi resgatada por Grant Morrison durante sua fase à frente das histórias do Morcego e culminou na criação do personagem Damian Wayne).

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Banner Suenero UB

A dupla dinâmica, a Gata e os vilões

Voltando às histórias do encadernado, as tramas são focadas na interação da dupla dinâmica e uma recém regenerada Mulher-Gato ajudando os heróis a combater o alucinado Coringa, o Príncipe Palhaço do Crime. Também temos a oportunidade de ver Jason Todd iniciando sua carreira como Robin, bem antes de ser morto pelas mãos do Coringa, ressuscitar décadas depois por meio de um Poço de Lázaro e assumir a alcunha de Capuz Vermelho. Ele é o segundo personagem a assumir o manto de Menino-Prodígio, quando Dick Grayson deixou a Batcaverna para se aventurar com o Novos Titãs.

A parceria entre Batman, Robin e Mulher-Gato

Na história seguinte, é a vez do Espantalho dar as caras, o mestre do medo vem com a apresentação de suas origens – um professor de Psicologia que trabalha com os receios e fobias dos indivíduos – numa história emblemática. Torna-se instigante perceber que, diante das ações do vilão, suas cobaias apresentam inversamente sintomas de adrenalina que os fazem ter mais ousadia diante do perigo (é uma pegada interessante, afinal, está-se acostumado a ver o próprio medo encarnado nos olhos daqueles que sucumbem diante dos gases tóxicos expostos por Jonathan Crane).

As duas últimas histórias deste volume apresentam os clássicos vilões Cara-de-Barro e Pinguim. Na primeira, assinada por ninguém menos que Alan Moore, o interessante é perceber como o autor utiliza o vilão de argila para oferecer ao leitor uma perspectiva de loucura, sofrimento e solidão – aliás, é uma leitura densa que apresenta certas camadas mundanas que o ser humano carrega dentro de si. Moore gosta de trabalhar os aspectos grotescos dos quadrinhos (vide Neonomicon e Providence) no intuito de refletir sobre as condições e vicissitudes humanas mais íntimas.

Coringa, Espantalho, Cara-de-Barro e Pinguim na Saga do Batman

Por fim, Pinguim surge para fechar o encadernado com uma história sobre o poder do amor e a redenção – será que os brutos também amam? A história é mediana, não oferece uma trama mirabolante ou rocambolesca, busca apenas retratar uma faceta mais gentil (!?!) do vilão narigudo e sua grande paixão.

Uma saga que vale a pena ser lida   

A Saga do Batman é um bom encadernado, pois apela para o saudosismo dos leitores mais velhos trazendo um resgate histórico do personagem, seus coadjuvantes, vilões e a própria cidade de Gotham (algo que, para quem é antigo fã, irá relembrar alguns momentos icônicos desta época). Por outro lado, é a chance para novos leitores perceberem a construção da mitologia do Morcego que, em meados de 1986 já vinha caminhando por histórias que fariam ecos até os dias de hoje, em best-sellers como Cavaleiros das Trevas (Frank Miller) e A Piada Mortal (Alan Moore).

Numa época em que Batman estava com suas raízes inseridas em cenários urbanos e sua luta por redenção diante da morte de seus pais tomava cada vez mais fôlego, combatendo vilões que não eram megalomaníacos ou multiversais como atualmente se vê, as histórias do Homem-Morcego eram mais simples e voltadas para suas habilidades detetivescas centradas na análise de cenários mundanos e crimes comuns (nada de Batman Que Ri ou Novo Deus).

Claro, a ação também é destaque neste encadernado e isto é reforçado pelos desenhos de artistas consagrados do mainstream como Alan Davis, Norm Breyfogle, Jim Starlin, Denys Cowan e Curt Swan, que trazem um clima de suspense em determinados quadros e fazem com que o Morcego se destaque em cenários frios e soturnos.

Aguardem as próximas incursões nesta Saga do Batman, que promete trazer histórias icônicas e memoráveis do universo deste personagem tão peculiar.

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Créditos:
Texto:André “Brasuka” – @brasuka10 e @comunicafic 
Imagens: Reprodução
Edição: João Maia

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