Ultimato do Bacon

As Panteras (2019) – O Ultimato

Em 14 de Nov de 2019 4 minutos de leitura
As Panteras (Charlie's Angels)
Ano: 2019 Distribuição: Sony
Estreia: 14 de Novembro

Direção e Roteiro: Elizabeth Banks

História: Evan Spiliotopoulos, David Auburn

Duração: 118 Minutos  

Elenco: Kristen Stewart, Naomi Scott, Ella Balinska, Elizabeth Banks, Patrick Stewart, Djimon Hounsou, Jonathan Tucker

Sinopse: Nova adaptação cinematográfica da série policial Charlie's Angels, sucesso na década de 1970. Sabina Wilson (Kristen Stewart), Jane Kano (Ella Balinska) e Elena Houghlin (Naomi Scott) embarcam numa perigosa missão global, a fim de impedir que um novo programa de energia se torne uma ameaça para humanidade.

 

 

[tabby title=”Alexandre Baptista”]

Novo As Panteras assume as origens e apresenta as personagens com sucesso para a nova geração

Segundo longa dirigido por Elizabeth Banks estreia nesta quinta-feira, 14 de novembro, e deve agradar aos fãs da franquia

por Alexandre Baptista

 

As Panteras (Charlie’s Angels, 1976 – 1981) foi uma série de televisão que originalmente transmitida pela emissora ABC nos EUA no final dos anos 70. Com 115 episódios e 5 temporadas, estrelava originalmente Farrah Fawcett, Kate Jackson e Jaclyn Smith nos papéis das três panteras titulares. Ao longo dos anos, com a saída de Fawcett e, mais tarde, de Jackson da série, outros nomes foram agregados ao elenco como Cheryl Ladd e Shelley Hack.

Em 2000, o clipeiro McG dirigiu uma adaptação inspirada na série para os cinemas com o mesmo título, com Lucy Liu, Drew Barrymore e Cameron Diaz nos papéis principais, sendo muito bem recebida pela geração daquela época. O longa ganhou uma continuação, As Panteras Detonando (Charlie’s Angels: Full Throttle, 2003), com mesmo diretor e panteras principais.

Em 2011 houve uma tentativa de reboot da série, produzida por Drew Barrymore, que infelizmente não deu audiência e foi cancelada antes mesmo do final da primeira temporada.

É importante estabelecer esse pequeno histórico porque o novo As Panteras segue a fórmula da série original e dos filmes do começo dos anos 2000. A série clássica buscava algo na linha de espionagem e bugigangas tecnológicas, uma versão feminina de 007 por assim dizer; já os filmes utilizaram esses elementos, porém misturados a um estilo de comédia pastelão. E a "fórmula" do universo das Panteras está em algum lugar no meio disso tudo.

O roteiro de Banks, em cima da história de Evan Spiliotopoulos e David Auburn é batido e óbvio. Mas é aceitável que eles tenham buscado trilhar um caminho formulaico e seguro, uma vez que esta é a primeira assinatura dela no texto e a melhor credencial da dupla que criou a história seja o roteiro da versão live action de A Bela e a Fera (Beauty and The Beast, 2017) assinado por Spiliotopoulos que, convenhamos, já estava bastante pronto.

Ainda assim, a trama funciona melhor que o esperado e, embora a sensação de que estejamos vendo um filme das Panteras seja evidente, a mistura entre comédia e ação se dá de uma maneira bastante única, tornando o longa essencialmente diferente, tanto da série, quanto dos filmes anteriores.

Essa característica é tão presente que inspira, inclusive, uma piada simplesmente genial sobre gerações durante o filme, envolvendo O Homem de Alcatraz (Birdman of Alcatraz, 1962), Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance, 2014), Batman (1989), Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016) e seus respectivos protagonistas, Burt Lancaster, Michael Keaton e Ben Affleck.

A trilha sonora é bastante competente, repaginando e aproveitando bem o tema original de As Panteras da Spelding's Jazz Orchestra; no entanto a trilha musical é tão profusa que sufoca a composição incidental. Sobre a qualidade em si, basta dizer que uma música da Anitta é a primeira coisa que você vai ouvir no longa, musicalmente falando. Quem me conhece já sabe que nessa, o bacon saiu torrado, perdido e irrecuperável…

As demais músicas seguem esse estilo de club music e, apesar de realmente ter tirado um bacon por isso, sei que muitos da plateia estavam curtindo bastante as inserções musicais.

A direção de Banks é um tanto trivial. Funciona para o filme proposto, mas ainda tem sérios problemas a serem resolvidos para que a atriz chegue ao mesmo patamar de uma Patty Jenkins, por exemplo, na direção. Alguns pequenos momentos, no entanto, mostram que, com dedicação, ela pode estar num caminho de carreira muito acertado.

Um problema incômodo, no começo do filme, é o excesso de discurso panfletário não-objetivo. Após uma ótima cena de abertura que se passa no Rio de Janeiro – que já contém em si um discurso feminista fortíssimo e extremamente necessário e factível com a trama – há uma marcação alegórica, em forma de galeria, de mulheres em diversas funções e atividades de forma extremamente gratuita e desconexa. Menciono isso aqui porque a cena é absurdamente desnecessária e quem acompanha minhas críticas sabe que sou totalmente contra a falta de objetividade no cinema. 

Ainda que esta cena tenha o propósito de dizer “ei, esse filme é de mulheres, sobre mulheres, para mulheres”, a produção em si já faz isso ao longo da projeção, também o faz em seu desfecho, nos créditos – a diretora, roteirista e diretora Elizabeth Banks que o diga – e na cena pós-créditos. E isso sem contar com marketing lacrador que tem pipocado nas redes sociais (bastante divertido por sinal).

Por outro lado, uma grata surpresa que se contrapõe a isso é uma cena figurando o John Bosley de Patrick Stewart: em uma tacada genial de roteiro, Banks conseguiu posicionar seu filme oficialmente dentro de um “cânone compartilhado” com a série e os filmes anteriores. Um bacon recuperado com louvor.

O elenco é bastante bom e a química entre Kristen Stewart, Naomi Scott, Ella Balinska é muito interessante e divertida.

Scott representa tão bem o assoberbamento da novata que o espectador às vezes se pergunta se ela está perdida “no filme” ou “de verdade”; seja como for, funciona.

Balinska é totalmente crível no papel da durona de plantão e tem uma ótima presença como líder da equipe.

Stewart deveria buscar por mais papéis no estilo de Sabina Wilson. Embora a atriz já tenha demonstrado seu talento em outras produções além dos vampiros brilhantes, como Café Society (2016) e o vindouro Seberg (2019), é revigorante vê-la em um filme-pipoca com apelo ao grande público exercitando mais do que duas expressões faciais de desconforto. Uma grata surpresa.

Sobre o restante do elenco: Patrick Stewart, irretocável como sempre; Elizabeth Banks, excelente no papel; Djimon Hounsou, como sempre em blockbusters, poderia aparecer mais; e Jonathan Tucker, perfeito num papel “oh meu Deus, é o T-1000… mas, espera, o T-1000 não é o Robert Patrick?” e não somente pela semelhança física, mas pela representação dada a seu personagem.

De maneira geral, As Panteras é um bom filme, que respeita sua história anterior sem deixar de ser uma obra individual e contemporânea. Resta saber se é um filme que a nova geração quer de fato conferir.

Obs.: Não deixe de conferir as cenas que rolam durante os créditos finais. Além de divertidas, elas estão recheadas de participações especiais excelentes.

 

 

Avaliação: Bom

 

 

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